quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Papa faz nomeações para o Brasil

Quarta-feira, 30-12-09, o Santo Padre fez nomeações e elegeu novos bispos para o Brasil:

S. Exa. Dom Alberto Taveira Corrêa até hoje Arcebispo de Palmas (TO) como Arcebispo de Belém do Pará.

S. Exa. Dom Pedro Luiz Stringhini até então Bispo Auxiliar de São Paulo como Bispo de Franca (SP).

S. Exa. Dom Vicente Costa até hoje Bispo de Umuarama (PR) como Bispo de Jundiaí (SP).

Revmo. Pe. Waldemar Passini Dalbello até o momento Reitor do Seminário Interdiocesano de Goiânia (GO) como Bispo Auxiliar de Goiânia.

Revmo. Pe. Edmar Peron até o momento Reitor do Seminário Arquidiocesano Santíssima Trindade de Maringá (PR) como Bispo Auxiliar de São Paulo.

Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sobre a noção de “Tradição Viva”. Monsenhor Brunero Gherardini, Concilio Ecumenico Vaticano II: Un discorso da fare.


Até o Vaticano II, para esclarecer este ponto, o teólogo tinha a seu dispor uma elaboração bastante precisa do conceito de Tradição, da qual ele poderia extrair um argumento para avaliar adequadamente seu julgamento.

Já fiz alusão a esta elaboração na primeira parte do presente capítulo, considerando a Tradição a partir de vários pontos de vista, e qualificando-a de acordo com suas funções em apostólica, divino-apostólica, humano-apostólica, inerente, declarativa e constitutiva.

Agora, o Vaticano II, que fez uma exceção para a Tradição Apostólica – embora sem nunca apresentá-la com o significado doravante considerado como “tradicional” desta qualificação – sistematicamente ignorou todas as outras. Por outro lado, encontramos no Concílio uma qualificação diferente: Tradição viva, que discutirei posteriormente.

Somos confrontados com uma maneira de expressar que, ao procurar simplificar a mensagem, acaba tornando-a mais complicada por conta de uma linguagem muito genérica, seu emprego anfibológico e sua falta de especificidade. E não estou falando sobre o fato de que “viva” possa abrir as portas a todos os tipos de inovações que poderiam surgir ou germinar da velha planta.

[…]

Faço uma última observação acerca da assim chamada Tradição viva da Igreja. Aparentemente, é uma expressão irrepreensível, embora seja, de fato, ambígua. É irrepreensível porque a Igreja é uma realidade viva e a Tradição é sua própria vida. É ambígua porque permite a introdução de qualquer novidade na Igreja, mesmo as mais contra-indicadas, como expressão de sua vida.

Dei Verbum fala do Evangelho vivo¸ do Magistério vivo e da Tradição viva. Já esta enorme gama de usos não advoga em favor da univocidade do conceito.

No número 7, por exemplo, é dito que “para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores”.

No número 8, lemos que: “ o Espírito Santo – por quem ressoa a voz viva do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo, introduz os crentes na verdade plena”.

Em seguida, encontramos no número 10 a seguinte afirmação: “o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo (destaques meus) da Igreja”.

Pouco depois, no número 12, é recomendado como um dever que “não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura”, “tendo em conta a Tradição viva (destaques meus) de toda a Igreja”.

De todas estas afirmações nós vagamente percebemos uma certa analogia no uso do adjetivo “vivo”, mas seguramente não o seu verdadeiro significado, nem a razão de seu uso.

O que garante a vitalidade do Evangelho – sabemos bem – é o Evangelho: através dele ressoa a Palavra do Deus vivo, que é a própria Pessoa de Deus falando, e, portanto, a expressão de Sua própria vida. Que há também um Magistério é uma verdade de nossa fé, no sentido de que qualquer um na encargo do Magistério continua, graças à sucessão apostólica, a transmissão ininterrupta dos ensinamentos de Cristo e de Seus Apóstolos.

De fato, esta sucessão faz o ensinamento de Cristo e de Seus Apóstolos alcançar a Igreja em todo período de tempo, porque é um elemento vivo e vital da própria existência da Igreja. Por outro lado, o conceito de “Tradição viva” é mais nebuloso.

O texto conciliar não obriga a se ater apenas a ele, mas também à analogia da fé, i.e., o elo que liga numa recíproca interdependência cada uma das verdades reveladas e as torna uma unidade inseparável.

O objetivo desta dupla obrigação tende a transpassar os limites da palavra escrita, esta palavra vinda da Palavra viva, que constitui o início da Tradição eclesiástica.

Mas por que se diz viva? O Concílio não o diz, ou ao menos não com a clareza necessária. Provavelmente por causa da unidade – ao menos substancial (portanto, a continuidade) – entre o primeiro estágio da Tradição que é apostólico, os estágios seguintes, a começar com aquele que foi imediatamente pós-apostólico, descendo aos outros, relacionados com os grandes períodos históricos da Igreja, e finalmente até o presente estágio.

É provavelmente isso o que significa. Mas o silêncio sobre esta continuidade, infelizmente, também implica na ausência de qualquer certeza sobre a questão. “Vivo” podia certamente indicar uma ligação entre os vários estágios e evitar mais ou menos rupturas sérias, assim garantindo a continuidade viva e vital da Tradição. Mas o texto permanece calado sobre o assunto. Meramente afirma que a Tradição é viva.

