domingo, 29 de junho de 2014

O Papa Francisco muda o seu pálio pastoral, adota novamente o dos Arcebispos






Após exatamente 6 anos de Bento XVI restaurar o uso do pálio papal originado no século XII, o Papa Francisco decidiu voltar a usar o pálio igual aos dos Arcebispos Metropolitanos, que os Papas adotaram até Bento XVI, pois o antigo havia se perdido ao logo dos anos.


O pálio pastoral pontifício tradicional distingue-se pelo modelo e pelas 6 cruzes em cor vermelha, e não em preta, como o dos Arcebispos. Mas agora o Pontífice decidiu estar igual aos Arcebispos, mantendo, contudo, o secular costume dos 3 cravos espetados em 3 cruzes específicas, significando os pregos da crucifixão de Nosso Senhor.

Na imagem, o Papa Francisco interrompe a incensação do altar, ao início da Missa, e parte para incensar a imagem de Nossa Senhora, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, na Basílica Vaticana, 29 de junho de 2014.

© Imagem: VINCENZO PINTO/AFP/Getty Images


Fonte: Direto da Sacristia

E lá vai Francisco... o bispo vestido de branco, parece que é o papa.
E, pelo que deu para ver, lá vai Francisco mais uma vez sem a batina... Um papa e seus abusos litúrgicos, se ele pode...

sábado, 28 de junho de 2014



Dando sequência à minha dissertação de mestrado que virou livro pelo Selo Cultura Acadêmica, da UNESP, podendo ser baixado gratuitamente pelo link: http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=140concluí meu doutorado, no qual retomei vários textos já publicados no livro acima citado para ampliar o estudo sobre o Vaticano II e a crise recente da Igreja, a tentativa de solução por parte de Bento XVI, até a sua renúncia. A UNESP disponibiliza o acesso à tese pelo link a seguir: http://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/tese_juliano-alves-dias_et-veritas-liberabit-vos.pdf
Aos interessados, espero que apreciem.

Francisco: a interrogação

Faz já algum tempo, o jornal O Povo, de Fortaleza, solicitou-me algumas linhas sobre o papa Francisco. Bem eu o fiz, foi o único artigo não laudatório da coletânea que o jornal se propôs. Reproduzo-o abaixo.

Para o historiador e professor Juliano Alves Dias, o papa ainda não disse a que veio. Mas uma coisa é certa: embora digam que ele se opõe a Bento XVI, Francisco ainda não negou a tradição proposta por Ratzinger


Juliano Alves Dias
Especial para O POVO


Definir o papa Francisco e seu significado para a história recente da Igreja Católica não é fácil, ainda mais com tão pouco tempo de pontificado. Não são raros aqueles que tentam ver uma oposição de pensamento e ação entre ele e seu predecessor, Bento XVI (2005-2013). E muitos são aqueles que buscam se apropriar da imagem papal ou mesmo construí-la sob seus interesses para justificar pensamentos pessoais ou de grupo.

O pontificado de Bento XVI pode ser encarado como uma tentativa de reparar uma linha histórica que parecia ter sido rompida com o Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). Ratzinger participara do Concílio e, como papa, procurou criar uma “Hermenêutica da Continuidade” em relação ao mesmo, uma interpretação do Vaticano II que o colocaria como uma continuidade com o período precedente e não como uma ruptura.

Frente a isso, Bento XVI favoreceu certos agrupamentos conservadores, inclusive alguns em situação irregular, como é o caso da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Os efeitos foram os mais diversos e os grupos progressistas começaram a demonstrar descontentamento. Alegando cansaço físico e espiritual, Bento XVI renunciou em meio a uma crise na Igreja com o vazamento de documentos do Vaticano, escândalos de pedofilia, bem como, corrupção no IOR, que funciona como um banco do Vaticano.

Um novo Conclave é então realizado e, como sucessor de Bento XVI, é eleito o cardeal jesuíta, de nacionalidade argentina, Bergoglio, que assume o nome de Francisco. O mesmo, pouco após a fumaça branca tomar os céus da Praça de São Pedro, sai para abençoar o povo, mas antes pede sua benção. Seu estilo imediatamente contrasta com o do antecessor, aparentemente surgira já ali uma mudança de curso e discurso para a Igreja Católica.

