sexta-feira, 29 de outubro de 2010

BENTO XVI RECORDA TEÓLOGO ROMANO GUARDINI: A LIBERDADE É VERDADE

Cidade do Vaticano, 29 out (RV) -A visão cristã do mundo como instrumento para aproximar-nos da verdade de Deus. Foi nesse longo percurso interior, marcado pelo diálogo com o outro, que Romano Guardini viveu a sua vida de sacerdote e teólogo.

Bento XVI – que foi aluno de Guardini – falou sobre os pontos fundamentais da reflexão do teólogo na audiência concedida na manhã desta sexta-feira, no Vaticano, aos participantes do Congresso promovido pela Fundação "Romano Guardini", dedicado à análise da "herança espiritual e intelectual" do estudioso ítalo-alemão, falecido há 40 anos.

"Um homem do diálogo interior" e do intercâmbio cultural com os homens, apaixonado "pela verdade de Deus e pela verdade sobre o homem": não como mero exercício de abstração, mas como busca que leva à escolha do bem em relação ao próximo.

Bento XVI – que quando jovem teve a oportunidade de ouvi-lo e de estudar suas obras – fez uma reflexão competente e admirada acerca de Romano Guardini, celebrado nestes dias por um Congresso da Fundação berlinense que traz o nome do teólogo nascido em Verona – nordeste da Itália – em 1885, e falecido em outubro de 1968 em Munique, sul da Alemanha.

O Papa recordou que não interessava ao teólogo Guardini "conhecer uma coisa qualquer ou muitas coisas; ele queria conhecer a verdade de Deus e a verdade sobre o Homem", descobrir o que significa a visão cristã do mundo:

"E era essa orientação de seu ensinamento que havia impressionado nós, jovens: de fato, nós não queríamos conhecer uma explosão de todas as opiniões que existiam dentro ou fora do cristianismo, porque nós queríamos conhecer aquilo que é. E ali estava alguém que, sem medos e, ao mesmo tempo, com toda a seriedade do pensamento crítico, se colocava diante dessa interrogação e nos ajudava a seguir o pensamento."

Todavia – prosseguiu o Santo Padre – embora a verdade de Deus "não seja abstrata ou transcendente, mas se encontre no vivo-concreto, na figura de Jesus Cristo", por vezes, mesmo o homem mais disponível "nem sempre" compreende "aquilo que Deus diz". É preciso, então, "um corretivo, e isso consiste no intercâmbio com o outro":

"Guardini era um homem do diálogo. As suas obras nasceram, quase sem exceção, de um diálogo, pelo menos interior (...) Para Guardini, da abertura do Homem para a verdade nasce um ethos, um fundamento para o nosso comportamento moral em relação ao nosso próximo, como exigência da nossa existência, justamente porque o homem pode encontrar Deus, pode agir em favor do bem."

Bento XVI afirmou que Guardini foi também um sensível pedagogo para os jovens. Purificava os ideais juvenis de autodeterminação, responsabilidade e sinceridade interior ensinando que a "liberdade é verdade" e que o homem é verdadeiro se o é "segundo a sua natureza" que leva a Deus. (RL)

Fonte: Radio Vaticano

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dom Athanasius Schneider: 54 linhas para descrever como pode ser enriquecida a Nova Missa. Para a Missa Tradicional, 7…

Apresentamos um excerto da entrevista concedida por Dom Athanasius Schneider, ex-professor do seminário de Anápolis, GO, e hoje bispo auxiliar de Karaganda, no Cazaquistão, à Paix Liturgique.

No Motu Proprio que decretou, Summorum Pontificum, Bento XVI formulou um convite explícito ao recíproco enriquecimento das duas formas do único rito romano. Na opinião do Senhor Dom Atanásio, que de bom grado celebra nas duas formas do rito, em que aspectos poderia este enriquecimento manifestar-se de modo mais frutuoso?

AS: Temos de levar o Papa a sério. Não se pode continuar a agir como se ele não tivesse dito essa frase. Ou, aliás, como se ele não a tivesse escrito. Claro está que, mesmo sem que haja necessidade de rever os missais, há meios para proceder a uma aproximação das duas formas do rito.

Uma primeira ideia poderia ser a de celebrar versus Deum a partir do Ofertório, como de resto é previsto pelas rubricas do novo missal. Com efeito, o missal de Paulo VI indica claramente dois momentos em que o celebrante se deve voltar para o povo. Uma primeira vez, no momento do “Orate fratres”, e uma segunda, quando o sacerdote diz “Ecce Agnus Dei”, por altura da comunhão dos fiéis. Que significado dar a estas indicações senão a de que o sacerdote deverá estar voltado para o altar durante o Ofertório e o Cânon? Em Setembro de 2000, a Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos publicou uma resposta relativa a um quesito sobre a orientação [posição] do sacerdote durante a Missa. Ao explicar que «a posição versus populum parece a mais cómoda na medida em que ela torna mais fácil a comunicação», ela precisava, no entanto, que «supor que a acção sacrificial deve ser orientada principalmente para a comunidade seria um grave erro. Se o sacerdote celebra versus populum, coisa legítima e frequentemente aconselhável, a sua orientação espiritual deve estar sempre voltada para Deus por Jesus Cristo».

Parece-me que, hoje e dia, esta resposta que vinha defender a celebração face ao povo poderia ser adaptada à nova realidade criada pelo MP Summorum Pontificum mediante uma recomendação no sentido de se celebrar voltado para o Oriente a partir do Ofertório.

No que toca à comunhão, a Santa Sé também poderia publicar uma recomendação universal a fim de lembrar o que está previsto na Instrução Geral do Missal Romano, no seu artigo 160°: «Os fiéis comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação da Conferência Episcopal. Quando comungam de pé, recomenda-se que, antes de receberem o Sacramento, façam a devida reverência, estabelecida pelas mesmas normas.» Cabe pois sublinhar que a primeira forma de comunhão a ser referida pelo texto oficial da Igreja destinado a comentar o Novus Ordo é a forma de comunhão de joelhos…

Uma outra possibilidade de enriquecimento da nova liturgia seria a de que as leituras da Bíblia Sagrada fossem feitas por homens em vestes litúrgicas e em caso algum por mulheres ou homens vestidos à civil. E isto porque as leituras são feitas no presbitério, um lugar que desde os tempos apostólicos é reservado ao sacerdote e aos ministros ordenados, aí se incluindo os clérigos com ordens menores. Só na falta destes últimos é que um leigo (homem) podia vir suprir. O serviço do altar, de leitor ou de acólito, não é um exercício do sacerdócio comum, fazendo antes parte do sacerdócio sagrado, em especial do diaconato. É por esta razão que, pelo menos a partir do século III, a Igreja concebeu as ordens menores como uma espécie de introdução às diferentes funções contidas no exercício do diaconato, como, por exemplo, a guarda do santuário e o chamamento dos fiéis à liturgia (ostiário), a leitura da palavra de Deus durante a liturgia (leitor), expulsar os espíritos malignos (exorcista), transportar a luz e servir ao altar (acólito). Assim, é-nos mais fácil compreender porque é que, tradicionalmente, a Igreja reservou a atribuição das ordens menores e a instituição de leitores ou de acólitos apenas a fiéis homens.

Neste sentido, bem se compreende que um dos enriquecimentos permitidos pela aproximação das duas formas litúrgicas consistisse em retornar à sã tradição de reservar o presbitério apenas aos homens: diáconos, acólitos, leitores e crianças de coro (ou coroinhas), todos eles devem ser do sexo masculino. De nada adianta que nos lamentemos do descalabro das vocações quando os rapazes deixam de ser chamados para o serviço do altar.

Por fim, a oração dos fiéis deve ficar reservada apenas aos diáconos, acólitos ou leitores, todos com hábitos litúrgicos. Até seria mais coerente com a tradição bimilenar da Igreja, tanto ocidental como oriental, que esta oração dos fiéis, ou oração universal, fosse proclamada, ou melhor ainda, cantada, unicamente pelo diácono, pois que antes ela recebia o nome de “oratio diaconalis”. Na falta de diácono, seria bom que fosse o próprio sacerdote a lê-la, como de resto acontece com o evangelho. O termo oração dos “fiéis” não significa que a sua proclamação seja uma função dos fiéis. Acreditar nisso seria um erro histórico e litúrgico. De facto, o que isso indica é que ela decorria ao início da missa dos fiéis, depois que tivessem saído os catecúmenos, e quando o diácono ou o sacerdote oferecia à Majestade Divina as intenções de toda a Igreja, e portanto de todos os fiéis, daí o seu nome.

7) E no que respeita à forma extraordinária? De que maneira poderia ela enriquecer-se ao contactar com a forma ordinária do rito romano?

AS: Eu diria que se poderia aplicar à forma extraordinária o espírito que anima os últimos elementos que citei a propósito do Novus Ordo. As leituras sagradas deveriam ser sempre acessíveis aos fiéis, logo, na língua local e não apenas em latim, salvo em ocasiões especiais. Assim, também nesta forma, as leituras poderiam ser feitas por um leitor ordenado ou instituído, isto é, um fiel homem em hábitos litúrgicos. Uma iniciativa bela e útil seria a introdução de alguns prefácios do novo missal, e o mesmo se diga da introdução de novos santos no calendário litúrgico tradicional.

Fonte: Fratres in Unum

Algo mudou: Quatro anos com Monsenhor Guido Marini



Tutti l'hanno notato, tutti ne parlano, tanti ne scrivono: ma cosa ha combinato in questi ormai quattro anni il Monsignore genovese alle Liturgie Papali? Ha recuperato? Ha restaurato? Ha stravolto i piani del predecessore? Sicuramente ha chiuso un'epoca, in gran stile. Ha eliminato le danze, le simbologie e il neutro grigio. Ha ripristinato i troni dismessi dai tempi di Paolo VI, rispolverato paramenti antichi e tesori dimenticati. Ma la trovata migliore è stata sicuramente quella di porre il Crocifisso al centro dell'Altare, e ancora, la comunione sulla lingua ed in ginocchio, tutto secondo le direttive del vero regista, Papa Benedetto XVI che in Liturgia è vero intenditore. Il Guido Marini ha osato e probabilmente oserà ancora. Per rivivere questi (quasi) quattro anni di belle Liturgie Papali, ecco qualche immagine:













immagini da Corbis.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dom Kurt Koch, o Papa e o Vaticano II.