Agora, não é suficiente declará-la viva para que ela realmente seja. A comunicação vital entre suas várias fases não deve apenas ser proclamada, deve primeiramente e antes de tudo ser provada, e de tal maneira que a prova coincida com a continuidade – ao mesmo substancial – de seus conteúdos com os das fases precedentes.

A Tradição é viva não quando se torna integrada a alguma novidade, mas quando descobrimos nela, ou deduzimos dela, algum novo aspecto que anteriormente escapava da atenção; ou quando alguma nova compreensão de seus conteúdos originais enriquece a vida presente da Igreja.


Esta vida não progride por solavancos ou saltos desconectados uns dos outros, mas pela linha principal do “quod semper, quod ubique, quod ab omnibus creditum est,” que o Vaticano I, seguindo os passos de Trento, expressou ao referir-se ao significado “quem tenuit ac tenet sancta Mater Ecclesia” (DS 1507 and 3007).

O “sempre”, o “em todo lugar” e o “por todos” não estão relacionados com uma identidade de palavras e portanto da afirmação como um todo, mas verdadeiramente com o significado que a Igreja, por meio de seu Magistério solene e ordinário, sempre sustentou, e ainda sustenta agora em suas declarações teológicas e dogmáticas.

O princípio da “Tradição viva” não foi objeto de qualquer discussão. Todavia, é suscetível de abrir o caminho a uma falsificação do depósito sagrado das verdades contidas na Tradição.

Numa atmosfera como esta que prevaleceu durante e depois do Vaticano II, quando apenas o que era novo parecia ser verdade, e quando esta novidade se apresentava sob os traços da cultura imanentista e fundamentalmente ateísta de nosso tempo, a doutrina de sempre não constituía mais que um vasto cemitério.

A Tradição permaneceu mortalmente ferida e agoniza ainda hoje (ao menos que já esteja morta) por causa das posições tomadas que eram radicalmente irreconciliáveis com seu passado. Então, não é suficiente defini-la como viva, se já não há mais nada de vivo nela.

A verdade é (e isso é grave) que falamos de Tradição viva apenas para endossar toda inovação apresentada como desenvolvimento natural das verdades oficialmente transmitidas e recebidas, mesmo que a inovação não tenha nada em comum com tais verdades e esteja bem longe de ser um novo germe do velho tronco.

Em verdade, a Tradição é viva apenas na medida em que é e continua a ser a mesma Tradição apostólica, que se reapresenta – inalterada – na e através da Tradição eclesiástica.

A primeira, antes, carrega consigo um significado passivo: é o que foi transmitido, igual a si mesma, inclusive em sua transmissão, porque o depósito deve ser mantido inalterado.

A última, pelo contrário, mostra um significado mais ativo enquanto órgão oficial que assegura a transmissão fiel do depósito e encontra, em seu fim, a justificativa para o adjetivo “vivo”.

Portanto, um dado que não tivesse suas raízes nos conteúdos transmitidos não seria um dado da Tradição viva, mesmo no caso – em si mesmo e per se­ – absurdo, em que este dado fosse oficialmente proposto.

Um exemplo grosseiro: nunca será possível que a teologia transcedental de Rahner seja declarada um elemento da Tradição viva, porque ela é, na realidade, sua tumba.

Algumas coisas no Concílio, e muitas coisas na era pós-concílio contribuíram para cavar esta sepultura.

A legitimidade do adjetivo “vivo” com respeito ao progresso no conhecimento que podemos ter da Tradição é inquestionável, como já dissemos. Neste caso, pertence ao campo do “progresso dogmático”.

Na verdade, o dever do Magistério da Igreja não é apenas reapresentar a Tradição Apostólica, mas também estudá-la a fundo, analisá-la, explicá-la.

O caráter vivo da Tradição é, portanto, manifestado não por avaliar o conteúdo apostólico em comparação com o nível e com os conteúdos da cultura desse ou daquele período histórico, mas pelo fato de que ele inicia uma transição de uma implícita para uma explícita afirmação dos conteúdos.

Em todo caso, a atual chamado para a Tradição viva pode ser resumido como um verdadeiro perigo para a fé de cada cristão e de cada comunidade cristã como um todo.

Monsenhor Brunero Gherardini – Concilio Ecumenico Vaticano II: Un discorso da fare.
Excertos do capítulo 5 – “Tradição no Concílio Vaticano II”.

Fonte: DICI

Visto em: Fratres in Unum

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

BENTO XVI: GRANDE RIQUEZA CULTURAL DA IDADE MÉDIA CRISTÃ, FONTE DE CRESCIMENTO E INSPIRAÇÃO PARA O MUNDO DE HOJE

Cidade do Vaticano, 29 dez (RV) - Bento XVI fará nesta quarta-feira, na Sala Paulo VI, no Vaticano, a última das 44 audiências gerais de 2009.

Após as primeiras audiências dedicadas a São Paulo, que concluiu o ciclo de 20 catequeses sobre o Apóstolo dos Gentios, o pontífice desenvolveu, nestes meses, a apresentação de grandes escritores da Igreja do Oriente e do Ocidente do tempo medieval.

Tratou-se de uma série de meditações que, sobretudo, ressaltaram a extraordinária e multiforme riqueza da Idade Média, para além dos fáceis estereótipos que etiquetam essa época sob o clichê de "idade das trevas".

