Confirmar os irmãos na fé? Acho que não...
“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos”. (Lc 22, 31-32).
Os bispos brasileiros estão realizando suas visitas ao Sucessor de Pedro que “que de braços abertos vos acolhe a todos vós”. Vários grupos regionais da CNBB já partiram e retornaram de Roma, após longa peregrinação pelas Basílicas e, mais importante, pelos dicastérios Pontifícios.
Os bispos brasileiros estão realizando suas visitas ao Sucessor de Pedro que “que de braços abertos vos acolhe a todos vós”. Vários grupos regionais da CNBB já partiram e retornaram de Roma, após longa peregrinação pelas Basílicas e, mais importante, pelos dicastérios Pontifícios.
Qual a finalidade da visita Ad Limina? Fortalecer os laços de amor e afeto que unem o Bispo de Roma aos bispos locais? Sim, mas não é só isso. A principal função da visita, realizada obrigatoriamente a cada 5 anos (exceto se você for Dom Casaldáliga, porque vai poder ignorar isso e aparecer se quiser, quando quiser) é fortalecer o braço de Pedro nas dioceses.
Alguns relutam em dizer isso, mas é fato – as visitas Ad Limina são necessárias para manter o poder do Papa sobre os bispos. Que mal há em admitir isso? Bom, talvez o orgulho de alguns prelados não permita tal constatação.
Mas vamos ao que interessa. As visitas Ad Limina brasileiras estão me deixando envergonhado. Sim envergonhado, pois vejo Pedro não tendo meios de “confirmar” seus irmãos na fé, mas tendo que “introduzi-los” na fé. Cada alocução pública do pontífice aos grupos brasileiros torna-se praticamente uma aula de catecismo. Imagine isso! Catecismo aos bispos!
Bento XVI precisa “reforçar” dizendo que “a função do presbítero é essencial e insubstituível para o anúncio da Palavra e a celebração dos Sacramentos, sobretudo da Eucaristia, memorial do Sacrifício supremo de Cristo, que dá o seu Corpo e o seu Sangue” e pede aos bispos do Nordeste 2 que “na vossa solicitude pastoral e na vossa prudência, procurais com particular atenção assegurar às comunidades das vossas dioceses a presença de um ministro ordenado. Na situação atual em que muitos de vós sois obrigados a organizar a vida eclesial com poucos presbíteros, é importante evitar que uma tal situação seja considerada normal ou típica do futuro”.
Mesmo diante de uma crise vocacional e sacerdotal não seria necessário lembrar o bispo do lugar proeminente do sacerdote na vida da comunidade.
Enfrentar os problemas correntes da vida diocesana, aconselhando, é uma coisa. Mas o que Bento XVI está fazendo, sutilmente, é alertar aos bispos do curso inadequado de algumas práticas pastorais vigentes, que estão contribuindo para uma secularização do povo católico.
“Atualmente há uma nova geração já nascida neste ambiente eclesial secularizado que, em vez de registrar abertura e consensos, vê na sociedade o fosso das diferenças e contraposições ao Magistério da Igreja, sobretudo em campo ético, alargar-se cada vez mais. Neste deserto de Deus, a nova geração sente uma grande sede de transcendência”.
E o tapa mais violento veio com a recordação das bodas de prata da instrução Libertatis nuntius, sobre a Teologia da Libertação. Recordar é viver!
A Teologia da Libertação foi a “heresia singular” mais combatida por João Paulo II e, osmose, pelo cardeal Ratzinger. Enquanto o Papa polonês se fazia visível pelo mundo todo o cardeal redigia as condenações dos artífices dessa falsa teologia.
Envergonha-me saber que o sucessor de Pedro ainda precisa fazer este tipo de admoestação, mesmo depois de 25 anos da condenação da Teologia da Libertação. Se Pedro “relembra” é porque ela ainda está viva (e sabemos que está) e ativa.
Rezemos pelo Papa e pelos bispos do Brasil – o primeiro, para que não tenha medo dos lobos; os demais, para que deixem de morder.
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