Dom Koch, novo presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Dom Koch, novo presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 13-10-2010, Gaudium Press) Nesta entrevista concedida a um de nossos correspondentes, o novo presidente do Pontifício Conselho da Unidade dos Cristãos, o arcebispo suiço, Dom Kurt Koch, fala, entre outros assuntos, sobre os discursos que proferiu no Ratzinger Schülerkreis” – tradicional encontro do Santo Padre com seus ex-alunos – realizado no dia 28 de agosto passado em Castel Gandolfo. Na ocasião, Dom Koch abordou basicamente as diferentes hermenêuticas relativas ao Concílio Vaticano II, inclusive a do Papa Bento XVI.

Gaudium Press – Sua Excelência em seu primeiro discurso apresenta três hermenêuticas diversas. Quais são as suas diferenças e suas consequências para a Igreja Católica na realização do Concílio Vaticano II?
Cada Concílio é a mesma coisa: de um lado, é arraigado na tradição, mas por outro, o seu olhar é dirigido ao futuro, porque é ali que se encontram os novos desafios e os novos compromissos. Assim foi também para o Concílio Vaticano II, aliás, talvez mais evidente ainda, visto que o Santo Padre João XXIII havia falado de uma atualização para renovar a doutrina da Igreja no novo contexto, e esclareceu desde o início que não queria uma nova doutrina. Agora temos duas hermenêuticas opostas: a hermenêutica da continuidade absoluta, que quer dizer que o Vaticano II não deve dizer coisas novas, mas somente confirmar, porque tudo já estava na tradição, e a hermenêutica da descontinuidade e da ruptura, que quer dizer que com o Vaticano II deve ter início uma outra Igreja…O Santo Padre falou em seu primeiro discurso na Cúria Romana, no Natal de 2005, que é necessária uma nova hermenêutica, aquela da reforma, que quer significar que deve-se renovar, porém dentro da grande tradição e da grande continuidade.

GP – Como caminho certo para a interpretação dos documentos conciliares, Sua Excelência propõe, seguindo o Santo Padre Bento XVI, uma “reforma da reforma” também no campo litúrgico. Qual é o significado desta hermenêutica?
Do ponto de vista dos fiéis, o primeiro efeito do Concílio foi a reforma da liturgia. As pessoas pensavam que a reforma da liturgia fosse um resultado do Concílio Vaticano II. Mas entre a Constituição da Sagrada Liturgia Sacrosanctum concilium e a reforma da liturgia verdadeira existe uma diferença. A Constituição, apresentando os novos textos, não eliminou os velhos livros da liturgia, mas previu uma reforma e estabeleceu as linhas guias para atuá-la em base as quais, depois do Concílio, foi dado início à reforma da liturgia e dos sacramentos. Sucessivamente foi criada uma nova situação. Sem dúvida a reforma deu muitos bons frutos, mas criou também alguns problemas. Porque quando as pessoas escutam a palavra “reforma” logo pensam que há uma nova liturgia, criada pelo Concílio e não arraigada na tradição. É por isso que algumas pessoas pensaram: “Nós queremos continuar com a nossa liturgia tradicional”. Sobre essa atitude conservadora o Santo Padre disse: “não. Há uma liturgia da reforma que é ainda arraigada na tradição, mas que é também aberta para o futuro”. Entre a Constituição Sacrosantum concilium e a reforma não há uma total identidade. Depois de alguns anos pode-se ver que tudo o que o Concílio quis foi encarnado na liturgia de hoje. Mas se vê que alguns elementos da Constituição sobre a liturgia não foram ainda percebidos pelo povo de Deus, por isto, hoje se deve pensar a como se pode aprofundar o Concílio Vaticano II.

GP – Quais são estes problemas?
Antes de mais nada, penso que a importância da adoração não esteja bem presente nos fiéis. Depois do Concilio se fala muito sobre como aumentar a participação dos fiéis na liturgia e isso é certamente um aspecto muito importante. Por isso se pensou em o que fazer para que os laicos possam participar mais ativamente e intensamente da liturgia. O participar, compreende essa liturgia, quer dizer a maneira de celebrar e de participar da Missa como um ato de adoração. Depois do Concílio há uma grande separação entre a adoração eucarística e a celebração da Missa. Hoje temos um despertar da adoração eucarística fora da Missa. Para mim é muito importante que reconheçamos de novo que a eucaristia é o ato fundamental da adoração. A segunda coisa diz respeito a todo o aspecto do sacrifício eucarístico, que na Santa Missa, depois do Concílio, foi um pouco negligenciado. É dito que a eucaristia é, principalmente uma ceia e não um sacrifício. Aqui temos um conflito e uma ruptura entre duas concepções diversas e isto não é correto.

GP – Na mídia o Santo Padre é visto como um tradicionalista que quer levar a Igreja aos tempos que antecederam o Concílio. Diversamente, Sua Excelência sustenta que o Papa Benedetto XVI seja o “maior intérprete do Vaticano II”. Qual é a verdadeira atitude do Papa em relação ao Concílio Vaticano II?
Há dois equívocos. O primeiro fala da hermenêutica de continuidade do Santo Padre, porque, diz-se que seja um tradicionalista, mas ele não tem uma hermenêutica de continuidade, mas a hermenêutica da reforma. Infelizmente, graças também a Hans Küng , a opinião difusa é que seja atualmente em vigor a hermenêutica da ruptura. É por esse motivo que as pessoas pensam que na realidade a hermenêutica da reforma levará de volta a Igreja aos tempos antecedentes ao Concílio. O Santo Padre, contrariamente, não quer de maneira alguma ir para trás e não que começar uma falsa hermenêutica do Vaticano II.

GP – Porém os atos papais do Motu Proprio Summorum Pontificum e a revogação da excomunhão dos quatro bispos lefebvrianos reforçaram essa opinião, tornando-se assim objeto de fortes críticas. Qual é o significado desses atos papais? Porque essas decisões?
A hermenêutica da ruptura diz que todo o rito tridentino é uma Missa velha, depois do Concílio temos uma Missa nova. Mas na história nem sempre foi assim, há sempre uma evolução contínua na liturgia. O problema se apresenta sempre da mesma maneira durante os séculos: quando a liturgia foi renovada pelo Papa Pio V depois do Concílio de Trento, que porém havia estabelecido que todos os ritos mais velhos do que 200 anos poderiam permanecer em uso. O Santo Padre quis, de fato, que a reforma da liturgia de João XXIII, de 1962, não fosse somente uma coisa do passado, mas também uma herança para o presente e para o futuro.

GP – Qual é a verdadeira contribuição de Bento XVI na elaboração da nova liturgia? Como o então professor Joseph Ratzinger escreveu o famoso livro sobre a liturgia, Lo spirito della liturgia (O espírito da liturgia)?
Creio que tudo dependa da cristologia do Santo Padre, porque a liturgia depende da cristologia. Se Jesus fosse somente um homem que viveu há dois mil anos, o que faríamos da liturgia? Se como cristãos acreditamos, diversamente, que Cristo é Filho de Deus, morto e ressuscitado por nós, então na liturgia há a Sua presença e a celebração é feita em memória d’Ele. A liturgia, em primeiro lugar não é uma ação dos homens, mas a ação do próprio Cristo presente na liturgia. Esse é o primeiro ponto.

O segundo é que há uma grande unidade e continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. No Antigo temos o culto do templo, o Novo Testamento diz que o próprio Cristo ressuscitado é o novo templo. Por isto não temos mais o sacrifício dos animais, mas temos um sacrifício muito pessoal. O sacrifício do Novo Testamento é Jesus Cristo que dá Sua vida por nós e essa é a nova dimensão do sacrifício, que deve estar presente na liturgia da eucaristia.

O terceiro ponto é que a visão teológica da liturgia vista pelo Santo Padre é uma liturgia cósmica. Hoje temos algumas vezes a impressão que a liturgia seja uma ação da comunidade presente. Mas para o Santo Padre a liturgia tem uma dimensão cosmológica e também é a ponte entre liturgia celeste e liturgia terrena. Neste sentido o Santo Padre disse que a direção preferível para celebrar a Missa é voltado para o leste. Ele quer renovar essa dimensão cosmológica da liturgia. É claro que não podemos mudar os altares de novo. Por isso o Santo Padre disse que é necessário colocar pelo menos um sinal do Crucifixo sobre o altar, de modo que seja visível para o sacerdote e para os fiéis, para lembrar, através da eucaristia, que o Cristo crucificado também ressuscitou.

GP – Pela primeira vez Sua Excelência participou do Ratzinger Schülerkreis e “tornou-se” aluno de Ratzinger: O “L’Osservatore Romano” em um breve artigo citando suas palavras disse que foi uma “experiência concreta, viva, positiva”. Também para nós, Sua Excelência pode descrever como era a atmosfera de um dia passado junto ao Santo Padre com seus ex-alunos?
Era uma atmosfera muito cordial e muito aberta. O Santo Padre participava pessoalmente durante o dia todo das conferências e das discussões. Ele escutava muito atentamente e, concluídas as intervenções, havia uma discussão na presença de seus 40 estudantes. Bento XVI ama a discussão. Tive porém um pouco a impressão que houvesse ainda uma atitude de “professor”. Não posso mais tornar-me um seu aluno porque nunca fui no passado, mas tenho uma ótima relação com esse Kreis. Foi criado um segundo círculo de novos alunos para o aprofundamento da teologia do Santo Padre. São teólogos muito jovens e muito apaixonados e contentes de estudar a teologia do Santo Padre. Estudam e aprofundam temas diversos: da política à tradição de continuidade, à liturgia.

Fonte: Fratres in Unum

domingo, 24 de outubro de 2010

A Tiara retornaria sobre a cabeça de Bento XVI?

