Relatamos a gravação em áudio de uma conferência de apresentação do livro “Monsignor Lefebvre. Nel nome della verità” [Dom Lefebvre. Em nome da verdade], edições Sugarco, realizada pela autora Cristina Siccardi, em San Sicario (Turim), em 15 de agosto último. A importância deste documento está no fato que dele emerge, de forma claríssima e concisa, a posição atual da Fraternidade São Pio X e as suas perspectivas de desenvolvimento e ações futuras, bem como sua estratégia a médio prazo.
Tudo isso não só não desmente, mas demonstra, com autoridade, o apoio dos próprios altos expoentes atuais da Fraternidade; apoio tornado mais evidente pelo fato de que esta gravação foi publicada no site italiano dos filhos de Monsenhor Lefebvre (http://www.sanpiox.it/ ). Muito comovente e praticamente inédito, pois, é o modo como trata a relação entre o bispo francês e Paulo VI.
Entre outras coisas, ouvindo atentamente as palavras de encerramento da conferência, proferida pelo Pe. Emmanuel Du Chalard, tomamos conhecimento de que está previsto, para os próximos meses, um encontro entre o Padre Mannelli, fundador e superior dos Franciscanos da Imaculada, e Dom Bernard Fellay.
Na verdade, os contatos entre estas duas ordens religiosas remontam já há tempos e traçam algumas convergências significativas que, à primeira vista, podem surpreender.
Dentro da FSSPX, de fato, em geral, ouve-se opiniões positivas sobre os Franciscanos da Imaculada, ao contrário do que acontece com as congregações chamadas “Ecclesia Dei”. Freqüentemente são louvadas a profunda espiritualidade e vida de penitência desses religiosos.
Não nos esqueçamos, além disso, que foi a própria editora dos Franciscanos da Imaculada que publicou o livro “Concilio Vaticano II, um discorso da fare”, de Monsenhor Brunero Gherardini, texto comentado com tom quase entusiasta na última edição de “La Tradizione Cattolica”, revista oficial da FSSPX na Itália.
Acrescentamos a este respeito que vozes críticas (de “direita”) dentro da Fraternidade São Pio X contra o texto de Gherardini foram refreadas pelo próprio Dom Fellay numa das últimas edições de Cor Unum, a publicação interna da Fraternidade.
Com efeito, enquanto as outras ordens “Ecclesia Dei” nasceram, algumas mais outras menos, de fraturas internas da FSSPX, e fraturas, infelizmente, sempre deixam feridas difíceis de cicatrizar, o mesmo não se pode dizer com relação aos Franciscanos da Imaculada.
O tempo dirá. Certamente, para o bem da Tradição, será necessário procurar algum tipo de harmonização dentro do mundo católico tradicionalista. Não é justo que as divisões e rivalidades internas, por vezes, pesem mais do que os próprios ataques dos modernistas. Mas ao mesmo tempo, uma certa concorrência ‘intrabrand’ é um sinal de vitalidade e riqueza e não se pode esquecer, a esse respeito, as ácidas disputas que – testemunha Dante Alighieri – opunham franciscanos e dominicanos.
Acrescente-se a isso que a autora do texto sobre Lefebvre, Cristina Siccardi, é próxima à Alleanza Cattolica (outra entidade cujas relações com a Fraternidade São Pio X tem sido historicamente difíceis), não podemos senão nos alegrar com estes sinais de ‘tradi-ecumenismo’ .
É possível ouvir a gravação nos site Sanpiox.it ou Maranatha
Esta, por sua vez, é a apresentação da edição de Siccardi, que recomendamos e à qual nos referimos neste post:
Dom Marcel Lefebvre (1905-1991), um nome que quase sempre faz estremecer, impronunciável, exceto em alguns ambientes restritos, onde é muito amado e reverenciado. Boa parte da opinião pública, católica e não-católica, o pintou como um “herege”, como um “cismático”, alguém que desejava criar uma igreja inteiramente sua…
Quantos erros, quantas fábulas se construíram em torno de pessoas que pensam, que raciocinam, que alegam verdades incômodas e por isso tornam-se elas mesmas incômodas. Incômodas como Lefebvre.
Conhecido na maior parte das vezes como o Bispo rebelde, Dom Lefebvre foi até agora colocado sob um faixo de luz difamatório, não pela sua conduta de vida, exemplar e altamente virtuosa, por todos verificável, mas pela sua forte tomada de posição contra um Concílio pastoral, o Vaticano II, cujos ditames via e denunciava as conseqüências descristianizantes e relativistas que dele surgiam.
Hoje, após quase vinte anos após sua morte e quarenta e cinco do encerramento do próprio Concílio, podemos nos aproximar historicamente dele com maior serenidade e sem ressentimentos, considerando este homem, melhor, este sacerdote, não como o inimigo de alguém, mas como um soldado corajoso e perspicaz de Cristo, paladino da integridade da Fé e da Santa Igreja Romana, do Primado Petrino e da Eucaristia.
Dom Lefebvre, graças também aos filhos que deixou, os padres da Fraternidade São Pio X, ainda está aí para indicar que a tradição, na doutrina Católica, na celebração do Santo Sacrifício da Missa de Sempre, na santidade sacerdotal, são as respostas aos problemas de um mundo que se perdeu em seu orgulho e em sua vaidade, destronando Cristo Rei.
Fonte: Messa in Latino
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