quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Missa ad Orientem em Tulsa


Visto em Oblatus

Porque
a missa é tão necessária e fundamental para nossa experiência católica, a liturgia é um tópico constante em nossas conversas. Esta é a razão pela qual, quando nos reunimos, nós tão frequentemente refletimos sobre as orações e as leituras, discutimos a homilia e – muito provavelmente – debatemos sobre a música. O elemento crítico nestas conversas é uma compreensão de que nós católicos rezamos do modo como o fazemos pelo que a Missa é: sacrifício de Cristo, oferecido sob os sinais sacramentais do pão e do vinho.

Se nossas conversas sobre a Missa irão “fazer algum sentido”, teremos então de entender uma verdade essencial: na Missa, Cristo une-se a nós enquanto Ele se oferece em sacrifício ao Pai pela Redenção do mundo. Nós podemos nos oferecer da mesma maneira n’Ele porque nos tornamos membros de seu Corpo pelo Batismo.

Também queremos recordar que todos os fiéis oferecem o Sacrifício Eucarístico como membros do Corpo de Cristo. É incorreto pensar que apenas os sacerdotes oferecem a Missa. Todos os fiéis compartilham da oferta, embora o sacerdote tenha uma papel próprio. Ele age “na pessoa de Cristo”, a histórica Cabeça do Corpo Místico, de modo a que na Missa é o inteiro Corpo de Cristo – Cabeça e membros – que realiza a oblação.

Olhando na mesma direção

Desde tempos antigos, a posição do sacerdote e do povo refletia esta compreensão da Missa, uma vez que o povo rezava, de pé ou de joelhos, no lugar que visivelmente correspondia ao Corpo de Nosso Senhor, enquanto o sacerdote no altar era o cabeça como a Cabeça. Formávamos o Cristo inteiro – Cabeça e membros – sacramentalmente, pelo Batismo, e visivelmente, por nossas posições e posturas. E o mais importante é que todos – celebrante e congregação – olhavam na mesma direção – uma vez que estavam unidos com Cristo no oferecimento ao Pai do único, irrepetível e agradável sacrifício de Cristo.

Quando estudamos as práticas litúrgicas mais antigas da Igreja, encontramos o padre e o povo olhando na mesma direção, normalmente em direção ao oriente, na expectativa de que quando Cristo voltar, Ele virá “do oriente”. Na Missa, a Igreja está em vigília, esperando aquela vinda. Esta posição singular é chamada ad orientem, que significa simplesmente “em direção ao oriente”.

Múltiplas vantagens

Padre e povo celebrando a Missa ad orientem foi a norma litúrgica por quase 18 séculos. Deve haver sólidas razões pelas quais a Igreja manteve esta posição por tanto tempo. E há!

Em primeiro lugar, a liturgia católica sempre manteve uma extraordinária adesão à Tradição Apostólica. Nós enxergamos a Missa, de fato a expressão litúrgica completa da vida da Igreja, como algo que recebemos dos Apóstolos e que nós, por nossa vez, devemos transmitir intacta (1 Cor 11, 23).

Em segundo lugar, a Igreja conservou esta singular posição em direção ao oriente porque de modo sublime revela a natureza da Missa. Mesmo alguém não-familiarizado coma Missa que refletisse sobre o fato de o celebrante e os fiéis estarem voltados para a mesma direção reconheceria que o padre age como cabeça do povo, compartilhando a única e mesma ação, que seria – ele perceberia com um pouco mais de reflexão – um ato de adoração.

Uma inovação com consequências imprevisíveis

Nos últimos quarenta anos, entretanto esta orientação compartilhada se perdeu; agora o sacerdote e o povo se acostumaram a olhar em direções opostas. O padre olha para o povo e o povo olha para o padre, ainda que a Oração Eucarística seja dirigida para o Pai e não para o povo. Esta inovação foi introduzida depois do Concílio Vaticano, em parte para ajudar o povo a compreender a ação litúrgica da Missa permitindo-lhes ver o que se realizava, e em parte como uma acomodação à cultura contemporânea onde se espera das pessoas que exercem autoridade que olhem diretamente para as pessoas às quais servem, como um professor que se senta atrás de sua mesa.

Infelizmente, esta mudança teve um vários efeitos imprevisíveis e majoritariamente negativos. (1) Em primeiro lugar porque foi uma séria ruptura com a antiga tradição da Igreja. (2) Em segundo lugar, deu a impressão de que o padre e o povo estão envolvidos numa conversa sobre Deus, mais que na adoração a Deus. (3) Em terceiro lugar, deu uma importância desordenada à personalidade do celebrante ao situá-lo numa espécie de palco litúrgico.

Resgatando o sagrado

Mesmo antes de sua eleição como sucessor de São Pedro, o Papa Bento nos tem conclamado a recorrer à antiga prática litúrgica da Igreja para recuperar um culto católico mais autêntico. Por esta razão, eu restaurei a venerável posição ad orientem quando celebro a Missa na Catedral.

Esta mudança não deve ser mal entendida como se o Bispo estivesse “dando as costas para os fiéis”, como se eu estivesse sendo indiferente ou hostil. Tal interpretação desconsidera que, olhando na mesma direção, a postura do celebrante e da congregação torna explícito o fato de que caminhamos juntos para Deus. Padre e povo estão juntos nesta peregrinação.

Seria um erro ver a recuperação desta antiga tradição como um simples “andar para trás”. O Papa Bento tem falado repetidamente da importância de se celebrar a Missa ad orientem, mas sua intenção não é encorajar os celebrantes a se tornarem “antiquários litúrgicos”. Na realidade, Sua santidade quer que descubramos o que sustenta esta antiga tradição e que a tornou viável por tantos séculos, a saber, a compreensão de que a Missa é primária e essencialmente o culto que Cristo ofereceu a seu Pai.

Tradução: OBLATVS

Fonte: Diocese of Tulsa


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