Após comentários do site Golias, a Associação Cultural Monfort se debruçou sobre o tema. Mas cabe algumas questões: o Papa usaria a Tiara sem antes ter sido coroado? ou será que o foi dentro dos muros do Vaticano? Tudo isso seria viagem demais? Os textos citados abaixo não fazem menção a esta problemática, fala de indicações para o colégio de cardeais e sobre o possível uso da Tiara neste Natal:

A batina de cem botões e a tiara
Ivone Fedeli
Publicamos hoje duas traduções de notícias do site ultraprogressita golias.fr; e fazêmo-lo com grande prazer. Porque, embora Golias tenha uma perspectiva que é o avesso da professada por nós, concordamos fundamentalmente com tudo o que essas notícias afirmam, bastando apenas notar que nos alegramos com o que os entristece e nos entristecemos com o que os alegra. Situação análoga à do famoso prelado que, surdo e incapaz de ouvir os discursos dos bispos durante as discussões sobre a infalibilidade papal no Concílio Vaticano I, ficava atento ao esquerdista Cardeal Dupanloup e sabia sempre escolher a sua posição: opunha-se, quando Dupanloup apoiava e aplaudia quando Dupanloup protestava...
O primeiro texto refere-se à nomeação do Cardeal Piacenza para o Congregação do Clero e o segundo à auspiciosa volta da tiara às armas papais e, em breve, à augusta cabeça do Soberano Pontífice. Dois temas que, de si, não são conexos, mas que, contudo são aspectos de uma mesma transformação que, sob o comando do Santo Padre Bento XVI, gloriosamente reinante, vai suave, mas inexoravelmente, ocorrendo na Igreja.
A batina – de que Golias afirma que D. Piacenza é um grande adepto – e a tiara, que faz ulular de raiva aquele site, são dois símbolos de uma mesma mentalidade, de um mesmo modo de ver a Igreja.
Uma mentalidade que enxerga no padre o ministro de Deus, dedicado às coisas do alto e a conduzir às coisas do alto o rebanho do Senhor. Alguém que está no mundo, mas não é do mundo e que manifesta pela batina esse seu alheamento do mundano e essa sua consagração absoluta ao serviço de Deus, através do serviço das almas.
Uma mentalidade que vê no Papa o Vigário de Cristo e, como tal, com direito a usar a tiara -- também chamada de Regnum -- coroa tríplice que indica a unidade da Igreja e a suprema suserania do Papa sobre toda a Cristandade, como Soberano Universal da Igreja Una, Soberano dos Estados Pontifícios, e Bispo de Roma. (Ver sobre isso nesta carta).
Portanto, uma mentalidade oposta à adaptação da Igreja ao mundo, propugnada pelo Vaticano II, e à "maciça auto-secularização" da Igreja – na expressão do Cardeal Schönbrum, ocorrida durante os quarenta anos que se seguiram ao Concílio. (Ver notícia sobre isso).
Duas notícias, portanto, que designam dois elos da robusta corrente de reconstruções e restaurações que o Santo Padre vai encadeando para prender, com cada vez maior solidez, a
Santa Barca de Pedro às colunas de suas tradições doutrinárias e espirituais. Daí a fúria dos neomodernistas. Daí a alegria da Montfort.
Ivone Fedeli
São Paulo, 19/10/2010
Outubro 13, 2010 http://www.golias.fr/spip.php?article4528
Papa Bento XVI nomeia um ultraconservador para o comando da Congregação para o Clero

O nome do sucessor do cardeal Claudio Hummes como Prefeito da Congregação para o Clero acaba de ser revelado. Trata-se do secretário do mesmo dicastério, o arcebispo Mauro Piacenza, um italiano 66 anos que se declara filho espiritual do Cardeal Giuseppe Siri, arcebispo de Gênova por mais de quarenta anos, que o ordenou padre.
Intelectualmente brilhante, Piacenza é também ultraconservador. Obviamente, essa escolha não é fortuita. Trata-se de uma recompensa outorgada àquele que foi a locomotiva do ano sacerdotal encerrado em junho. Mas, além disso, o bispo de Piacenza encarna uma visão arquitradicional do padre. Um detalhe, mas que diz muito, é seu apego incansável ao traje eclesiático. Os padres deveriam voltar a ser vivamente encorajados a usá-lo, de preferência a batina com cem botões. Na falta dela, o estrito colarinho romano. A única coisa boa sobre esta desastrosa escolha profundamente tradicionalista - que volta definitivamente as costas não apenas à idéia de reforma do ministério sacerdotal, mas também ao espírito do Concílio Vaticano II e à intuição de outros modos de exercício do ministério sacerdotal, como o dos padres operários – é que Piacenza desconfia como de uma praga do Opus Dei e dos neoconservadores. É um tomista afastado de um misticismo vaporoso.

Esta escolha é, certamente, uma ducha fria para seu antecessor no cargo, o brasileiro Claudio Hummes, antigo arcebispo de Fortaleza e de São Paulo. Um franciscano de 76 anos de idade, outrora bastante progressista, e que não renegou seus amores da juventude (teologia da libertação ), apesar de uma nítida mudança espiritualizante, se não conservadora. Em comparação com Piacenza, porém, ele faz figura de um homem de esquerda. Sabe-se que ele defendia a tese da ordenação de homens casados como sacerdotes, o que obviamente não será o caso de Piacenza!
O Papa fez ainda uma outra nomeação significativa, mas de nível mais baixo do que o que se prognosticava para o interessado. Trata-se de D. Robert Sarah, 65 anos, ex-arcebispo de Conakry – para onde foi nomeado há 34 anos! – atual secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos. É um posto de confiança, principalmente devido às limitações do prefeito dessa Congregação, o Cardeal Ivan Dias, que não deu ao Papa grande satisfação e que está com a saúde debilitada. D. Sarah era citado, ainda há poucos dias, como o provável sucessor de Hummes a fim de - nas palavras de um prelado romano - dar cor a esse dicastério austero e prestigioso, o do Clero. Mas o Papa não teria nele a mesma confiança que tem Piacenza, homem da velha escola romana.
Mais próximo dos círculos neoconservadores, Sarah é, com efeito, considerado ortodoxo, mas não propriamente favorável ao retrocesso, e sujeito a explosões. Ele torna-se, portanto, chefe de um dicastério, mas de um dicastério menor, pois trata-se do Conselho "Cor Unum", no lugar do alemão Paul Josef Cordes, 76, um velho amigo de Ratzinger.
Piacenza será, evidentemente, criado cardeal no próximo consistório com um número bastante significativo de prelados italianos: para a Cúria, Angelo Amato, Velasio de Paolis, Fortunato Baldelli, Paolo Sardi, Gianfranco Ravasi e Francesco Monterisi. Sem mencionar dois arcebispos da Península, Giuseppe Anfossi, arcebispo de Florença e Paolo Romeo, arcebispo de Palermo. Na verdade, de todo esse areópago, Ratzinger só aprecia realmente os dois futuros cardeais ... Amato e ... Piacenza. Os outros só receberão o barrete vermelho devido a suas funções e a suas carreiras passadas.
A nomeação de Piacenza porta o cunho pessoal do papa. Promoções diretamente verticais (de secretário a prefeito de uma mesma congregação), são raras e desaconselháveis. Salvo uma confiança excepcional num homem incontornável. Sobretudo quando o promovido nunca teve um cargo na pastoral direta de uma diocese. O homem incontornável que é, sem dúvida, Mauro Piacenza aos olhos do Papa. Em seu plano de restauração.
A volta da tiara
Bento XVI varre a decisão de seus predecessores, Paulo VI e João Paulo II
Coisa anunciada, coisa logo realizada. A tiara que representa as três coroas do poder pontifical vai fazer seu come back dentro em pouco. Talvez no Natal, para a bênção urbi et orbi.
Essa festa se acompanha em geral de um apaziguamento dos conflitos ideológicos. O que é uma ocasião maravilhosa para fazer engolir uma pílula desse tamanho.
Enquanto isso, de certo modo a tiara já voltou, já que acompanha as novas armas do papa, como se pôde ver pela primeira vez no domingo 9 de outubro.
Evidentemente, um sinal muito importante.
Piscada de olho de entendimento para os tradicionalistas. Ofensa à memória de Paulo VI e dos dois Joões Paulos que não quiseram saber desse símbolo teocrático de outras eras, que exprime uma visão muito pouco evangélica do poder na Igreja.

Fonte: Montfort

Tiara ou Mitra? A Mitra reaparece no Brasão Papal.

Eis a notícia via Rorate Caeli e Rinascimento Sacro sobre o Angelus de hoje (24-10-10):

Tiara out, miter in -- once more.


Rinascimento Sacro reports that for today's Angelus, the papal coat of arms with tiara from Ars Regia that had occasioned so much discussion since its first appearance on October 10, was replaced with the coat of arms with miter:



Noting that some of the vestments made for Pope Benedict XVI have the tiara and not the miter with his coat of arms, Rinascimento Sacro's report -- which has photos of some of these magnificent vestments -- states that these will likely be redone as well in order to remove the tiara.
Fonte: Rorate Caeli

La tiara. Ovvero: “Tu sei Padre, Guida e Vicario”.

Domenica 10 Ottobre scorso è stato esposto dalla finestra dell’Angelus un drappo nel quale lo Stemma di Benedetto XVI non appariva più nella foggia consueta. Si è temuto fosse cambiato lo stemma ufficiale del Papa ed ora, per evitare equivoci, si farà subito marcia indietro. Torna il vecchio drappo. Ma era proprio necessario?