As catedrais e as universidades, a teologia e a filosofia: a Idade Média é rica de luzes que iluminam a história e a cultura da Europa. Em 2009, Bento XVI fez uma fascinante viagem através de suas catequeses percorrendo a história medieval.

O pontífice recordou a renovação espiritual promovida pelos monges beneditinos, em particular os da Ordem de Cluny.

Ressaltou a preciosa contribuição que a experiência dos mosteiros deu para a formação da identidade européia, evocando o primado de Deus e favorecendo a promoção dos valores humanos e da paz.

O Santo Padre convidou a não se perder esse tesouro:

"Caros irmãos e irmãs, rezemos a fim de que todos aqueles que se interessam por um autêntico humanismo e pelo futuro da Europa saibam redescobrir, apreciar e defender o rico patrimônio cultural e religioso destes séculos." (Audiência geral de 11 de novembro de 2009)

Séculos nos quais despontam figuras extraordinárias como São Bernardo de Claraval, um dos grandes Doutores da Igreja. São Bernardo – explicou o papa – chama a atenção para as tentativas de "resolver as questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo somente com as forças da razão". Advertência mais do que nunca atual – observou Bento XVI:

"A fé é, sobretudo, encontro pessoal, íntimo com Jesus, é fazer experiência da sua proximidade, da sua amizade, do seu amor, e somente assim se aprende a conhecê-lo sempre mais, a amá-lo e segui-lo sempre mais. Que isso possa acontecer com cada um de nós!" (Audiência geral de 21 de outubro de 2009)

Outro grande pensador medieval a quem o pontífice dedicou uma catequese foi Santo Anselmo de Aosta. O monge beneditino, conhecido com o apelativo de "Doutor Magnífico" coloca sempre o seu pensamento a serviço da "contemplação de Deus". E ensina que a atividade do teólogo se desenvolve em três fases:

"A fé, dom gratuito de Deus a ser acolhido com humildade; a experiência, que consiste no encarnar a Palavra de Deus na própria existência cotidiana; e, por fim, o verdadeiro conhecimento, que jamais é fruto de raciocínios ascéticos, mas de uma intuição contemplativa." (Audiência geral de 23 de setembro de 2009)

O Santo Padre dedicou uma meditação sobre a teologia escolástica, fundada por Santo Anselmo, para indicar como também o homem de hoje precisa de um diálogo respeitoso entre fé e razão, de unidade e harmonia entre eles. E recordou que a teologia escolástica está ligada ao nascimento das primeiras universidades, outra grande "invenção" da Idade Média. De fato, falando sobre a teologia escolástica, o papa afirmou:

"A teologia escolástica recorda-nos que entre fé e razão existe uma amizade natural, fundada na mesma ordem da criação (...) A fé está aberta ao esforço de compreensão por parte da razão; a razão, por sua vez, reconhece que a fé não a mortifica, pelo contrário,a impele a horizontes mais amplos e elevados." (Audiência geral de 28 de outubro de 2009)

Mas a Idade Média é também a época em que o anúncio do Evangelho alcança os confins mais longínquos do mundo então conhecido. São protagonistas dessa bem-sucedida missão Cirilo e Metódio, apóstolos do Oriente cristão, evangelizadores dos povos eslavos. Eles são os precursores da inculturação – recordou Bento XVI:

"Efetivamente, Cirilo e Metódio constituem um exemplo clássico daquilo que hoje se indica com o termo "inculturação": todo povo deve receber em sua cultura a mensagem revelada e expressar a sua verdade salvífica com a linguagem que lhe é própria. Isso supõe um trabalho de "tradução" muito árduo, porque requer a identificação de termos adequados a repropor, sem traí-la, a riqueza da Palavra revelada." (Audiência geral de 17 de junho de 2009)

Ainda na Idade Média se afirma o "caminho da beleza", que é, talvez, o itinerário "mais atraente e fascinante para conseguir encontrar e amar Deus" – ressaltou o papa. Uma beleza que, através das catedrais, educou à fé inteiras gerações cristãs:

"As catedrais góticas mostravam uma síntese de fé e de arte harmoniosamente expressa mediante a linguagem universal e fascinante da beleza, que ainda hoje suscita admiração (...) O projetar-se para o alto queria convidar à oração e era ele mesmo uma oração. A catedral gótica queria traduzir assim, em suas linhas arquitetônicas, o anseio das almas por Deus." (Audiência geral de 18 de novembro de 2009) (RL)

Fonte: Rádio Vaticana

domingo, 27 de dezembro de 2009

A autoridade papal fica de pé


Padre Elílio de Faria Matos Júnior
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O episódio ocorrido na noite de Natal deste ano na Basílica de São Pedro em Roma é, de certa forma, um símbolo dos tempos atuais. O Papa, Vigário de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, cai. A mitra, símbolo de sua autoridade, rola no chão. A férula, que representa a sua missão de pastor universal, é derrubada pelo homem moderno, desorientado, confuso e como que fora-de-si. Louca ou não, a jovem de 25 anos que provocou o incidente bem representa o mundo de hoje, que joga por terra a autoridade e as palavras do Romano Pontífice, que, na expressão da grande Santa Catarina de Siena, é «o doce Cristo na Terra». A jovem é louca? Não sei. Mas sei que o é, e muito, o mundo que rejeita Deus e o seu Cristo para abraçar o vazio e caminhar nas trevas.

