quarta-feira, 14 de julho de 2010

Unidade Litúrgica nos Livros Sagrados e nos Sacramentos.

Um belíssimo e interessante artigo sobre liturgia que li no jornal "Correio da Semana" da Diocese de Sobral. Belo porque traz os aspectos de integração litúrgica entre todos os rituais da Igreja e todas as Missas no mundo e na história, e interessante porque dimensiona a importância de liturgia voltada para os dias atuais.

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A Liturgia une a Terra ao Céu

A Liturgia terrestre, em todos os seus atos, é um reflexo da liturgia celeste. Nossos louvores sobrem ao céu e unem-se aos dos santos e dos anjos, pois, como único corpo místico de Cristo, uma única comunhão dos santos e uma única Igreja Santa e Católica, nossas atitudes de reverência a Trindade devem ser apresentadas como se fossem um só cântico: multiplicam-se as vozes, mas o hino é uníssono!

Nas diferentes ações litúrgicas, essa unidade se reflete de diversos modos. Dessa forma, na administração dos sacramentos, por exemplo, também o céu se une à terra, sendo sinais visíveis da graça invisível, que nos foi conquistada na cruz, e esta uma ponte que une as realidades terrenas e celestes, os sacramentos são verdadeiros canais que partem de Deus para nós. Vale ressaltar que a graça nos foi merecida pelo sacrifício único de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz, constituindo-se tal oferta uma ponte para o Trono de Deus. Os sacramentos, anais dessa graça, fluem de Deus e nos banham com a mesma graça que produzem e significam. Por isso são os bens dados do céu aos servos amados de Deus na terra, por meio dos quais chegamos ao céu; eis as relações entre as duas Igrejas, triunfantes e militantes – e até a padecente no purgatório.

Por sua vez, na Liturgia das Horas, entoamos salmos e hinos que se unem àqueles eternamente cantados pelos anjos do céu. “Na minha visão ouvi também ao redor do trono, dos Animais e dos anciãos, a voz de miríades de miríades e de milhares de milhares, bradando em alta voz: "Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor. E todas as criaturas que estão no céu, na terra debaixo da terra e no mar, e tudo contém, eu as ouvi clamar: Aquele que está assentado no Trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos. E os quatro animais diziam: Amém, e os anciãos prostravam-se e adoravam" (Ap. 5,11-45). A cada hora canônica celebrada no Ofício Divino, somam-se às vozes, e todos se congregam numa só comunidade em adoração ao Deus Eterno. Das lições da Liturgia das Horas, retiramos as preciosas leituras da Sagrada Escritura, dos padres da Igreja e dos Santos, que nos dão a esperança de participar um dia da Igreja celeste que, em coro, tributa louvores ao Criador.

A Unidade entre o céu e a terra é fato em todas as ações litúrgicas. Não seria diferente na Santa Missa, liturgia por excelência! Se os sacramentos partem da Cruz, ponte entre o céu e a terra, entre Deus e os homens, e atestam a unidade entre os terrestres e os celestes, há muito mais razão em afirmar a plena comunhão quando a própria Cruz, não apenas seus sinais, se faz presente. E a Missa, sabemos, é a Cruz tornada presente; nesse momento, o céu e a terra se unem e os anjos participam da cerimônia! O Santo sacrifício celebrado é a porta que nos leva ao céu: estando aberta, temos acesso às maravilhas celestes, e miríades de anjos os rondam as Igrejas e os altares quando o padre oferece Jesus Cristo ao Pai por nossos pecados.

Eis a opinião de São João Crisóstomo, opinião aprovada por São Gregório, no quarto de seus Diálogos, que "no momento em que o padre celebra a Missa, os céus se abrem e multidões de anjos descem do Paraíso para assistir o Santo Sacrifício". São Nilo Abade, discípulo do mesmo São João Crisóstomo, afirma que "via quando este Santo doutor celebrava uma grande multidão daqueles espíritos celestes assistindo o ministro sagrado em sua augusta função".

Na Santa Missa, a Igreja mostra sua unidade, pois o sacrifício é único! Jesus não morre várias vezes, mas apenas uma vez na Cruz, e seu sacrifício é único e suficiente. A Missa o atualiza: É o mesmo sacrifício, e não um outro. E o sacrifício é único, a Igreja de todos os tempos, lugares e condições, do céu e da terra, que o oferece, também é única, pois está oferecendo um só sacrifício, no qual também se encontra sua unidade sobrenatural.

Ao participarmos de uma Missa hoje, p. ex. no Ceará, nós nos unimos ao fiel que participou da Missa a dois séculos atrás, na China, e ambos estamos unidos aos santos do céu e às almas do Purgatório. Anjos, homens da Igreja militante, da Igreja triunfante, da Igreja padecente, todos nos unimos em cada missa celebrada, atualização do único sacrifício oferecido.

Fonte: O Ultrapapista Atanasiano

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