Cos’è la Tiara papale. Ovvero “Patrem, Rectorem, in terra Vicarium Salvatoris”.
[...] Du Puy afferma che papa Simmaco (498-514) portava una corona sopra la sua mitria. Oggi si ritiene che la corona che sta alla base della tiara abbia inziato a comparire tra il IX e il XI secolo. Hefele che i Papi iniziarono la loro mitria episcopale con una corona di principe allorquando sovrani temporali al tempo di Carlo Magno e questa sembra una supposizione accettabile. Resta il fatto, comunque, che non si può trovare traccia di un simile uso nell’arte figurativa anteriormente al XIII secolo.
La seconda corona venne aggiunta alla tiara da Bonifacio VIII (1294-1303) in modo che una rappresentasse una il potere spirituale, l’altra il potere temporale. Non sappiamo, però, se fosse proprio questa l’intenzione di Bonifacio VIII.
La terza corona fu aggiunta sotto il pontificato di Benedetto XI (1303-1304) o di Clemente V (1305-1314). La tiara con le tre corone viene menzionata la prima volta in un inventario del tesoro papale che risale al 1315.
Sin da quando ha assunto tale forma, la tiara è apparsa sempre come segno dell’autorità papale. A partire dal XIII secolo circa era guarnita di due nastri, originariamente di colore nero, uscenti dalla parte posteriore, come quelli della mitria.
Il pomello e la piccola croce posti sulla punta della tiara non compaiono mai sulle tombe dei Papi del Medioevo. Sembra che questi ornamenti non siano apparsi prima del XV secolo. Si incontrano per la prima volta sulla preziosa tiara di Giulio II (1503-1513). Sfortunatamente ce n’è pervenuta solo l’immagine. I gioelli che l’adornavano furono consegnati per pagare le indennità di guerra imposte al Papa nel 1799 da Napoleone a nome della Repubblica.
Come afferma giustamente Galbreath (Papal Heraldry, pag. 17) la tiara non ha niente a che vedere con il culto liturgico. Il Cardinale San Roberto da Bellarmino e l’araldista Giulio Cesare de Beatiano erano della medesima opinione ai loro tempi anche se Du Puy li contraddice. Secondo questo studioso la tiara è simbolo di potere spirituale e in nessun modo denota potere temporale. La prova che adduce il Beatiano a sostegno della sua affermazione che la tiara significhi potere temporale non ha solide basi. Egli scrive fantasiosamente che le tre corone rappresentino le tre parti del mondo allora conosciuto: l’Europa, l’Asia, l’Africa. Perchè allora non vennero aggiunte altre due corone dopo la scoperta della’America e dell’Australia? Nonostante la debolezza della sua argomentazione egli bene si accorda con l’opinione dei suoi contemporanei.
E’ certo che quando presiede celebrazioni liturgiche il Papa porta la mitria e mai la tiara. Si può dunque concludere che la tiara non è un copricapo liturgico, ma piuttosto il segno del potere sovrano che esercita il Papa, nella sua doppia qualità di capo supremo della Chiesa e sovrano dello Stato Pontificio. Il bisogno di simboleggiare l’unità di questi due poteri influì certamente sull’evoluzione della tiara. E’ possibile pensare che l’importanza del potere temporale fu il motivo primo della creazione di una corona così maestosa, ma oggi il simbolismo specifico della tiara è quello della posizione suprema del Papa sulla Chiesa universale , e questo resterebbe intatto anche il potere temporale dovesse ancora una volta cessare del tutto.
Nel corso della cerimonia dell’incoronazione il Cardinale protodiacono poneva la tiara sul capo del Sommo Pontefice dicendo: “Accipe tribus coronis ornatam, et scias te esse Patrem Principum et Regum, Rectorem Orbis, in Terra Vicarium Salvatoris nostri Jesu Christi, Cui est honor et gloria in saecula saeculorum”.
La triplice corona pontificia potrebbe simboleggiare anche la supremazia del Papa sulle tre Chiese: militante, purgante e trionfante o anche il triplice ministero di sacerdote, di pastore, e di maestro della Fede. [...] Tratto da Mons. Bruno Bernard Heim, “L’araldica nella Chiesa Cattolica: origini, usi, legislazione”, Libreria Editrice Vaticana.
Sic transit gloria mundi. Ovvero tutto questo (per fortuna) è opinione.
Come tutti sanno il drappo esposto dalla Loggia di San Pietro e dalla finestra degli Appartamenti Pontifici riportano lo Stemma Papale in segno di rispetto e decoro dell’Autorità del Pontefice Regnante. Niente di liturgico, certo, ma semplici vestigia di quel cerimoniale di corte che, volente o nolente, la Santa Sede si porta dietro fin dal Rinascimento. Come Sovrano di uno Stato dunque, anche il Papa espone le sue “armi”.
Ora, ogni cristiano sa che l’unica vera “arma” di un Pontefice della Chiesa Cattolica è la Croce di Cristo. Ogni cristiano sa che ogni altro fastigio, corona, orpello, velluto, ammenicolo e apparato è solo un pour faire quelque chose su questa miserevole terra, davanti agli umani che son più tardi degli angeli nel comprendere le cose Sante di Dio, e che oro e bisso verranno un giorno depositati sulle tombe senza entrarvi, e lì si copriranno di polvere, com’è giusto che sia, finchè la consunzione del tempo li farà sparire.
La Chiesa cattolica è sempre stata consapevole di questo straordinaria contraddizione tra il fasto e la ruggine, tra la salute e la tigna. Nel rito dell’incoronazione, quando certi Imperatori s’arrischiavano addirittura a prendersi da soli la corona, il Cardinale Protodiacono introduceva il neoeletto Papa alla Sua Corona apostrofando l’entusiasmo in maniera incredibile: “Pater Sancte, sic transit gloria mundi“. Lo annunciava solennemente per tre volte, tre volte bruciando della stoppa. Ciò che sembra impudenza è solo il senso cattolico della realtà e delle cose.
Negli ultimi tre pontificati si è deciso di non svolgere il rito di Incoronazione, ponendo all’inizio un certo imbarazzo su cosa il neoeletto a questo punto dovesse fare. Ma poi da questi imbarazzi si esce, i cerimonieri s’ingegnano, ed ora il Papa “inizia solennemento il suo apostolato” ricevendo altri simboli, come il Pallio dalle croci rosse per esempio.
Per Benedetto XVI il pallio fu una sciarpa mar(t)iniana, di cui i posteri non faranno memoria, essendo stata accuratamente grattata via anche dal tondo papale di San Paolo. “Sic transit gloria mundi“, appunto, anche per gli ingegneri della cerimonia. Ma la cosa più curiosa è apparsa da subito la foggia della tiara rappresentata sopra lo stemma di Benedetto XVI: una tiara dalla forma mitriata, meno panettosa, sempre in argento, con le tre corone unite da un palo. Era evidente che chi l’aveva proposta era rimasto in mezzo ad un guado. Si era cercato di smarcarsi dalla tiara tradizionale, senza giungere ad una vera mitria episcopale: ne uscì un’ibrido su cui oggi torniamo a riflettere.
Questioni di stile. E di ruolo.
L’elezione del nuovo Pontefice aveva dato modo ad alcuni ambienti di portare avanti un’idea che girava già da molto tempo: se Paolo VI ha deposto la sua tiara, e se i suoi successori non l’hanno più utilizzata, era giunto il momento di sostituire definitivamente il copricapo papale anche nello stemma.
Non era certo un ragionamento araldicamente logico, dato che l’araldica è un sistema inerziale, e pertanto tende a conservare i segni di dignità anche quando sono desueti.
In effetti, questo atteggiamento ha già dei precedenti: vi sono Vescovi che si sono allegramente tolti l’ingombrante galero prelatizio dallo stemma. L’attuale Vescovo di Siena, Antonio Buoncristiani, si è portato avanti e da anni sfoggia sullo stemma la stessa mitria che si vorrebbe per il Papa. Nel suo caso il blasone fa un po’ anglicano smarrito in terra cattolica, ma è così elegante che sarebbe degno, un giorno, di un paio di chiavi incrociate dietro lo scudo.
Tuttavia, l’ostinata volontà di sostituire il simbolo papale ha da sempre una motivazione ideale abbastanza inafferrabile. Parte da: “Il Papa non più un sovrano temporale, ma il Pastore della Chiesa universale” e finisce quasi sempre nel voler fare di Pietro un “primus inter pares“. E poichè la religione cattolica vive di simboli e di prassi, ancor prima che di dottrine, si è cercato di far scivolare il concetto nel “trascurabile dettaglio” dell’araldica ecclesiastica, che fino ad allora era rimasta ferma nelle sue certezze (si contano solo rari abusi nell’uso della tiara da parte di Vescovi: conferma indiretta, comunque, dell’autorità sovrana che quel simbolo esprime).
Già ai tempi di Paolo VI, gli stemmi papali postconciliari spesso non riportano più il triregno ma una semplice mitria. Qualche esempio, assolutamente incoerente e pretestuoso, lo si vide anche sotto il pontificato di Giovanni Paolo I.
Anche Giovanni Paolo II, suo malgrado si ritrovò in giro stemmi che andavano da questo
a questo
risalente al 1994, quando l’allora Arciprete della Basilica di San Pietro, il Cardinal Virgilio Noè, volle onorare il Santo Padre sostituendo la tiara dello stemma wojtyliano con una comune mitria, e perpetuò il tributo nell’ intarsio marmoreo del pavimento.
Oggi, il passo fatto fare allo stemma di Benedetto XVI è decisamente meno coraggioso. E se vogliamo, il pensiero ispiratore appare pure più ingarbugliato, poichè il recente maquillage ha conservato giusto le tre “scandalose” corone di Padre dei Principi e dei Re, Rettore dell’orbe terracqueo e in terra Vicario del Salvatore nostro Gesù Cristo.
Marketing papale. Ovvero quando si ha un’idea da vendere.
Cimentarsi in un tale esperimento di creatività araldica è impresa assolutamente legittima, beninteso, dal momento che il Papa come sommo legislatore potrebbe decidere di mettersi in testa qualunque cosa, senza chiedere niente a nessuno.
Tuttavia, è innegabile che le continue modifiche degli stemmi papali negli ultimi quarant’anni, stiano rischiando di risultare una vera e propria strumentalizzazione del potere mediatico che lo stemma papale ha dimostrato di avere. In marketing si parlerebbe di branding, ovvero costruire un marchio attorno ad un’idea da vendere.
Qual’è l’idea da veicolare col nuovo rifacimento è più difficile da definire di quanto si pensi. E del resto è dignitoso che un Papa debba avere uno stemma oggi e uno stemma domani, alla mercè di qualunque idea si possa avere del papato? E’ possibile “gestire” un simbolo della cristianità universalmente riconosciuto senza intaccare la teologia che rappresenta?
Forse, con tutto il rispetto per chi decise effettivamente quel giorno, sarebbe meglio non si corresse a mettere e togliere di continuo, addosso alla Sacra Persona del Pontefice, i gagliardetti del proprio passaggio su questa terra.
Non vogliamo giudicare, e qui sia ben chiaro, quello che effettivamente nel 2005 potrebbe essere un atto illuminato del Santo Padre, come s’è affrettato a dichiarare alla stampa il Cardinal Cordero di Montezemolo. Ma l’araldista deputato aveva ancora in mano i bozzetti da sottoporre al Papa, Eminenza.
Certe scelte, tanto complesse e idealiste da non essere mai chiare e limpide, tradiscono se stesse. E’ chiaro che per buona parte del pontificato precedente c’è stato un continuo e costante intento nel trasformare l’immagine petrina di fronte all’opinione pubblica. E quando le novità si annunciano con tanto entusiasmo durante il lutto della Chiesa Cattolica, finiscono per sembrare l’atto finale di una lunga regia che cerca le sue inquadrature. Ed è stato nell’avvicendamento dei regni, prima dell’uscita dal palco, che i registi hanno forzato la scena per cogliere l’ultima occasione di consacrare pubblicamente la propria idea di Chiesa. “Sic transit gloria mundi”.
A noi piace pensare, disposti ad essere smentiti e ricondotti alla giusta opinione, che questo Papa sia troppo santo per pensare al suo stemma e al suo vestire; che il Suo colloquio, cuore a cuore con Dio, lo impegni troppo per preoccuparsi di essere presentabile al mondo. E’ un Papa che regge davvero l’orbe terracqueo sulle sue spalle, come una Croce immensa, e considerate le tribolazioni che gli procuriamo ogni giorno, non ha che la corona di spine di Gesù Cristo per vantarsi.
Gli rispose Gesù: “Pasci le mie pecore. In verità, in verità io ti dico: quando eri più giovane ti vestivi da solo e andavi dove volevi; ma quando sarai vecchio tenderai le tue mani, e un altro ti vestirà e ti porterà dove tu non vuoi”.(GV 21, 17-18)
Lo stile del Bernini per la piazza del Bernini.
Domenica 10 Ottobre è apparsa un’altra foggia dello stemma papale non per creare polemica o per dar modo di gridare alla restaurazione ai soliti timorosi. La tiara non ci pare stia per tornare a breve sulla testa del Pontefice, nè pare sia in corso il rifacimento dello stemmario ufficiale. Il drappo è stato solamente il dono devoto, grato e sincero di un marchigiano per il Santo Padre in occasione del quinto anniversario della Sua Elezione al Soglio Pontificio. Un dono necessario a rimediare al vecchio drappo che ancora portava coperte alla bell’e meglio le insegne precedenti. E Dio benedica chi ha avuto la nobile serenità di utilizzarlo perchè bello, ben confezionato ed atto al suo semplice scopo: esporre i segni dell’Autorità papale ai fedeli.
Si è pensato, come è stato suggerito, di presentare l’intero blasone papale secondo la foggia berniniana perchè, si converrà, nessun’altra foggia è più consona alla piazza del Bernini. La foggia rinascimentale d’altronde già compare su altri parati donati al Papa, e anche in quel caso scudo, copricapo e sostegni sono in stile. Pretendere che l’araldica papale s’adegui ad un solo stile sarebbe fuorviante. Essa trascende la pura espressione artistica e rimane declinabile secondo la convenienza.
Pare, tuttavia, che l’interesse creatosi attorno allo stemma papale rappresentato sul nuovo drappo abbia incontrato il disappunto di alcuni, e di disappunto in disappunto, ci si sarebbe mossi per risolvere la cosa. Così Domenica prossima, dalla finestra del Papa, molto probabilmente torneremo a rivedere esposto il drappo precedente. Quello con la toppa bianca.
Scelta legittima, se a casa propria ognuno mette fuori i panni che vuole. Ma ci si può chiedere preoccupati: tutta questa fedeltà alla linea non finirà per trascinare nuovamente il Santo Padre nel Sinedrio delle nostre opinioni, dividerci le vesti, e abbandonarlo, ancora una volta, davanti al chiacchiericcio del mondo?
La Croce. Ovvero il dettaglio che fa la differenza.
Ad un’attenta analisi, la questione dello stemma di Benedetto XVI, cioè cosa abbia o meno in capo, non dovrebbe nemmeno sussistere. Considerando quanto Mons. Heim dice a proposito della tiara, dovremmo infatti ammettere che, pur nella sua nuova, incomprensibile foggia, e a dispetto di quanto si è andato affermando a priori, lo stemma del Pontefice Regnante ha sempre avuto in capo una tiara.
Le tre corone di Patrem Principum et Regum, Rectorem Orbis, in Terra Vicarium Salvatoris sono bene evidenziate e il palo che enfaticamente le unisce, non fa altro che esaltare il significato della riunione dei tre poteri nell’unica Persona del Pontefice.
Il copricapo è di colore argento, e interpretandolo per l’unica cosa che potrebbe rappresentare secondo la storia araldica, è di metallo. E questo sarà l’unica interpretazione possibile finchè nell’uso dei prossimi anni non invalga veramente e di fatto una mitria di stoffa siffatta, mai vista prima, argentata, fasciata e impalata.
La forma, sedicente mitriata, a questo punto sarebbe solo una scelta stilistica allusiva, discutibile ma possibile, che tuttavia non pregiudica affatto la forma conica della tiara.
Ma alla fine sta il vero paradosso. Si voleva episcopalizzare lo stemma del Papa, in realtà le si è tolto il sommo onore.
Infatti, l’unica cosa che ci si è dimenticati di mettere, all’apice, sopra il tutto, è lo splendore della Croce di Cristo.
***
Questa è una mitria.
E chi la porta è un vescovo all’ultimo Sinodo.
***