Bento XVI se ergue rápido e continua seu caminho. Celebra a Santa Missa, que é o que há de mais sublime sobre a face da Terra, rende o verdadeiro culto a Deus e conserva-se em seu lugar, como pastor colocado à frente do rebanho pelo Pastor Eterno, bispo e guarda de nossas almas (cf. IPd 2,25). Na homilia, o Santo Padre cita a regra de São Bento. Hoje, Bento, aquele de Núrsia, fala pela boca de Bento, o Papa: «Nihil Deo praeponere» - nada antepor a Deus. É a este nosso mundo que Bento XVI dirige essas palavras carregadas de verdade. É a esta nossa cultura agnóstica, relativista, pragmática, corrupta, materialista e niilista que o Papa exorta. Cultura que, nas palavras de alguns, se gaba de ser «pós-moderna»... Cultura que rejeita cultivar a verdade... Cultura que há tanto deixou de ser cultura...

«Nada antepor a Deus». Bento XVI já havia dito aos bispos da Igreja: «No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus... Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo» (Carta aos bispos, 10 de março de 2009).

Depois da queda, o Papa se coloca de pé e age como se nada tivesse acontecido. Assim tem sido seu pontificado: muitas vezes incompreendido pelos homens, inclusive católicos – e por que não dizer: sobretudo católicos? -, Bento XVI não desiste de levar a cabo sua missão, como Cristo a caminho do Calvário, a fim de oferecer a Deus a consciência pura do dever cumprido. Como se nada acontecesse, como se incompreensões, ultrajes e rebeliões, ainda que disfarçadas e silenciosas, não existissem; como se o desprezo a Cristo não lhe ferisse o coração; como se a recusa de Deus não lhe contristasse a alma, Bento XVI se dirige ao altar da Cruz. Está apoiado na esperança que não decepciona.

Se a autoridade do Sucessor de São Pedro é jogada no chão pelos homens atuais, isso não significa que ela tenha caído do lugar que lhe reservou Deus. Cristo também caiu - e por três vezes -, mas está de pé. Traz, sim, as marcas da paixão, mas está de pé para sempre: "Vi um Cordeiro de pé, como que imolado" (Ap 5,6). O Papa está de pé, e com ele a Igreja que lhe foi confiada, e assim ficará até a vinda gloriosa de Nosso Senhor, que disse: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). «Non praevalebunt» - as forças negativas do mal, ainda que deixem certas marcas, nunca hão de vencer o Bem, que é Deus. E é Deus quem sustenta na Terra a sua Igreja e o Papa que colocou à frente do rebanho de Cristo!


Fonte: Blog do Padre Elílio

Homilia do Papa na noite de Natal: Deus (liturgia) em primeiro lugar. E Imagens da Celebração

MISSA DA MEIA NOITE

SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR

HOMILIA DO SANTO PADRE BENTO XVI

Basílica Vaticana
24 de Dezembro de 2009

[Video]

Amados irmãos e irmãs,

«Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido» (Is 9, 5). Aquilo que Isaías, olhando de longe para o futuro, diz a Israel como consolação nas suas angústias e obscuridade, o Anjo, de quem emana uma nuvem de luz, anuncia-o aos pastores como presente: «Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11). O Senhor está presente. Desde então, Deus é verdadeiramente um «Deus connosco». Já não é o Deus distante, que, através da criação e por meio da consciência, se pode de algum modo intuir de longe. Ele entrou no mundo. É o Vizinho. Disse-o Cristo ressuscitado aos Seus, a nós: «Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Nasceu para vós o Salvador: aquilo que o Anjo anunciou aos pastores, Deus no-lo recorda agora por meio do Evangelho e dos seus mensageiros. Trata-se de uma notícia que não nos pode deixar indiferentes. Se é verdadeira, mudou tudo. Se é verdadeira, diz respeito a mim também. Então, como os pastores, devo dizer também eu: Levantemo-nos, quero ir a Belém e ver a Palavra que aconteceu lá. Não é sem intuito que o Evangelho nos narra a história dos pastores. Estes mostram-nos o modo justo como responder àquela mensagem que nos é dirigida também a nós. Que nos dizem então estas primeiras testemunhas da encarnação de Deus?

