O Jornal da Globo de ontem noticiou os casos de pedofilia em Regensburg e o escândalo envolvendo um funcionário público italiano e um jovem nigeriano. Notícias que, via de regra, já despertam algum interesse. Mas se há algo que pode torná-las ainda mais apelativas, sobretudo numa “chamada”, é associá-las ao Vaticano – e o que teria ainda maior impacto – relacioná-las ao Papa. Foi o que fez o Jornal da Globo. Pouco profissionalismo e muita má-fé.
O funcionário público, Angelo Balducci, está sendo investigado por corrupção. Como objeto de investigações, suas ligações telefônicas vinham sendo monitoradas; numa delas descobriu-se que Balducci usava os serviços de um nigeriano, Thomas Ehiem, para agendar encontros sexuais com jovens rapazes. Balducci é “gentiluomo” do Papa – uma função cerimonial – e consultor de uma Congregação da Cúria e Thomas Ehiem é um leigo que canta num coral do Vaticano. As estripulias sexuais do funcionário público acusado de corrupção e a cafetagem do corista serviram como mero antepasto para a canalhice do prato principal: pedofilia na Alemanha.
O caso de Regensburg é ainda mais escabroso, pois querem envolver indiretamente o próprio Papa no imbróglio. Um caso de pedofilia (acontecido em 1958) e outro ainda não provado (do início dos sessenta) dizem respeito ao coro da catedral, do qual Georg Ratzinger, irmão do Sumo Pontífice, foi diretor (Domkapellmeister) de 1964 a 1993. Se o primeiro sequer aconteceu no tempo em que o coro era dirigido pelo irmão do Papa, o segundo teria ocorrido no alojamento dos rapazes. Ocorre que, na estrutura do coral, o diretor musical não tem relação com o alojamento, o qual tem seu diretor próprio. Um terceiro caso envolve um antigo diretor de alojamento que cometeu abusos dez anos depois de ter abandonado seu cargo no coral.
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