Benedictus benedicat Benedictum.
Fonte: Rinascimento Sacro

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Papa anuncia 24 novos cardeais. Consistório em 20 de novembro.


O Papa Bento XVI anunciou os nomes dos novos cardeais que serão criados no consistório a se realizar em 20 de novembro.

Dos 24, 10 são italianos, dos quais 8 eleitores (os acima de oitenta anos não têm direito a voto), dois alemães, um polonês, um suíço, um espanhol (não eleitor), quatro africanos, entre eles o Patriarca do Egito, dois americanos, um brasileiro e um equatoriano, um do Sri Lanka.

Os membros da Cúria Romana são: Angelo Amato, Fortunato Baldelli, Raymond Leo Burke, Velasio De Paolis, Francesco Monterisi, Kurt Koch, Gianfranco Ravasi, Paolo Sardi, Robert Sarah, Mauro Piacenza.

Arcebispos residenciais:

Antonio Naguib, patriarca de Alexandria dos Coptas (Egito);
Paolo Romeo, arcebispo de Palermo;
Reinhrad Marx, arcebispo de Munique e Frisinga (Alemanha);
Kazimierz Nycz , arcebispo de Varsóvia (Polônia);
Donald William Wuerl, arcebispo de Washington (EUA);
Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa (Congo):
Medardo Joseph Mazombwe, arcebispo emérito di Lusaka (Zâmbia);
Albert Malcom Ranjith Patanbendige Don, arcebispo de Colombo (Sri Lanka);
Raul Eduardo Vela Chiriboga, arcebispo de Quito (Equador);
Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (Brasil).

Com mais de 80 anos de idade: Elio Sgreccia (Itália), Josè Manuel Estepa Llaurens (Espanha), Walter Brandmuller (Alemanha), Domenico Bartolucci (Itália).


Fonte: Papa Ratzinger blog

Visto em:

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Tríplice Tiara está de volta ao Brasão Papal



Segue também a notícia dada pelo Rinascimento Sacro com suas devidas explicações.

New Depiction of Pope Benedict XVI's Arms Features Tiara


While there have been plenty of unofficial depictions of the pope's personal arms featuring the triregno since the start of the pontificate of Benedict XVI, nearly all official images have been depicted with the three-banded mitre devised by heraldist Cardinal Cordero Lanza di Montezemolo at Benedict's election. The only exceptions I can think of would be the regimental flag of the Swiss Guards which was based on a pre-existing pattern, and a elaborate planting design in the Vatican gardens which presumably would have been too onerous to rip out. I was recently pleased to discover that the new banner or hanging embellishing the window the Pope uses for his noonday Angelus shows the traditional papal emblem back above the Pope's personal arms, in a design produced by the studio Ars Regia. The design retains the heraldic "papal" pallium introduced in 2006. Whether or not one thinks the tiara should be restored to actual use, the restoration of its symbolic, heraldic use gives considerable continuity, consistency and clarity to present papal practice and is a welcome development. I can think of no other emblem so clearly linked with the papacy in the mind of the faithful than this, and it is good to see it back in use.



Nuovo stemma per il Papa (update)

Abbiamo visto tutti, dalle riprese TV dell’Angelus di oggi domenica 10 ottobre 2010 , come lo “stratum” di velluto della finestra papale del Palazzo Apostolico reca , da oggi, il nuovo artistico stemma del Papa ( la cui immagine è riprodotta) donato da un fedele in occasione del 5° anniversario dell’elezione di Benedetto XVI . Qui di seguito pubblichiamo il Comunicato Stampa dell’azienda Ars Regia che lo ha realizzato:


COMUNICATO STAMPA
Il nuovo stemma papale di Benedetto XVI


FERRARA, 10 Ottobre 2010 – Nel corso della recita dell’Angelus di oggi, domenica 10 Ottobre, si è potuto ammirare per la prima volta il nuovo stemma papale del Santo Padre Benedetto XVI, ornato della tiara secondo l’antico uso.

Questo stemma, interamente ricamato a mano, è stato realizzato dall’atelier ferrarese di paramenti sacri Ars Regia e ripropone lo scudo con gli emblemi del Pontefice e il Pallio ornato di croci rosse. La parte esterna dello scudo è invece ispirata allo stemma di papa Barberini che si può vedere sui pilastri del Baldacchino berniniano nella Basilica Vaticana.

La differenza rispetto al modello precedente – che alcuni attribuiscono al Cardinal Montezemolo – è che questo stemma reca nuovamente il triregno – la triplice corona del Sommo Pontefice – anziché la mitria, ripristinando l’antico uso, cui non aveva rinunciato nemmeno Giovanni Paolo II. L’innovazione della mitria a tre fasce, che aveva creato qualche perplessità negli esperti d’araldica, si affianca alla foggia tradizionale.

Pietro Siffi, titolare di Ars Regia, commenta: «Altri stemmi con la tiara erano stati da noi realizzati per alcuni paramenti indossati da Benedetto XVI sin dall’Avvento del 2007. Anche il parato pontificale che fu usato per l’inaugurazione dell’Anno Paolino ha tutte le vesti liturgiche con lo stemma papale ornato di tiara».