A respeito dos pastores, diz-se em primeiro lugar que eram pessoas vigilantes e que a mensagem pôde chegar até eles precisamente porque estavam acordados. Nós temos de despertar, para que a mensagem chegue até nós. Devemos tornar-nos pessoas verdadeiramente vigilantes. Que significa isto? A diferença entre um que sonha e outro que está acordado consiste, antes de mais nada, no facto de aquele que sonha se encontrar num mundo particular. Ele está, com o seu eu, fechado neste mundo do sonho que é apenas dele e não o relaciona com os outros. Acordar significa sair desse mundo particular do eu e entrar na realidade comum, na única verdade que a todos une. O conflito no mondo, a recíproca inconciliabilidade derivam do facto de estarmos fechados nos nossos próprios interesses e opiniões pessoais, no nosso próprio e minúsculo mundo privado. O egoísmo, tanto do grupo como do indivíduo, mantém-nos prisioneiros dos nossos interesses e desejos, que contrastam com a verdade e dividem-nos uns dos outros. Acordai: diz-nos o Evangelho. Vinde para fora, a fim de entrar na grande verdade comum, na comunhão do único Deus. Acordar significa, portanto, desenvolver a sensibilidade para com Deus, para com os sinais silenciosos pelos quais Ele quer guiar-nos, para com os múltiplos indícios da sua presença. Há pessoas que se dizem «religiosamente desprovidas de ouvido musical». A capacidade de perceber Deus parece quase uma qualidade que é recusada a alguns. E, realmente, a nossa maneira de pensar e agir, a mentalidade do mundo actual, a gama das nossas diversas experiências parecem talhadas para reduzir a nossa sensibilidade a Deus, para nos tornar «desprovidos de ouvido musical» a respeito d’Ele. E todavia em cada alma está presente de maneira velada ou patente a expectativa de Deus, a capacidade de O encontrar. A fim de obter esta vigilância, este despertar para o essencial, queremos rezar, por nós mesmos e pelos outros, por quantos parecem ser «desprovidos deste ouvido musical» e contudo neles está vivo o desejo de que Deus Se manifeste. O grande teólogo Orígenes disse: Se eu tivesse a graça de ver como viu Paulo, poderia agora (durante a Liturgia) contemplar um falange imensa de Anjos (cf. In Lc 23, 9). De facto, na Liturgia sagrada, rodeiam-nos os Anjos de Deus e os Santos. O próprio Senhor está presente no meio de nós. Senhor, abri os olhos dos nossos corações, para nos tornarmos vigilantes e videntes e assim podermos estender a vossa proximidade também aos outros!

Voltemos ao Evangelho de Natal. Aí se narra que os pastores, depois de ter ouvido a mensagem do Anjo, disseram uns para os outros: «“Vamos até Belém” (…). Partiram então a toda a pressa» (Lc 2, 15s). «Apressaram-se»: diz, literalmente, o texto grego. O que lhes fora anunciado era tão importante que deviam ir imediatamente. Com efeito, o que lhes fora dito ultrapassava totalmente aquilo a que estavam habituados. Mudava o mundo. Nasceu o Salvador. O esperado Filho de David veio ao mundo na sua cidade. Que podia haver de mais importante? Impelia-os certamente a curiosidade, mas sobretudo o alvoroço pela realidade imensa que fora comunicada precisamente a eles, os pequenos e homens aparentemente irrelevantes. Apressaram-se… sem demora. Na nossa vida ordinária, as coisas não acontecem assim. A maioria dos homens não considera prioritárias as coisas de Deus. Estas não nos premem de forma imediata. E assim nós, na grande maioria, estamos prontos a adiá-las. Antes de tudo faz-se aquilo que se apresenta como urgente aqui e agora. No elenco das prioridades, Deus encontra-Se frequentemente quase no último lugar. Isto – pensa-se – poder-se-á realizar sempre. O Evangelho diz-nos: Deus tem a máxima prioridade. Se alguma coisa na nossa vida merece a nossa pressa sem demora, isso só pode ser a causa de Deus. Diz uma máxima da Regra de São Bento: «Nada antepor à obra de Deus (isto é, ao ofício divino)». Para os monges, a Liturgia é a primeira prioridade; tudo o mais vem depois. Mas, no seu núcleo, esta frase vale para todo o homem. Deus é importante, a realidade absolutamente mais importante da nossa vida. É precisamente esta prioridade que nos ensinam os pastores. Deles queremos aprender a não deixar-nos esmagar por todas as coisas urgentes da vida de cada dia. Deles queremos aprender a liberdade interior de colocar em segundo plano outras ocupações – por mais importantes que sejam – a fim de nos encaminharmos para Deus, a fim de O deixarmos entrar na nossa vida e no nosso tempo. O tempo empregue para Deus e, a partir d’Ele, para o próximo nunca é tempo perdido. É o tempo em que vivemos de verdade, em que vivemos o ser próprio de pessoas humanas.

Alguns comentadores observam como os primeiros que vieram ao pé de Jesus na manjedoura e puderam encontrar o Redentor do mundo foram os pastores, as almas simples. Os sábios vindos do Oriente, os representantes daqueles que possuem nível e nome chegaram muito mais tarde. E os comentadores acrescentam: O motivo é totalmente óbvio. De facto, os pastores habitavam perto. Não tinham de fazer mais nada senão «atravessar» (cf. Lc 2, 15), como se atravessa um breve espaço para ir ter com os vizinhos. Ao contrário, os sábios habitavam longe. Tinham de percorrer um caminho longo e difícil para chegar a Belém. E precisavam de guia e de orientação. Pois bem, hoje também existem almas simples e humildes que habitam muito perto do Senhor. São, por assim dizer, os seus vizinhos e podem facilmente ir ter com Ele. Mas a maior parte de nós, homens modernos, vive longe de Jesus Cristo, d’Aquele que Se fez homem, de Deus que veio para o nosso meio. Vivemos em filosofias, em negócios e ocupações que nos enchem totalmente e a partir dos quais o caminho para a manjedoura é muito longo. De variados modos e repetidamente, Deus tem de nos impelir e dar uma mão para podermos sair da enrodilhada dos nossos pensamentos e ocupações e encontrar o caminho para Ele. Mas há um caminho para todos. Para todos, o Senhor estabelece sinais adequados a cada um. Chama-nos a todos, para que nos seja possível também dizer: Levantemo-nos, «atravessemos», vamos a Belém, até junto d’Aquele Deus que veio ao nosso encontro. Sim, Deus encaminhou-Se para nós. Sozinhos, não poderíamos chegar até Ele. O caminho supera as nossas forças. Mas Deus desceu. Vem ao nosso encontro. Percorreu a parte mais longa do caminho. Agora pede-nos: Vinde e vede quanto vos amo. Vinde e vede que Eu estou aqui. Transeamus usque Bethleem: diz a Bíblia latina. Atravessemos para o outro lado! Ultrapassemo-nos a nós mesmos! Façamo-nos viandantes rumo a Deus dos mais variados modos: sentindo-nos interiormente a caminho para Ele; mas também em caminhos muito concretos, como na Liturgia da Igreja, no serviço do próximo onde Cristo me espera.

