A Igreja Ortodoxa Sérvia anunciou a morte do Patriarca Pavlev, ocorrida ontem, em Belgrado.
O Patriarca Pavlev tinha 95 anos, sofria de doenças cardíacas e pulmonares e estava internado no hospital militar da cidade há dois anos.
A maioria da população sérvia é formada por cristãos ortodoxos. Segundo o presidente Boris Tadic, a morte do patriarca é uma “perda irreparável” para a nação, já que “há pessoas que unem nações inteiras e Pavlev era uma delas”. Acrescentou ainda que a “sua morte é também uma perda pessoal”.
O Bispo Amfilohije, que governa interinamente o patriarcado desde a internação do Patriarca, não conteve as lágrimas ao anunciar, durante uma liturgia, a morte do Patriarca. Os sinos das igrejas sérvias repicaram e o governo declarou luto oficial de três dias.
Outro bispo, Lavrentije, disse que a morte do patriarca não é razão para tristeza já que “o povo sérvio tem agora alguém para representá-los diante de Deus mais que qualquer outro”.
O Santo Sínodo poderá anunciar ainda nesta segunda quando escolherá o novo patriarca, o que acontece normalmente após pelo menos 40 dias.
Pavlev era respeitado como teólogo e linguista, conhecido por sua humildade pessoal e modéstia.
Após a queda do comunismo e ascensão do nacionalismo sérvio, a Igreja readquiriu um papel destacado sob sua condução. No início da guerra dos Bálcãs que se seguiu à dissolução da Iugoslávia no início dos anos 90, segundo a TV estatal sérvia, o Patriarca Pavlev teria dito: “É nosso dever não fazer nenhuma criança chorar nem entristecer uma única idosa porque elas são de outra religião ou nação”.
Críticos, entretanto, o acusaram de não haver contido bispos e sacerdotes radicais que apoiaram os paramilitares sérvios contra os católicos croatas e os muçulmanos bósnios.
Após os anos de guerra, Pavlev envolveu-se mais diretamente, criticando abertamente o presidente sérvio Slobodan Milosevic, depois da perda de Kosovo que se seguiu à intervenção da OTAN. Desde então, a Igreja Ortodoxa Sérvia apoia os esforços do governo para deter o processo de independência de Kosovo.
“Kosovo não é apenas uma questão territorial, é uma questão de nosso bem-estar espiritual”, disse o patriarca após a declaração de independência de Kosovo.
Fonte: BBC
Tradução: OBLATVS
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