A quanti attribuiscono a questo nuovo stemma una valenza ideologica, Pietro Siffi replica: «Gli stemmi degli Abati, dei Protonotari, dei Vescovi, degli Arcivescovi e dei Cardinali che si vedono sui portali delle Cattedrali e delle Curie di tutto il mondo recano il galèro, un antico copricapo con fiocchi che ora è caduto in disuso; ma nessuno ha mai tolto il galèro dallo stemma dei Prelati, così come nessuno ha tolto l’elmo o la corona dallo stemma dei nobili e dei sovrani. Anche il Papa non usa la tiara, ma essa rimane nel suo stemma». ©© 2010 arsregia



Fonte:
Rinascimento Sacro

O Retorno do Papa Rei. Por que Ratzinger mudou o seu brasão.

Il Foglio – Paolo Rodari, Roma – Se a heráldica é a exata representação visível e codificada de uma realidade, o retorno da tiara pontifícia no brasão de Bento XVI tem um valor simbólico que não pode ser subestimado. Com as suas três coroas, a tiara fala do tríplice poder do Papa: pai dos reis, regente do mundo, vigário de Cristo. Fala do sucessor de Pedro que, na estrutura hierárquica que é a Igreja, é o chefe supremo. O seu primado não está em discussão, as rédeas do governo são , em comunhão com os bispos, suas. No último domingo, durante a recitação do Angelus na Praça de São Pedro, pela primeira vez o novo brasão papal foi apresentado ao público. Para muitos tratou-se de um sinal vigoroso depois que, em abril de 2005, o Papa – que nos prognósticos pré-conclave era visto por todos como “o homem da restauração”, após os anos do vento reformador pós-conciliar – havia exposto o foco de seu programa “político” num brasão de simbologia contraditória: a tiara vinha substituída por uma mitra, considerada pelos especialistas mais carregada de espiritualidade e de um senso de colegialidade e fraternidade com o episcopado. Em 2005, o docente e estudioso da Igreja Giorni Rumi disse: “A tiara era dos tempos das cruzadas. E agora desapareceu, como se marcasse uma maior proximidade dos bispos: estamos de fato no primeiro Papa do novo milênio, existem sinais indicativos de um projeto ou de uma esperança”. Antes mesmo, pois era do tempo de Paulo VI, o Papa que aboliu o uso da sedia gestatória, a tiara não vinha mais endossada por um Papa. Mas permanece o fato de que ninguém, nem mesmo o próprio Montini, ousou retirá-la do próprio brasão. O primeiro foi precisamente o Papa Ratzinger.

Por que Bento XVI o fez? A resposta pode ser dupla. Para alguns, foi a última cartada do cerimoniário pontifício ligado à escola da reforma litúrgica pós-conciliar de Annibale Bugnini; [...] foi ele, dizem, o inspirador “post mortem” de Monsenhor Piero Marini, grande cerimoniário papal no pontificado wojtyliano, em todas as suas inovações litúrgicas: a última, cronologicamente, o brasão sem tiara. Um brasão, dizem os promotores desta versão, que Bento XVI teve de suportar sem poder reagir.

Um brasão desenhado, sob indicação do ofício cerimonial, pelo Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo, especialista em heráldica.

Para outros, pelo contrário, tudo é mais simples: a retirada da tiara do brasão foi uma ordem precisa de Ratzinger, que desejava dizer basta aos adereços e aos sinais renascentistas. O sinal de que para ele chegara o tempo de um pontificado “franciscano”, que no brasão recordasse que o Papa é “unus inter pares”: o sonho ainda em vigor de uma colegialidade democrática. Quem é Bento XVI? Em 2005, muitos o descreveram a partir de seu brasão: um Papa bávaro e, como tal, decidido a guardar o patrimônio de identidade se esvaziando das tentações temporalistas. Mas hoje a antiga coroa retornou ao brasão. E diz muito de Bento XVI e de seu pontificado.

Nosso agradecimento a um gentil amigo pela tradução

Fonte: Fratres in Unum

Obs.: O Papa Montini não aboliu a Sédia Gestatória, ele a usou, e até João Paulo I fez uso da mesma.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Monsenhor Guido Marini e a reforma da Reforma.

Trecho da entrevista de Monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias do Santo Padre, à Gaudium Press:

GP – O então professor Ratzinger nos seus escritos fala na reforma da reforma da liturgia. Como o senhor vê esta exigência das reformas, das mudanças na liturgia? De fato, algumas mudanças já foram introduzidas pelo Santo Padre Bento XVI.


Quando às vezes se fala e se usa este termo “reforma da reforma”, se arrisca a ser “mal entendido”. Porque nem todos o entendem da mesma maneira e nem todos o captam do mesmo modo. Eu creio que, além das frases feitas, aquilo que é importante é que a reforma que o Concílio Vaticano II iniciou seja efetivamente realizada em modo completo segundo os ensinamentos do Concílio, que colocam a liturgia em uma continuidade com toda a sua tradição no mesmo tempo com o critério de desenvolvimento orgânico. Como deve ser sempre na vida da Igreja. A atuação prática da reforma depois do Vaticano II não está sempre feliz. Exatamente por isto que talvez seja necessário fazer alguma correção, alguma mudança, alguma melhoria justamente para atuar em modo completo as indicações do Concílio e fazê-las de forma que pareça cada vez mais claro com o desenvolvimento da liturgia da Igreja e se coloque em orgânica continuidade com a que a precedeu.

Fonte: Fratres in Unum


Mudanças na Congregação para o Clero _ Apenas 4 anos de Cardeal Hummes

Vejamos as repercursões:

Good-bye Hummes! Não deixará saudades. Dom Piacenza assumirá a chefia da Congregação para o Clero.


Acaba de ser anunciada a aceitação da renúncia do Cardeal Claudio Hummes, por atingir o limite de idade de 75 anos. Sua Eminência dificilmente terá tempo de voltar ao Brasil para fazer campanha para Dilma Roussef.

Em seu lugar assumirá Dom Mauro Piacenza, até o momento secretário do mesmo dicastério.

Fonte: Fratres in Unum

Cardinal Hummes retires, replaced by Archbishop Mauro Piacenza

From Vatican Radio:


On Thursday Pope Benedict XVI accepted the resignation of Cardinal Claudio Hummes from the post of Prefect of the Congregation for Clergy. The Holy Father has appointed Italian Archbishop Mauro Piacenza to succeed Cardinal Hummes to the position.

Also Thursday Pope Benedict XVI accepted the resignation of Cardinal Paul Cordes from the post of President of Cor Unum. He will be succeeded by Guinean Archbishop Robert Sarah, formerly secretary at the Congregation for the Evangelisation of Peoples
.



Cordialiter mentions that the new Prefect of the Congregation for Clergy is a "Sirian" prelate (having been educated in the seminary of Genoa in the time of Giuseppe Cardinal Siri, who also ordained him a priest). Msgr. Piacenza (left) had been the Secretary of the same Congregation that he will now head. (It is unusual for a Secretary of a Vatican Congregation to be made its Prefect.)


Archbishop Piacenza authored the following articles: The Casing of the Eucharist and Stones, Sounds, Colours of the House of God.

Fonte: Rorate Caeli



Il Cardinale brasiliano Hummes lascia per raggiunti limiti d’età, Monsignor Piacenza nuovo Prefetto della Congregazione per il Clero. Il ritratto del prelato cresciuto alla scuola di Siri

CITTA’ DEL VATICANO - Monsignor Mauro Piacenza (nella foto) e' da il nuovo Prefetto della Congregazione per il Clero. La nomina e' stata fatta da Benedetto XVI dopo aver accettato la rinuncia per raggiunti limiti di eta' del Cardinale Claudio Hummes. Monsignor Piacenza era finora Segretario dello stesso dicastero. Il prelato ha 66 anni, essendo nato a Genova il 15 settembre 1944. E' stato ordinato sacerdote il 21 dicembre 1969. E' laureato in Diritto canonico. Nell'Arcidiocesi di Genova e' stato vicario parrocchiale della parrocchia di Sant'Agnese e Nostra Signora del Carmine, confessore presso il Seminario arcivescovile maggiore, cappellano dell'Universita'. In seguito, e' stato, tra l'altro, delegato arcivescovile per l'Universita', docente di Diritto canonico presso la Facolta' teologica dell'Italia settentrionale, giudice presso i Tribunali ecclesiastici diocesano e regionale ligure, assistente diocesano del Movimento ecclesiale di impegno culturale, docente presso l'Istituto superiore ligure di Scienze religiose. Nel 1986 e' stato nominato canonico della Cattedrale metropolitana di Genova. Dal 1990 ha prestato servizio presso la Congregazione vaticana per il Clero, diventando capo ufficio nel 1997 e sottosegretario nel 2000. Il 13 ottobre 2003 e' stato nominato Presidente della pontificia Commissione per i Beni culturali della Chiesa e il 15 novembre successivo e' stato consacrato vescovo. Il 7 maggio 2007 e' diventato Segretario della Congregazione per il Clero, venendo elevato alla dignita' di Arcivescovo, e conservando 'ad interim' gli incarichi di Presidente della Pontificia Commissione per i Beni culturali della Chiesa e di quella dell'Archeologia Sacra. Monsignor Piacenza e’ stato peraltro allievo dell’indimenticabile Cardinale Giuseppe Siri. Il suo predecessore al vertice del dicastero vaticano per il Clero, che ha competenza sui sacerdoti di tutto il mondo, il brasiliano Claudio Hummes, 76 anni, ex Arcivescovo di San Paolo, era stato nominato prefetto della Congregazione il 31 ottobre 2006 ed ha pregevolmente organizzato l’Anno Sacerdotale indetto da Benedetto XVI.


Fonte: Petrus


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Missa Nova: Mais Variedade para os Católicos.

Tradução de Roberto F. Santana


Por quase quatro séculos — de 1570 até o Segundo Concílio do Vaticano, em 1963 — a Missa Católica Romana era tão imutável e inalterável como o movimento da Terra. De Manila até Minneapolis, a linguagem na maior parte da Missa era o latim murmurado baixinho, pontuado por um ocasional “Dominus Vobiscum”. As mãos do sacerdote, de costas para a congregação, postas precisamente no ângulo prescrito em cada momento crítico da liturgia. Somente em pequenos enclaves de inovação litúrgica, em torno de mosteiros, colégios e nos territórios de missões, outras formas foram introduzidas delicadamente.*

Então, como se o eixo polar houvesse mudado, veio a libertação do Concílio Vaticano II. A missa foi invadida por tambores, violões, conjuntos de mariachi; liturgias experimentais foram celebradas no vernáculo. Houve comunhão sob “duas espécies”, o pão e o vinho, um privilégio que os leigos de rito latino não tinham a séculos. (Protestantes costumam receber tanto o pão e o vinho, mas os católicos acreditam que o pão, o corpo vivo de Cristo inclui o “sangue” também.) Agora, o Vaticano e as muitas conferências nacionais de bispos estão em processo de adoção de uma missa nova oficial que combina a tradição de longa data e alguns dos melhores novos experimentos.