Ouçamos uma vez mais directamente o Evangelho. Os pastores dizem uns aos outros o motivo por que se põem a caminho: «Vamos ver o que dizem ter sucedido». Literalmente o texto grego diz: «Vejamos esta Palavra, que lá aconteceu». Sim, aqui está a novidade desta noite: a Palavra pode ser vista, porque Se fez carne. Aquele Deus de quem não se deve fazer qualquer imagem, porque toda a imagem poderia apenas reduzi-Lo, antes desvirtuá-Lo, aquele Deus tornou-Se, Ele mesmo, visível n’Aquele que é a sua verdadeira imagem, como diz Paulo (cf. 2 Cor 4, 4; Col 1, 15). Na figura de Jesus Cristo, em todo o seu viver e operar, no seu morrer e ressuscitar, podemos ver a Palavra de Deus e, consequentemente, o próprio mistério do Deus vivo. Deus é assim. O Anjo dissera aos pastores: «Isto vos servirá de sinal: achareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12; cf. 16). O sinal de Deus, o sinal que é dado aos pastores e a nós não é um milagre impressionante. O sinal de Deus é a sua humildade. O sinal de Deus é que Ele Se faz pequeno; torna-Se menino; deixa-Se tocar e pede o nosso amor. Quanto desejaríamos nós, homens, um sinal diverso, imponente, irrefutável do poder de Deus e da sua grandeza! Mas o seu sinal convida-nos à fé e ao amor e assim nos dá esperança: assim é Deus. Ele possui o poder e é a Bondade. Convida a tornarmo-nos semelhantes a Ele. Sim, tornamo-nos semelhantes a Deus, se nos deixarmos plasmar por este sinal; se aprendermos, nós mesmos, a humildade e deste modo a verdadeira grandeza; se renunciarmos à violência e usarmos apenas as armas da verdade e do amor. Orígenes, na linha de uma palavra de João Baptista, viu expressa a essência do paganismo no símbolo das pedras: paganismo é falta de sensibilidade, significa um coração de pedra, que é incapaz de amar e de perceber o amor de Deus. Orígenes diz a respeito dos pagãos: «Desprovidos de sentimento e de razão, transformam-se em pedras e madeira» (In Lc 22, 9). Mas Cristo quer dar-nos um coração de carne. Quando O vemos a Ele, ao Deus que Se tornou um menino, abre-se-nos o coração. Na Liturgia da Noite Santa, Deus vem até nós como homem, para nos tornarmos verdadeiramente humanos. Escutemos uma vez mais Orígenes: «Com efeito, de que te aproveitaria Cristo ter vindo uma vez na carne, se Ele não chegasse até à tua alma? Oremos para que venha diariamente a nós e possamos dizer: vivo, contundo já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim (Gal 2, 20)» (In Lc 22, 3).

Sim, por isto queremos rezar nesta Noite Santa. Senhor Jesus Cristo, Vós que nascestes em Belém, vinde a nós! Entrai em mim, na minha alma. Transformai-me. Renovai-me. Fazei que eu e todos nós, de pedra e madeira que somos, nos tornemos pessoas vivas, nas quais se torna presente o vosso amor e o mundo é transformado.

Fonte: Vaticano

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The seven papal acolytes in the procession; some suggest this is historically rooted in imperial Roman practice.












"Gloria in excelsis Deo" - the Bells of the Vatican Basilica ring out in joy: Christ is born!


The Readings




The Second Reading




Imposition of Incense


The Holy Gospel






(To the very right Cardinal Castrillon Hoyos is seen)


The Homily


The Credo


"Et incarnatus est..."




























(From the Nativity Scene in St. Peter's)




The Christ child is placed within the Vatican nativity scene within the basilica

Fonte: New Liturgical Movement

Oremus pro Pontifice nostro Benedicto.

℣. Oremus pro Pontifice nostro Benedicto.
℟. Dominus conservet eum, et vivificet eum,

et beatum faciat eum in terra,
et non tradat eum in animam inimicorum eius.℣. Tu es Petrus,
℟. Et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.

Oremus.

Deus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Benedictum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam.
Per Christum, Dominum nostrum.
℟. Amen.


A Missa de Natal do Papa, a segurança e a Sédia Gestatória

Papa é atacado e cai durante Missa de Natal

COMUNICADO DO DIRETOR DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

Ontem à noite, durante a procissão de entrada da celebração, uma pessoa desequilibrada – uma tal Susanna Maiolo, de 25 anos, de nacionalidade italiana e suíça – ultrapassou a barreira e, não obstante a intervenção da segurança, conseguiu alcançar o Santo Padre e agarrar o pálio, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão. O Papa conseguiu prontamente levantar-se e retomar o caminho e toda a celebração desenrolou-se sem mais problema.

