sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hermenêutica do Vaticano II: começa o debate do Papa com seus alunos.


A hermenêutica do Concílio Vaticano II está, neste ano, no centro do tradicional seminário de verão dos ex-alunos de Bento XVI, reunidos no assim chamado Ratzinger Schülekreis.

O encontro se realizará de sexta-feira, 27, até segunda-feira, 30 de agosto, no centro de congressos Mariápolis de Castel Gandolfo. Os participantes serão em torno de quarenta, todos ex-alunos do Professor Ratzinger, que discutiram suas teses com ele nos anos em que era docente na Alemanha.

O relator principal é o arcebispo Kurt Koch, anteriormente bispo de Basiléia, nomeado em 1º de julho passado presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O bispo fará duas intervenções: a primeira, sobre “O Concílio Vaticano II entre tradição e inovação. A hermenêutica da reforma entre a hermêntica de uma continuidade com ruptura e de uma continuidade não histórica”; a segunda, sobre “Sacrosanctum Concilium e a reforma pós-conciliar da liturgia”.

O nome do relator principal e o tema do encontro — como informa a nosso periódico o salvadorenho Stephan Horn, presidente da associação dos ex-alunos do Papa — foram indicados e aprovados pelo próprio Bento XVI entre um grupo de opções possíveis propostas pelos organizadores. A maioria dos participantes provêm da Alemanha e da Áustria. Além destes, há também um italiano, um irlandês, um holandês, uma coreana e um indiano. Dentre os presentes estarão o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, e o bispo auxiliar de Hamburgo, Hans-Jochen Jaschke, docentes, párocos, religiosos, religiosas e leigos. Como de costume, os encontros — sob o aspecto da organização, a cargo do Padre Horn, que recentemente comemorou os 50 anos de ordenação sacerdotal — se realizarão à portas fechadas. Na sexta e sábado, depois do discurso do arcebispo Koch, haverá uma discussão livre sobre o tema, da qual tomará parte também o Pontífice. No domingo pela manhã, o momento culminante: os ex-alunos participarão da celebração eucarística presidida por Bento XVI no centro de congressos Mariápolis.

Depois do café da manhã com o Papa, os presentes — aos quais se unirão as novas gerações de ex-alunos, isto é, aqueles que fizeram suas teses sobre textos de Ratzinger — participarão também do Angelus no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Tornou-se costume que se junte ao grupo, no último dia do seminário de verão, os novos ex-alunos, constituídos em círculo há três anos.

Durante o encontro deste ano, Padre Horn entregará ao Pontífice, em nome de todos os ex-alunos, o volume que recolhe os discursos do seminário de verão de 2008, que teve por tema “Conversações sobre Jesus”. A publicação foi promovida pela fundação Joseph Ratzinger Papa Bento XVI, com sede em Munique, na Baviera, que tem por objetivo a preparação e organização do encontro anual, a promoção dos estudos empreendidos por Ratzinger quando docente, a difusão de seu ensino teológico e de sua espiritualidade, além da publicação dos livros de Bento XVI.

O primeiro encontro de Ratzinger com seus ex-alunos se deu em março de 1977, quando foi nomeado arcebispo de Munique e Freising. Daquele dia em diante, o encontro se repete anualmente sobre um tema particular. Como confirma o Padre Horn, “são propostos ao Pontífice três temas e ele mesmo realiza a eleição. O deste ano era o primeiro tema da lista que lhe oferecemos”.

O tema do ano passado foi a missão ad gentes, enquanto que o encontro de dois anos atrás estava centrado sobre a questão da correspondência de Jesus descrito pelos Evangelhos com a historicidade de sua figura e sobre a narração da Paixão.

Fonte: L’Osservatore Romano, através de La Buhardilla de Jerónimo

Tradução: Fratres in Unum

Atualização: O encontro do Papa com seus ex-alunos.

Dom Kurt Koch, arcebispo recém nomeado para a chefia do Conselho para a Unidade dos Cristãos, conta um pouco do encontro do Papa com seus ex-alunos: “Partimos da constatação de que a liturgia é o ponto crucial da hermenêutica conciliar, para depois tratar da fenomenologia e da teologia da liturgia; da liturgia em seu desenvolvimento orgânico (com o princípio da participação ativa de todos os fiéis na liturgia e o princípio de uma mais fácil compreensibilidade e simplicidade dos ritos); das luzes e sombras na liturgia pós-conciliar; da proteção do grande patrimônio da liturgia; da necessária reforma da reforma, baseada no primado cristológico, da unidade de culto neotestamentário e da liturgia neotestamentária, da liturgia cristã e as religiões da humanidade, da dimensão cósmica da liturgia. Finalmente, a revitalização do mistério pascal foi o último tema apresentado antes da conclusão”.

“O Papa está sozinho contra os cruzados da desinformação”.



(IHU) Foi publicado nesta quarta-feira, na Itália, o livro “Attacco a Ratzinger. Accuse e scandali, profezie e complotti contro Benedetto XVI” [Ataque a Ratzinger. Acusações e escândalos, profecias e complôs contra Bento XVI] (Ed. Piemme, 322 p.), escrito pelo vaticanista do jornal Il Giornale, Andrea Tornielli, e pelo vaticanista do jornal Il Foglio, Paolo Rodari, dedicado às crises dos primeiros cinco anos do pontificado do Papa Ratzinger.