Diferentemente da missa antiga, um produto da Contra-Reforma do Concílio de Trento, que delineou cada palavra e movimento da liturgia em meticulosas rubricas de 57.000 palavras, a missa nova é mais uma série de opções do que um conjunto de regulamentos. Quatro alternativas da “oração eucarística”, por exemplo, podem ser escolhidas para a parte mais sagrada da missa, a consagração do pão e do vinho. Embora as palavras de consagração (“Este é o meu corpo… Este é o meu sangue…”) sejam idênticas em cada versão, as quatro diferentes orações eucarísticas são concebidas, na frase do Papa Paulo, para salientar “os diferentes aspectos do mistério da salvação “. Uma versão particularmente eloquente descreve Cristo como “um homem como nós em tudo, mas sem pecado. / Para os pobres, proclamou a boa notícia da salvação, / para os presos, a liberdade, / e aos tristes, a alegria” . Desenvolvimentos na teologia eucarística também são aparentes nas instruções para a missa nova, que enfatizam o carácter de “banquete pascal,” um encontro ” do povo de Deus, para celebrar o memorial do Senhor”.

A forma de comunhão reflete a nova teologia também. A hóstia, tradicionalmente, nos EUA, um pequeno e fino disco feito de farinha, deve ser agora mais parecido com um pão, de modo que ele possa ser quebrado e partilhado por sacerdotes e pessoas em uma reedição mais vívida da Última Ceia. O vinho pode ser bebido diretamente do cálice, tomado com uma colher, tomado por “indução” (mergulhando o pão no vinho), ou mesmo sorvado através de canudos de prata.

Primeira Aliança. Outras inovações irão parecer familiares aos protestantes e judeus. No início da missa, o padre cumprimenta as pessoas com: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós”, um velho favorito dos protestantes que vem de São Paulo (/ / Coríntios 13:14). A oração começa com o ofertório, a tradução da frase que tradicionalmente abre as bênçãos judaicas: “Bendito és Tu, Senhor, Deus de toda a criação.” É dada maior atenção nas leituras bíblicas na missa para a dívida do cristianismo com a primeira aliança com Deus do judaísmo. Em vez de duas leituras, a epístola familiar e o Evangelho do domingo, as missas agora irão incluir três, um do Antigo Testamento, uma das Epístolas ou outro livro do Novo Testamento, e um dos Evangelhos.

Agradando os protestantes. Muitos não irão sentir falta das omissões do antigo rito: acabaram os repetitivos sinais da cruz, orações redundantes, genuflexões sem fim. O que foi adicionado, com uma forte ênfase na participação dos fiéis, é particularmente importante para uma Igreja em que a participação dos fiéis tem sido, por muito tempo, passiva. Os leigos agora oficialmente abrirão a missa com um cântico de entrada, irão iniciar o ofertório levando o pão e o vinho ao altar e irão compartilhar com o celebrante e uns com os outros um “sinal de paz”, pouco antes da Comunhão, um aperto de mão ou um abraço amigável.

Apesar de tais “inovações” refletirem uma prática cristã mais autêntica do que a liturgia do Concílio de Trento, com suas muitas adesões medievais, a missa nova já despertou alguma resistência. Algum tempo depois que o Papa Paulo promulgou a versão básica latina em abril passado, dois antigos conservadores do Vaticano, o Cardeal Alfredo Ottaviani, 79, e Antonio Cardeal Bacci, 84, emitiram um comunicado de imprensa próprio chamando a Missa de “ultrajante” e “um atentado claro ao dogma… moldada para agradar aos mais vanguardistas protestantes.” O pontífice respondeu que esperava que os católicos “prontamente aderissem” ao novo rito, mas estendeu o prazo para a sua utilização obrigatória para 28 de novembro de 1971 (primeiro domingo do Advento, quando começa o ano litúrgico).

A prorrogação, entretanto, não foi para apaziguar os bispos relutantes, mas para dar tempo às conferências episcopais nacionais para considerarem as opções e elaborarem traduções em vernáculo. A Itália, obediente, já está usando o novo rito, e os bispos de países de língua inglesa também serão capazes de implementarem bem antes do prazo. Enquanto o novo Missal estava em preparação, um Comitê Internacional de Inglês na Liturgia já estava no trabalho há quatro anos. Ele preparou uma tradução comum em inglês da Missa para onze países de língua inglesa e cerca de 40 outros territórios, principalmente territórios missionários, onde o inglês é usado. Nos EUA, quase todos os bispos aprovaram uma versão revisada em novembro, assim como todas as outras hierarquias de língua inglesa. Na Grã-Bretanha,a missa nova começará, em muitas dioceses, no primeiro domingo da Quaresma; nos EUA, no Domingo de Ramos, 22 de março; outros já estão usando. Na maioria dos países, o novo rito deve vir sem nenhuma surpresa, já que muitos bispos têm vindo a adotar reformas fragmentadas, permitidas pelo Vaticano.

Espaço para a mudança. A versão revisada em inglês já foi enviada para as editoras católicas nos EUA. Sua linguagem é, na maioria dos casos, nova, extraordinariamente essencial e compreensível, de um inglês internacional, direto e muitas vezes poético. Alguns países estrangeiros, como o Japão, optaram por elaborar as suas próprias traduções a partir do inglês, ao invés do texto latino.

Uma parte da tradução em inglês ainda não será oferecida aos católicos dos EUA, a nova versão ecumênica do Pai-Nosso, que diminui as diferenças existentes entre as versões protestante e católica, começará apenas com um “Nosso Pai nos céus”. Existem outras mudanças na oração: “Perdoai as nossas ofensas” (“Perdoai as nossas dívidas” na maioria das versões protestantes) torna-se simplesmente “Perdoa-nos os nossos pecados.” “Não nos deixeis cair em tentação” se torna “Não nos trazeis à prova” (prova final antes da Segunda Vinda). Bispos norte-americanos decretaram que a versão antiga ainda irá ser utilizada nas missas nos EUA, embora com uma doxologia “estilo protestante”. – “Porque o reino, o poder e a glória são teus, agora e para sempre” agora vai seguir logo depois de uma oração do celebrante.
Outras reformas litúrgicas podem muito bem vir a tempo. O prefácio do próprio Papa à “nova ordem da Missa” incentiva “legítimas variações e adaptações”, e todas as instruções dão uma ênfase notável na adaptação da liturgia para os costumes locais e necessidades. ” O espírito do novo Missal,” conclui o jesuíta CJ McNaspy “, liberta mais do que restringe.” Enquanto o Papa pretende claramente que a missa nova seja um modelo , McNaspy e outros estão confiantes que o caminho ainda está aberto para a Missa se desenvolver ainda mais.

* Em um desses experimentos, na paróquia Corpus Christi de Manhattan, perto de Columbia, o padre George Barry Ford introduziu uma procissão no ofertório e teve sua congregação rezando a missa em voz alta em Inglês há 34 anos.

Nota: A foto não corresponde à edição; somente para efeito ilustrativo.

Fonte: Fratres in Unum

O grande retorno do ofertório sacrifical, uma retificação litúrgica em curso.

Por Padre Claude Barthe

Em um artigo anterior (“Uma retificação doutrinal exemplar. A propiciação na definição da missa”, Présent de 17 de julho passado), falei sobre a reafirmação do caráter propiciatório da missa (a missa é um sacrifício que reitera o sacrifício da Cruz, oferecido para a reparação dos pecados). Esta correção foi feita pela segunda edição do Catecismo da Igreja Católica, a de 1997 (1998, para a edição francesa) (1). Como recordei, esse enfraquecimento doutrinário, notável desde o último Concílio e, pois, corrigido – ao menos por uma menção – resultou na nova liturgia: dentre as deficiências da missa de Paulo VI, a diluição do caráter de sacrifício propiciatório da liturgia eucarística foi certamente o mais impressionante, manifestada especialmente pela supressão do ofertório sacrifical.

O empobrecimento mais flagrante

O fenômeno chamado de “reforma da reforma” está indicado nas entrelinhas das considerações do motu proprio Summorum Pontificum, do Papa Bento XVI, e, de maneira clara, nas obras “reformistas” do Cardeal Ratzinger sobre a nova liturgia (2). Dentro deste processo, já em curso em um número não desprezível de paróquias, especialmente na França, é patente o reaparecimento do ofertório tradicional da Missa Romana, que afirma com uma perfeita clareza esse caráter propiciatório do sacrifício eucarístico. As considerações a seguir reproduzem, essencialmente, os desenvolvimentos derivados da missa a esse respeito.

Um novo movimento litúrgico (3).

Monsenhor Nicola Bux, uma das principais figuras deste movimento de “reforma da reforma” (4), em seu livro A Reforma de Bento XVI. A liturgia entre inovação e tradição (5) comenta longamente o Breve Exame Crítico dos Cardeais Ottaviani e Bacci (6): “Eles lamentavam”, recorda ao aprová-los, “a ausência da finalidade ordinária da missa, ou seja, o sacrifício propiciatório”. O novo rito da missa tem, de fato, um efeito de redução imanente da mensagem cristã: a doutrina do sacrifício propiciatório, a adoração da presença real de Cristo, a especificidade do sacerdócio hierárquico e, de maneira geral, o caráter sagrado da celebração eucarística, encontram-se expressas de maneira muito menos sensível do que no rito tradicional. É por isso que as tentativas já antigas (7) de reintroduzir no novo missal as orações que melhor exprimem o seu valor sacrifical, a saber, as do ofertório, hoje retomam força.

Um dos elementos fundamentais — talvez o mais importante, mesmo que o menos visível, ou melhor, o menos audível — de uma correção na forma como a Missa é celebrada hoje é, sem dúvida, a reintrodução do ofertório romano. A motivação dupla de impressionante supressão da parte dos sábios liturgistas dos anos sessenta foi, por um lado, um arqueologismo que desejava saltar a Idade Média para recuperar o suposto estado da missa da Antiguidade, e, por outro, uma concessão ao espírito da época, o menos receptível possível à idéia de sacrifício oferecido pelos pecados.