São retomadas notícias que teriam vazado sobre o Conclave de 2005 que elegera Ratzinger e fizera Bergoglio como candidato de oposição, ficando este em segundo lugar. Agora, com a saída de Bento XVI, Bergoglio se torna o papa. Estes dados, por segredo pontifício deveriam ser sigilosos, portanto, não são oficiais; mas é notória uma discrepância, ao menos no estilo entre estes dois papas, e a tentativa de apropriação de sua imagem por aqueles grupos que não aceitavam as ações de Bento XVI.

Ratzinger foi identificado com a tradição católica, fato expresso, de modo singular, em seu estilo sóbrio nas celebrações litúrgicas e homílias de forte embasamento teológico. Bergoglio, até o momento, tem falado de forma mais simples, numa linguagem mais popular. Muitos de seus pronunciamentos evitam temas polêmicos tais como o aborto, a união entre homossexuais etc., elemento que parece agradar os mais liberais e que têm silenciado um pouco a aversão à Igreja.

E é neste aspecto que muitos querem enxergar Francisco como oposição à Bento XVI. Seu estilo pessoal, que lembra um simples padre de paróquia, parece ignorar o que se exige de um papa que deve lidar com o mundo e os mais diversos interesses. Ainda é cedo para se qualificar o pontificado de Francisco, as primeiras impressões são de contraste, mas este papa não negou, ao menos até agora, a tradição e a hermenêutica da continuidade proposta por Ratzinger.

Bento XVI ainda vive, sua memória ainda é recente, as mudanças com as quais Francisco é identificado são teorias e especulações. Se elas se concretizarão não se pode afirmar com veemência, mas é certo que mais uma vez a Roda da Fortuna girou na Igreja, enquanto um setor cai o outro pode ascender e as identidades da Igreja e de seu papa continuam sem uma definição clara, diluída em meio aos interesses de diversos setores.

Francisco assume a nau de Pedro em meio a conflitos internos na instituição eclesiástica. Ao mesmo tempo em que reafirma princípios dogmáticos e se exime de assuntos polêmicos, não confere preferência declarada a nenhum grupo. Sua imagem como papa ainda está sendo construída e permanece cercada pelas brumas do desconhecido no que tange à renúncia de Bento XVI e aos bastidores do Conclave que o elegeu. Francisco ainda é uma interrogação.

Juliano Alves Dias é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Escreveu o livro Sacrificium Laudis, publicado pela Unesp, analisando a continuidade de Bento XVI e o retorno do catolicismo tradicional.
Link da Publicação: O POVOIGREJA CATÓLICA 21/12/2013 - 17h00

A impressionante cara de pau de Braz de Aviz

Tenha a santa paciência!
Comecei a crer que a expressão "esquerda caviar", usada na política brasileira para designar os marxistas que afirmam lutar pelos pobres, mas que nunca deixam a vida privilegiada da classe média-alta, é aplicável também aos clérigos. E por que não seria, não é mesmo? Temos hoje uma "esquerda caviar de sacristia", que se pinta de humilde, mas que não deixa seus luxos, que se faz de pastor, mas é a primeira a cravar os dentes na jugular da ovelha.

Eis que para espanto geral da nação o cardeal Braz de Aviz lança um livro intitulado "Dalle periferie del mondo al Vaticano" (Das Periferias do mundo ao Vaticano).

É evidente que não li o livro, que se propõe biográfico e reflexivo ao mesmo tempo, mas li algumas linhas do entrevistador e co-autor Michele Zanzucchi. Na entrevista de Zanzucchi, é possível ver que o livro busca aproximar Braz de Aviz de Francisco, a começar pela capa que além do título sugestivo, baseado na expressão "periferia do mundo" muito usada por Francisco, traz o cardeal brasileiro com uma cruz peitoral de madeira e um vago olhar de piedade. Sem dúvida muito franciscano.

O livro também busca distanciar Braz de Aviz de Bento XVI, afirma Zanzucchi que o cardeal Brasileiro, no ano e meio que trabalhou junto ao papa alemão, só o viu duas vezes e que com Francisco a proximidade é muito maior. Afirma também que a investigação contras as freiras tresloucadas dos EUA estava longe do Papa (Bento XVI), dando a entender que Ratzinger não sabia o que estava acontecendo. Mas logo diz que com Francisco há uma colaboração maior, com o Papa pedindo ajuda o tempo todo aos seus cardeais.