Infelizmente na confusão, o Cardeal Etchegaray caiu, sofrendo uma fratura do colo do fêmur. Foi hospitalizado na Policlínica Gemelli, as suas condições são boas, mas deverá ser submetido a uma operação nos próximos dias.

Maiolo, que não estava armada, mas manifesta sinais de desequilíbrio psíquico, foi internada em uma clínica de saúde, para ser submetida a tratamento de saúde obrigatório.

No que diz respeito ao Santo Padre, o programa de hoje está confirmado sem modificações.

Fonte: Santa Sé

Tradução: OBLATVS

La inepta seguridad italiana



El video superior muestra el ataque de Susanna Maiolo a Benedicto XVI, ocurrido durante la procesión de entrada de la Misa de Gallo en la Basílica de San Pedro la noche de Dic-24-2009, (ver comunicado oficial). El video inferior muestra lo que mostró la transmisión originada por el Centro Televisívo Vaticano en ese preciso momento.



Nosotros decimos que es inepta la seguridad italiana, habida cuenta del conocido intento de asesinato de Juan Pablo II en May-13-1981 y mucho más cuando se jactan de poder controlar a los hinchas de futbol problematicos (tifozi), pero son incapaces de poder controlar a una solitaria mujer presuntamente desquiciada que intenta por segunda vez agredir al Papa.

De la seguridad italiana, ¡libranos Señor, al Papa principalmente!

Fonte: Secretum Meum Mihi

Nuevo video de ataque al Papa previo a la Misa De Gallo


El credito corresponde a agencia Rome Reports, Dic-28-2009. En este video se puede apreciar la pusilanime reacción de los agentes de la seguridad Papal. Nosotros nos mantenemos en lo dicho inicialmente: ¡de la seguridad italina libranos Señor, principalmente al Papa!




Alegato a favor de la Silla Gestatoria


El cortejo pontificio en todo su antiguo esplendor



El ataque del que fue objeto el Santo Padre Benedicto XVI por parte de una pobre enajenada mental la pasada Nochebuena y que, gracias a Dios, se saldó sin daño físico para el Papa (aunque sí para el anciano cardenal Roger Etchegaray, que se fracturó el fémur en la caída a la que fue arrastrado), ha puesto de manifiesto la relatividad de las medidas de seguridad que rodean a su augusta persona, las cuales no son precisamente laxas, sobre todo después del atentado contra Juan Pablo II en 1981 y de los ataques terroristas del fatídico 11 de septiembre de 2001.

Hay quienes hablan de fallos en el servicio de protección que opera en el Vaticano, pero, como ha apuntado acertadamente el R.P. Federico Lombardi, S.I., director de la Sala de Prensa de la Santa Sede, ningún aparato de vigilancia puede garantizar al 100% la total incolumidad del Papa, sobre todo porque no está dispuesto a sacrificar la cercanía con los fieles por criterios de seguridad. Los Papas han sido tradicionalmente accesibles al pueblo. El venerable Pío XII pasó gran parte de su pontificado recibiendo en audiencia a toda clase de personas y sus alocuciones a los distintos grupos de peregrinos y visitantes conforman una buena parte de sus documentos. Del beato Juan XXIII se sabe que le gustaba hacer visitas sorpresivas a sus feligreses romanos.

A partir de Pablo VI comenzaron los viajes apostólicos: ya no eran sólo los fieles los que iban a Roma a ver al Papa; ahora él también iba a su encuentro en sus respectivos países. El venerable Juan Pablo II prácticamente visitó todo el mundo y algunos países más de una vez. La figura del Vicario de Cristo fue haciéndose cada vez más familiar y cercana gracias a la relajación del protocolo del Palacio Apostólico impracticable fuera de él. La extraordinaria popularidad de que gozan los Romanos Pontífices hoy en día es su punto fuerte, pero también su punto flaco, porque los hace convierte en fácil blanco de ataques y atentados. Sobre todo en tiempos en los que, por una falsa concepción de proximidad humana, ya no existe una cierta distancia física, saludable y necesaria para mantener no sólo la mística de la institución, sino también una seguridad razonable.

Antiguamente el Papa estaba rodeado de la llamada “Corte pontificia”, compuesta de la Familia y de la Capilla pontificas, es decir de los dignatarios que intervenían en la vida de palacio y en las celebraciones litúrgicas papales. En las grandes ocasiones se desplegaba todo su fasto, que culminaba con la aparición del Soberano Pontífice tocado con la tiara de tres coronas, envuelto en el manto y llevado sobre la silla gestatoria y bajo dosel, precedido por maceros y trompeteros y flanqueado por los flabelos de pluma de avestruz. En 1968, Pablo VI reformó radicalmente la corte, a la que dio el nombre de “Casa pontificia”, dándole un aire más burocrático que de aparato y ceremonia. Suprimió la mayor parte de elementos considerados ostentosos, aunque conservó el uso de la silla gestatoria, pero sin el acompañamiento tradicional.

Sin embargo, el papa Montini estaba dispuesto a abandonarla del todo pero su artrosis progresiva (que le hacía sufrir de dolores atroces en las rodillas) lo acabó de disuadir. Juan Pablo I, no queriendo aparecer como un antiguo monarca sino como el siervo de los siervos de Dios, se rehusó en un principio a hacer uso de ella, pero lo convencieron de que los fieles tenían derecho a contemplarlo sin demasiado esfuerzo visivo y acabó por subirse a ella resignado. En cambio, el venerable Juan Pablo II fue inconmovible: sólo fue llevado a hombros de los sediarios muerto, durante la procesión fúnebre de sus exequias. Ni siquiera cuando se hallaba completamente debilitado y le costaba terriblemente caminar quiso la silla gestatoria. En su lugar se hizo construir una especie de carro móvil con el que hacía su ingreso en San Pedro. No hay que decir lo que el artilugio contrastaba con la belleza clásica y barroca de la Basílica Vaticana y los elementos de la liturgia papal.