Mas estes argumentos envelheceram consideravelmente. Desde a reforma de 1969, os avanços das ciências litúrgicas relativizaram muito a suposta antiguidade das bênçãos judaicas que foram trazidas para substituir as apologias (8).

É verdade que, nos anos sessenta, o ofertório aparecia tão mais desagradavelmente sacrifical quanto estavam muito em voga, então, as críticas vis-à-vis a uma teologia do sacrifício propiciatório e da “satisfação vicária”. Nesta perspectiva, o caráter muito explícito das orações do ofertório desagradavam: “Recebei, santo Pai, onipotente e eterno Deus, esta hóstia imaculada, que eu vosso indigno servo, vos ofereço, ó meu Deus, vivo e verdadeiro, por meus inumeráveis pecados, ofensas, e negligências”; “Nós vos oferecemos Senhor, o cálice da salvação”; “Recebei, ó Trindade Santíssima, esta oblação, que vos oferecemos em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão”; “Em espírito de humildade e coração contrito, sejamos por vós acolhidos, Senhor. E assim se faça hoje este nosso sacrifício em vossa presença, de modo que vos seja agradável”; “Orai irmãos, para que este sacrifício, que também é vosso, seja aceito e agradável a Deus Pai Onipotente”.

Uma amputação aberrante em termos de História da Liturgia

O argumento de que o ofertório constituía uma “duplicação” das orações do cânon (9) se tornou a grande justificativa para a supressão do ofertório. É de se ficar pasmo, por exemplo, ao ler um autor tão reconhecido como Robert Cabié: “O mais impressionante nestas orações é o seu aspecto de antecipação: embora sobre o altar não haja ainda mais do que pão e vinho, fala-se de ‘oferenda’ (vítima) ‘imaculada’, de ‘cálice da salvação’; é considerado de antemão aquilo que realizará consagração(10). Ora, os mais novatos dos estudantes de história da liturgia cristã sabem que uma separação das oferendas para o sacrifício é um elemento notável da lex orandi em todas as liturgias. Todos conhecem o equivalente do ofertório romano, ambrosiano ou moçárabe nas liturgias orientais. Ninguém ignora a cerimônia da “grande entrada” ao canto do Cherouvikon (hino dos Querubins), evocação da liturgia celeste na qual se traz as oferendas com honras e cantos que antecipam o sacrifício que se realizará (na liturgia galicana, as oferendas são levadas em grandes vasos em forma de torres eucarísticas, saudando-as ao denominá-las: “Mistério do corpo do Senhor”) (11). Na liturgia de São João Crisóstomo, o padre recita, então, em voz baixa, esta oração sobre as oferendas: “Senhor, Deus Onipotente, vós que sois o único santo, e que recebeis o sacrifício daqueles que vos invocam de todo coração, recebei também a nossa oração, de nós, pobres pecadores, e fazei-la aproximar de vosso santo altar; fazei-nos dignos de vos oferecer os dons e as vítimas espirituais por nossos pecados e por todas as faltas do povo”, etc. Na liturgia armênia, ele diz ao retirar o véu do cálice: “Concedais que esta oblação vos seja oferecida por mim, pecador e vosso indigno servo. Pois sois vós que ofereceis e sois oferecido, que recebeis e sois recebido, Cristo nosso Deus…

A eliminação destas orações do ofertório por especialistas tão competentes mostra a enorme influência que teve a ideologia no processo de transformação do missal. Dito isto, a questão prática que hoje se coloca mais e mais é: é possível introduzir o ofertório romano na celebração segundo o novo missal?

Note-se primeiro que, se do ponto de vista do vocabulário, “ofertório” foi substituído por “preparação dos dons” na Institutio Generalis Missalis Romani (n. 49-51), o termo permanece na possibilidade de uma procissão para trazer os dons que podem ser acompanhados pelo venerável nome “ofertório”, que tinha sido dado já no século V ao canto que o acompanhava: antiphona ad offertorium.

Acrescente-se que as orações da apresentação dos dons devem ser ditas em silêncio (rubrica 17 do Ordo Missae). Certamente é possível que elas sejam ditas em voz alta, mas isso surge de uma concessão (“se não há cântico do ofertório, o sacerdote pode — licet — dizer estas palavras em voz alta”). De fato, a inclusão no próprio ato litúrgico de orações e atos de piedade que visam, em primeiro lugar (mas não só), a preparação penitencial do principal ministro não poderia ser mais tradicional. Segundo os Ordines Romani, lembrou outrora Dom Cabrol (12), o pontífice reza e pede perdão por seus pecados sem que lhe sejam indicadas as fórmulas. Na liturgia galicana, enquanto o coro canta a entrada, o pontífice se prostra diante do altar, costume que coincide com as origens das apologias.

É possível, desta maneira, considerar por analogia: uma das principais confirmações da não supressão da missa romana tradicional afirmada pelo motu proprio Summorum Pontificum se encontra precisamente no fato de que seu elemento principal, o Cânon Romano, foi mantido como primeira Oração Eucarística pelo missal de 1969. Tratando-se de orações cujo caráter historicamente “apologético” (distinto das grandes orações sacerdotais como as orações, prefácio, a oração eucarística e o Pater) é atestado, pode-se descartar que a permanência da primeira oração eucarística tradicional inclui a permanência das palavras secretas que constituem o ofertório?

A reforma da reforma existe, é possível encontrá-la

Podemos, finalmente, e talvez mais importante, invocar o costume: desde a modificação do missal de 1969, muitos celebrantes tomaram ou conservaram o costume de rezar as orações do ofertório tradicional no momento do oferecimento das oblatas, sem que nunca a autoridade eclesiástica os proibisse.

Pois este é um ponto extremamente importante a ressaltar, como fiz no início: a reforma da reforma não está para ser inventada; ela já existe e está simplesmente se generalizando nas paróquias comuns. Seria possível, assim, fazer uma lista dos locais, na França, onde os párocos celebram segundo esta reforma da reforma que implementam, alguns há muito tempo. Nessas igrejas, os pontos mais importantes deste processo de “retorno” são todos aplicados, ou a maioria deles, ou vários deles, a saber: 1) a importante reintrodução do uso da língua litúrgica latina, especialmente pela utilização do canto gregoriano (Kyriale, Pater, se possível cantando partes do Próprio da Missa); 2) a distribuição da Comunhão segundo o modo tradicional; 3) o uso da primeira Oração Eucarística, se possível em latim, e sem elevar muito a voz; 4) a orientação da celebração em direção ao Senhor, ao menos a partir do ofertório; 5) o uso, em silêncio, do ofertório tradicional. Na maioria dos casos, com a celebração da forma extraordinária em paralelo, que vem naturalmente se integrar a uma vida litúrgica paroquial do tipo “novo movimento litúrgico” e que a apóia de maneira efetiva.

Muitas vezes, no entanto, os sacerdotes que se dedicam a este processo o fazem por etapas. No centro desse movimento de “retorno” está aquele do ofertório romano tradicional. Canonicamente, estamos incontestavelmente na presença de um costume em vias de formação sob a forma de enriquecimento, seja porque ele torna precisa a nova lei litúrgica, ou, mais exatamente, aflora-a, seja porque é como que abrangido por ela (13).

Padre Claude Barthe

(1) O nº 1367 do Catecismo da Igreja Católica, em sua nova redação, traz: “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: «É uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora Se ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira de oferecer é que é diferente» (192). E porque «neste divino sacrifício, que se realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo incruento [...], este sacrifício é verdadeiramente propiciatório”.

(2) Entre outras: Entretien sur la foi, Fayard, 1985 ; La célébration de la foi, Téqui, 1985 ; Ma vie (autobiographie), Fayard, 1998 ; L’Esprit de la liturgie, Ad Solem, 2001 ; Un chant nouveau pour le Seigneur, Desclée, 2002.

(3) Editions de L’Homme nouveau, collection « Hora Decima », juillet 2010, 9,00 euros.

(4) Ao qual damos, mais e mais freqüentemente, o nome de “Novo Movimento Litúrgico”, como o Motu Proprio de 2007 aplicou as denominações de “forma extraordinária” e “forma ordinária”, respectivamente a liturgia tradicional e a liturgia transformada por Paulo VI.

(5) Tempora, 2009.

(6) Alfredo Ottaviani, Antonio Bacci, Bref examen critique du nouvel Ordo missae, Renaissance catholique, 2005.

(7) Ver já em 1985: Paul Tirot, osb, Histoire des prières d’offertoire dans la liturgie romaine du VIIe au XVIe siècle, Edizioni Liturgiche, Rome

(8) “Bendito sejais, senhor, Deus do Universo,pelo pão que recebemos da Vossa bondade,fruto da terra e do trabalho do homem: que hoje Vos apresentamos e que para nós se vai tornar Pão da vida”, “Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos da Vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem: que hoje Vos apresentamos e que para nós se vai tornar Vinho da Salvação”.

(9) Joseph André Jungmann, Missarum solemnia, Aubier, 1951.

(10) « L’Eucharistie », dans L’Eglise en prière, Desclée, nouvelle édition, 1983.

(11) Além disso, seria possível, talvez mais apropriadamente, afirmar que o ofertório romano, com a sua incensação sacrifical das oferendas, é igualmente uma “duplicação” da celebração do Evangelho, e vice-versa, da mesma forma como no rito bizantino a “grande entrada” das oferendas seria uma “duplicação” da “pequena entrada” do Evangelho, e vice-versa. Mas não há espaço suficiente aqui para desenvolver esse ponto.

(12) Fernand Cabrol, « Ordines romani », Dictionnaire d’archéologie chrétienne et de liturgie, Letouzey et Ané, 1907-1953.

(13) Os costumes são considerados “contra a lei” quando retificam, contra legem; ou também “além da lei”, quando a tornam precisa, praeter legem. A nova liturgia oferece tantas possibilidades de escolhas, coleções de variações e diversidades de interpretações, que se poderia antes falar aqui de costume “por dentro da lei”, intra legem, podendo se encontrar também os elementos tradicionais, e, portanto, ser favorecido, dentro da fragmentação da norma despedaçada.

Artigo extraído da edição 7162 de Présent de sábado, 21 de agosto de 2010; Tradução e Fonte: Fratres in Unum – agradecimento ao leitor Luciano Padrão pela indicação do artigo.