Pela entrevista, pelo título do livro e pela sua capa, embora não o tenha lido, posso dizer que a peça é de um oportunismo exemplar! Zanzucchi tenta transformar o cardeal brasileiro numa espécie de sucessor natural de Francisco, afirmando que Braz de Aviz:  [é] um homem do povo, que está no meio do povo, nascido da comunidade, que vive na comunidade, que vive como um pastor em meio ao rebanho. Mesmo como cardeal é assim, e tem uma ligação especial com o papa.

Analisando o histórico biográfico do prelado, vemos que nunca viveu nas "periferias" do mundo, nem passou privações. É nativo do Paraná, um dos melhores estados pra se viver, e desde os 11 anos frequentou o seminário - o que lhe garantiu não só boa educação, mas comida na mesa todos os dias e roupas limpas. 

Estudou Filosofia na cidade de Curitiba no Seminário Maior Rainha dos Apóstolos e na cidade de Palmas, interior do Paraná. Concluída a Filosofia seguiu para Roma onde cursou a faculdade de Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana. Retornando ao Brasil foi ordenado padre por Dom Romeu Alberti na Catedral de Apucarana aos 26 de novembro de 1972. Durante seu sacerdócio exerceu alguns encargos pastorais: pároco de algumas paróquias; diretor espiritual e reitor do Seminário Maior de Apucarana(em 1984 e 1985) e de Londrina (em 1986 a 1988); diretor espiritual do Seminário do Ipiranga, em São Paulo; foi membro do Conselho de Presbíteros, do Colégio de Consultores e Coordenador geral de pastoral da Diocese de Apucarana. De 1989 a 1992 fez o doutorado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma. Nos anos de 1992 a 1994 foi reitor e professor de Teologia Dogmática no Instituto Paulo VI de Londrina e pároco da Catedral Nossa Senhora de Lourdes de Apucarana. (fonte)

Como se vê o cardeal nunca foi um padre de aldeia, um pároco de periferia ou favelas, nem mesmo missionário na amazônia. Pelo contrário, o agora cardeal ocupou basicamente cargos administrativos, sendo pároco apenas por 12 anos. Esse Braz de Aviz piedoso e próximo aos pobres só existe na ficção forçada de Zanzucchi. E se levamos o discurso do Papa Francisco a sério, devemos nos lembrar que o pontífice alertou aos novos bispos, em 2013, contra um modelo episcopal de “homens ambiciosos, esposos de uma Igreja à espera de outra mais bela, mais importante, mais rica". Braz de Aviz foi um bispo que claramente subiu na carreira, saindo de bispo auxiliar em Vitória, passando pela diocese de Ponta Grossa, pela Arquidiocese de Maringá, onde ficou apenas um ano, depois assumiu a Arquidiocese de Brasília antes de subir inesperada e inexplicavelmente para o Vaticano! É ou não é um exemplo de um "esposo de uma Igreja à espera de outra mais bela, mais importante, mais rica"? Zanzucchi tenta apresentar Braz de Aviz como próximo bispo de Roma.

Braz de Aviz não vem da "periferia do mundo", mas é um exemplo do bispo-príncipe que sempre trata a sua diocese como um feudo. Quem acompanhou seu episcopado em Brasília sabe do que ele é capaz quando é contrariado. Quando partiu para Roma vimos muitas demonstrações de alívio dos seus antigos diocesanos; entretanto é em Roma que o cardeal demonstrou a verdadeira face que nada se parece com a "pietá" da capa do livro de Zanzucchi.

Em Roma, Braz de Aviz participa do processo amais aviltante contra uma congregação realmente pobre, verdadeiramente humilde e que transpira o odor da ovelha de fato. Contra os Franciscanos da Imaculada o "piedoso" Braz de Aviz lançou toda a sua virulência. 

É algo típico da esquerda caviar, seja ela política ou eclesial, se disfarçar de algo que não é e mentir descaradamente sobre a sua história pregressa e seus objetivos futuros, tudo camuflado por uma aura de piedade e bom mocismo politicamente correto. É no gabinete do político ou no escritório do cardeal que se vê como as coisas realmente são. E não são nada bonitas.

Fonte: Blogonicvs