Benedicto XVI no la ha usado hasta hoy, pero hace algunas semanas, desde el interesantísimo blog Orbis Catholicus, se sugirió la existencia de rumores constantes de que el papa Ratzinger acabará retomando la silla gestatoria. Hoy, a la vista del incidente de Nochebuena, creemos desde estas humildes líneas que su vuelta se impone. Y ello por varios motivos:

1) El poderoso simbolismo de la silla gestatoria, que subraya la majestad de la dignidad del Sumo Sacerdote de la Cristiandad (que no otra cosa es el Papa). Papas como San Pío X y el beato Juan XXII, de cuya modestia y humildad no cabe en absoluto dudar aceptaron rodearse del fasto de sus predecesores, llevados por su consciencia de la altísima dignidad que representaban. Sabían que aquél era tributado al Papa y no a Giuseppe Sarto o Angelo Roncalli. El beato Juan XXIII, al que pintan algunos como revolucionario, era especialmente exigente en el exacto cumplimiento del protocolo y la etiqueta, lo cual no redundó en ningún momento en una merma de su indiscutible bondad.


2) El hecho de que el Santo Padre, llevado en alto, puede ser visto por todos los fieles y no sólo por los que se hallan más cerca a él. Es lamentable el espectáculo que se produce en la Basílica de San Pedro (o en la Plaza, cuando la celebración tiene lugar fuera) al querer ver todos al Papa: gente que se empuja, que se sube a los asientos, que impide verlo a los que se hallan detrás, con desdoro de lo sagrado del lugar y de la reverencia debida a la liturgia. Estos desórdenes se amortiguarían mucho o hasta desaparecerían si todos pudieran contemplar la venerable figura del Vicario de Cristo sin dificultad, lo cual sólo es posible mediante la silla gestatoria.


3) La seguridad se vería reforzada al no ser ya tan fácilmente accesible la augusta persona del Papa. La pobre mujer que lo atacó anoche sólo logró tirarle de la casulla, pero podría haberlo golpeado con las manos o con algún objeto contundente que pasara la inspección (una máquina fotográfica, por ejemplo). Consideremos que Benedicto XVI es una persona anciana e indefensa ante un ataque tan súbito como el de ayer, que no habría sido posible de ir el Santo Padre sobre la silla gestatoria, que, al elevarlo por encima de las cabezas de los asistentes, lo pone al abrigo de incidentes como ése, teniendo a sus ocho sediarios como barrera humana.


4) En fin, desde el punto de vista de la salud del Papa, la silla gestatoria le ahorraría fatigas innecesarias. El recorrido desde la Capilla de la Piedad hasta el Baldaquino de Bernini es largo de por sí, máxime para un hombre octogenario, revestido de pesados ornamentos y debiendo llevar la férula. ¿Por qué no ahorrarle el esfuerzo (que puede desplegar mejor durante la celebración misma) llavándolo a hombros sobre la silla gestatoria?

Sin necesidad de volver al fasto de antes, la recuperación de la silla gestatoria devolvería a las mentes de los fieles un sentido de lo sagrado, de lo solemne, de esa discontinuidad con la vida cotidiana que es necesaria para cautivar los espíritus. La monarquía británica, a pesar de todos sus escándalos, pervive gracias al poder de fascinación del símbolo que la representa: la Reina, rodeada del esplendor de las Joyas de la Corona, de los mantos reales, de los collares de las órdenes de caballería, de los carruajes dorados, de los atuendos de los cortesanos, de las libreas de sus servidores… El Papado puede prescindir de esos elementos humanos, pero qué duda cabe que ellos comunican la idea de la Belleza y ésta no está reñida con la Verdad ni con el Bien, sino que los complementa.


No fue abolida; simplemente cayó en desuso




ALGUNAS IMÁGENES DE PAPAS EN LA SILLA GESTATORIA


Pío II (1458-1464)


Pío II en Ancona (Pinturicchio)


Julio II (1503-1513)

Julio II (detalle del fresco de Rafael La expulsión de Heliodoro del Templo,
en la Estancia de Heliodoro del Palacio Apostólico Vaticano)


León X (1513-1521)


Boceto de Papa llevado en silla gestatoria por Rafael

Pío VIII (1829-1830)


Pío VIII (Horace Emile Jean Vernet)


Beato Pío IX (1846-1878)


Entrada del beato Pío IX en el aula del Concilio Vaticano I


Estampa de época

León XIII (1878-1903)




San Pío X (1903-1914)












Benedicto XV (1914-1922)




Pío XI (1922-1939)












Venerable Pío XII (1939-1958)














Beato Juan XXIII (1958-1963)








Pablo VI (1963-1978)








Esta fotografía es extraordinaria por su rareza


Juan Pablo I (1978)





Y aquí acaba la historia... de momento.


¿Benedicto XVI?


La silla gestatoria aguarda a su augusto ocupante
en medio de los fieles sediarios pontificios

Fonte: Costumbrario