sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hermenêutica do Vaticano II: começa o debate do Papa com seus alunos.


A hermenêutica do Concílio Vaticano II está, neste ano, no centro do tradicional seminário de verão dos ex-alunos de Bento XVI, reunidos no assim chamado Ratzinger Schülekreis.

O encontro se realizará de sexta-feira, 27, até segunda-feira, 30 de agosto, no centro de congressos Mariápolis de Castel Gandolfo. Os participantes serão em torno de quarenta, todos ex-alunos do Professor Ratzinger, que discutiram suas teses com ele nos anos em que era docente na Alemanha.

O relator principal é o arcebispo Kurt Koch, anteriormente bispo de Basiléia, nomeado em 1º de julho passado presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O bispo fará duas intervenções: a primeira, sobre “O Concílio Vaticano II entre tradição e inovação. A hermenêutica da reforma entre a hermêntica de uma continuidade com ruptura e de uma continuidade não histórica”; a segunda, sobre “Sacrosanctum Concilium e a reforma pós-conciliar da liturgia”.

O nome do relator principal e o tema do encontro — como informa a nosso periódico o salvadorenho Stephan Horn, presidente da associação dos ex-alunos do Papa — foram indicados e aprovados pelo próprio Bento XVI entre um grupo de opções possíveis propostas pelos organizadores. A maioria dos participantes provêm da Alemanha e da Áustria. Além destes, há também um italiano, um irlandês, um holandês, uma coreana e um indiano. Dentre os presentes estarão o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, e o bispo auxiliar de Hamburgo, Hans-Jochen Jaschke, docentes, párocos, religiosos, religiosas e leigos. Como de costume, os encontros — sob o aspecto da organização, a cargo do Padre Horn, que recentemente comemorou os 50 anos de ordenação sacerdotal — se realizarão à portas fechadas. Na sexta e sábado, depois do discurso do arcebispo Koch, haverá uma discussão livre sobre o tema, da qual tomará parte também o Pontífice. No domingo pela manhã, o momento culminante: os ex-alunos participarão da celebração eucarística presidida por Bento XVI no centro de congressos Mariápolis.

Depois do café da manhã com o Papa, os presentes — aos quais se unirão as novas gerações de ex-alunos, isto é, aqueles que fizeram suas teses sobre textos de Ratzinger — participarão também do Angelus no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Tornou-se costume que se junte ao grupo, no último dia do seminário de verão, os novos ex-alunos, constituídos em círculo há três anos.

Durante o encontro deste ano, Padre Horn entregará ao Pontífice, em nome de todos os ex-alunos, o volume que recolhe os discursos do seminário de verão de 2008, que teve por tema “Conversações sobre Jesus”. A publicação foi promovida pela fundação Joseph Ratzinger Papa Bento XVI, com sede em Munique, na Baviera, que tem por objetivo a preparação e organização do encontro anual, a promoção dos estudos empreendidos por Ratzinger quando docente, a difusão de seu ensino teológico e de sua espiritualidade, além da publicação dos livros de Bento XVI.

O primeiro encontro de Ratzinger com seus ex-alunos se deu em março de 1977, quando foi nomeado arcebispo de Munique e Freising. Daquele dia em diante, o encontro se repete anualmente sobre um tema particular. Como confirma o Padre Horn, “são propostos ao Pontífice três temas e ele mesmo realiza a eleição. O deste ano era o primeiro tema da lista que lhe oferecemos”.

O tema do ano passado foi a missão ad gentes, enquanto que o encontro de dois anos atrás estava centrado sobre a questão da correspondência de Jesus descrito pelos Evangelhos com a historicidade de sua figura e sobre a narração da Paixão.

Fonte: L’Osservatore Romano, através de La Buhardilla de Jerónimo

Tradução: Fratres in Unum

Atualização: O encontro do Papa com seus ex-alunos.

Dom Kurt Koch, arcebispo recém nomeado para a chefia do Conselho para a Unidade dos Cristãos, conta um pouco do encontro do Papa com seus ex-alunos: “Partimos da constatação de que a liturgia é o ponto crucial da hermenêutica conciliar, para depois tratar da fenomenologia e da teologia da liturgia; da liturgia em seu desenvolvimento orgânico (com o princípio da participação ativa de todos os fiéis na liturgia e o princípio de uma mais fácil compreensibilidade e simplicidade dos ritos); das luzes e sombras na liturgia pós-conciliar; da proteção do grande patrimônio da liturgia; da necessária reforma da reforma, baseada no primado cristológico, da unidade de culto neotestamentário e da liturgia neotestamentária, da liturgia cristã e as religiões da humanidade, da dimensão cósmica da liturgia. Finalmente, a revitalização do mistério pascal foi o último tema apresentado antes da conclusão”.