Quando o Papa Urbano IV (1261 – 1264) estabeleceu pela primeira vez a Festa de Corpus Christi, ele pediu a Santo Tomás de Aquino (1225-1274) que compusesse seus hinos. Este é um dos cinco belos hinos que Santo Tomás compôs em honra a Jesus no Santíssimo Sacramento. Além de ‘Lauda Sion’, Santo Tomás redigiu ‘Adoro Te Devote’, ‘Pange Lingua’, ‘Sacris Sollemnis’ e ‘Verbum Supernum’. ‘Lauda Sion’ é a sequência antes do Evangelho no Corpus Christi. Os últimos dois versos incluem o conhecido ‘Bone pastor, panis vere’. Fonte: Preces Latinae |
LAUDA Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem, in hymnis et canticis. Quantum potes, tantum aude: quia maior omni laude, nec laudare sufficis. | Louva, Sião, o Salvador, o teu pastor e o teu guia, com hinos e com cantares. Louva-O o mais que puderes: supera todo o louvor, nem bastante O louvarás! |
Laudis thema specialis, panis vivus et vitalis hodie proponitur. Quem in sacrae mensa cenae, turbae fratrum duodenae datum non ambigitur. | Não há mais sublime assunto, que nos possa ser proposto: o pão vivo que dá a vida! O mesmo que já foi dado, ao grupo dos doze Apóstolos, quando da última Ceia! |
Sit laus plena, sit sonora, sit iucunda, sit decora mentis iubilatio. Dies enim solemnis agitur, in qua mensae prima recolitur huius institutio. | Seja perfeito e sonoro este louvor e alegria que brota das nossas almas: Porque é solene este dia que nos lembra a instituição deste banquete divino! |
In hac mensa novi Regis, novum Pascha novae legis, phase vetus terminat. Vetustatem novitas, umbram fugat veritas, noctem lux eliminat. | Nesta mesa de um Rei novo, a Páscoa da Nova Lei fez findar a Páscoa antiga, Suplantando os velhos ritos: Dissipa a verdade as sombras como a luz dissipa a noite! |
Quod in coena Christus gessit, faciendum hoc expressit in sui memoriam. Docti sacris institutis, panem, vinum in salutis consecramus hostiam. | O que Cristo fez na Ceia, ordenou que se fizesse em memória de Si mesmo: Com tão divinas lições, realiza o sacrifício, consagrando o pão e o vinho. |
Dogma datur christianis, quod in carnem transit panis, et vinum in sanguinem. Quod non capis, quod non vides, animosa firmat fides, praeter rerum ordinem. | É um dogma p’ra os cristãos: Converte-se o pão em Carne, e o vinho passa a ser Sangue! Não se vê nem compreende; mas a fé viva garante-o p’ra além das leis naturais! |
Sub diversis speciebus, signis tantum, et non rebus, latent res eximiae. Caro cibus, sanguis potus: manet tamen Christus totus sub utraque specie. | Sob aparências diversas, simples sinais e não coisas, grandes mistérios se ocultam! Carne é o pão e vinho é o Sangue; mas sob as duas espécies palpita Jesus inteiro! |
A sumente non concisus, non confractus, non divisus: integer accipitur. Sumit unus, sumunt mille: quantum isti, tantum ille: nec sumptus consumitur. | Não se parte nem divide por aqueles que O recebem: É tomado tal qual é! Quer sejam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, sem por isso O consumir! |
Sumunt boni, sumunt mali: sorte tamen inaequali, vitae vel interitus. Mors est malis, vita bonis: vide paris sumptionis quam sit dispar exitus. | Recebem-No os bons e os maus, mas com efeitos diversos: para a vida ou para a morte! Morte aos maus e vida aos bons: Quão diversos os efeitos do mesmíssimo alimento! |
Fracto demum sacramento, ne vacilles, sed memento tantum esse sub fragmento, quantum toto tegitur. Nulla rei fit scissura: signi tantum fit fractura, qua nec status, nec statura signati minuitur. | Quando a hóstia é dividida, não vacile a tua fé, pois sob cada fragmento está tanto como o todo! Não se corta a coisa em si, mas a aparência do pão, sem que em nada se lhe altere, ou o estado, ou a estatura! |
Ecce Panis Angelorum, factus cibus viatorum: vere panis filiorum, non mittendus canibus. In figuris praesignatur, cum Isaac immolatur, agnus Paschae deputatur, datur manna patribus. | Eis aqui o pão dos anjos, dado em viático aos homens; verdadeiro pão dos filhos, nunca jamais para os cães! Foi já predito em figuras: Na imolação de Isaac, e o Cordeiro pascal; e no maná do deserto… |
Bone pastor, panis vere, Iesu, nostri miserere: Tu nos pasce, nos tuere, Tu nos bona fac videre in terra viventium. Tu qui cuncta scis et vales, qui nos pascis hic mortales: tuos ibi commensales, coheredes et sodales fac sanctorum civium. Amen. Alleluia. | Ó bom Pastor, pão autêntico! Ó Jesus, que olhais por nós! Alimentai-nos! Valei-nos! Dai-nos ver o bem supremo, na Terra dos que já vivem! Tudo sabeis e podeis, Vós que nos alimentais: Fazei-nos vossos convivas, herdeiros e companheiros, na pátria de vossos santos! Amen. Alleluia. |
Visto em: Fratres in Unum
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