Publicamos aqui o prefácio dos autores, publicado no jornal Il Giornale, 25-08-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

“Ainda lembro, como se fosse hoje, as palavras que ouvi de um cardeal italiano, então muito poderoso na Cúria Romana, no dia seguinte à eleição de Bento XVI. ‘Dois-três anos, durará só dois-três anos…’. E fazia isso acompanhando as palavras com um gesto das mãos, como para minimizar… Joseph Ratzinger, aos 78 anos, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, recém eleito sucessor de João Paulo II, devia ser um Papa de transição, passar velozmente, mas principalmente devia passar sem deixar muitos rastros de si mesmo… Certamente, uma indicação sobre a duração do pontificado foi feita pelo próprio Ratzinger, na Sistina. Ele disse que escolhia o nome Bento por aquilo a figura do grande santo padroeiro da Europa significava, mas também porque o último Papa que havia assumido esse nome, Bento XV, não tivera um pontificado muito longo e havia se empenhado pela paz. Mas um pontificado não longo, em razão da idade já avançada, não significa que passe sem deixar rastros. O de João XXIII também devia ser – e do ponto de vista meramente cronológico foi – um pontificado de transição. Mas como ele mudou a história da Igreja… Pensei nisto muitas vezes: visto que não passou tão velozmente como alguns esperavam, e visto que o seu pontificado está destinado a deixar uma marca, multiplicaram-se os ataques contra Bento XVI. Ataques de todos os tipos. Uma vez, diz-se que o Papa se expressou mal; outra vez, fala-se de erro de comunicação; outra ainda, de um problema de coordenação entre os escritórios curiais; uma outra, de inadequação de certos colaborados; outra, da tentativa concordante por parte de forças adversas à Igreja, intencionadas a desacreditá-la. Quer saber a minha impressão? Mesmo que o Santo Padre, na realidade, não esteja sozinho, mesmo que, em torno dele, haja pessoas fiéis que buscam ajudá-lo, em tantas ocasiões ele foi deixado objetivamente sozinho. Não há uma equipe que previna o acontecimento de certos problemas, que reflita sobre como responder de modo eficaz. Que busque fazer passar, expandir a sua autêntica mensagem, muitas vezes distorcida. Assim, a pergunta mais frequente tornou-se esta: quando será a próxima crise? Também me surpreende o fato de que, às vezes, essas crises levam depois a decisões importantes… Estou me perguntando, por exemplo, o que acontecerá agora que Bento XVI proclamou corajosamente a heroicidade das virtudes de Pio XII junto com as de João Paulo II“.

Quando essa confidência foi feita a um de nós, na véspera do Natal de 2009, por um notável purpurado que trabalha há muitos anos nos Sagrados Palácios, o grande escândalo dos abusos de menores perpetrados pelo clero católico ainda não havia explodido em todo o seu porte. Havia, sim, o gravíssimo caso irlandês. Mas nada ainda pressagiava que, como por contágio, a situação objetivamente peculiar da Irlanda – que revelou a objetiva incapacidade de diversos bispos de governar as suas dioceses e de enfrentar os casos de abusos sobre menores, tendo presente a necessidade de assistir sobretudo às vítimas, evitando de todos os modos que as violências pudessem se repetir – acabasse se replicando, pelo menos midiaticamente, em outros países. E envolveu a Alemanha, a Áustria, a Suíça e, novamente, nas polêmicas, os Estados Unidos, onde o problema já havia surgido, e de maneira muito devastadora, no início deste milênio.

Só ao ler rapidamente as notas de imprensa internacionais, é preciso admitir a existência de um ataque contra o Papa Ratzinger. Um ataque demonstrado pelo preconceito negativo pronto para surgir sobre qualquer coisa que o Pontífice diga ou faça. Pronto para enfatizar certos particulares, pronto para criar “casos” internacionais. Esse ataque concêntrico tem origem do lado de fora, mas frequentemente do lado de dentro da Igreja. E é (inconscientemente) ajudado pela reação às vezes escassa de quem, em torno do Papa, poderia fazer mais para prevenir as crises ou para administrá-las de modo eficaz.

Este livro não pretende apresentar uma tese pré-constituída. Não pretende confirmar de partida a hipótese do complô idealizado por alguma “cúpula” ou Spectre [do inglês, Special Executive for Counter-Intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion, nome de uma organização fictícia presente nos livros e filmes do agente secreto inglês James Bond].

Porém, é inegável que Ratzinger tenha estado e esteja sob ataque. As críticas e as polêmicas levantadas pelo discurso de Regensburg; o caso clamoroso das renúncias do neo-arcebispo de Varsóvia, Wielgus, por causa de uma antiga colaboração sua com os serviços secretos do regime comunista polonês; as polêmicas por causa da publicação do Motu proprio Summorum Pontificum; o caso da revogação da excomunhão aos bispos lefebvrianos, que coincidiu com a transmissão em vídeo da entrevista negacionista sobre as câmaras de gás concedida a uma TV sueca por um deles; a crise diplomática por causa das palavras papais sobre o preservativo durante o primeiro dia da viagem para a África; a propagação do escândalo dos abusos de menores, que ainda não dá sinais de acalmar.

De tempestade em tempestade, de polêmica em polêmica, o efeito foi o de “anestesiar” a mensagem de Bento XVI, esmagando-o sobre o clichê do Papa retrógrado, despotencializando seu porte.

Mas esse ataque nunca teve uma única direção. Teve, pelo contrário, uma ausência de direção. Embora não se possa excluir que, em mais de uma ocasião, assim como ao longo da crise dos escândalos por causa da pedofilia do clero, se verificou uma aliança entre ambientes diversos, aos quais pode ser útil reduzir a voz da Igreja ao silêncio, diminuindo a sua autoridade moral e o seu ser fenômeno popular, talvez com a secreta esperança de que, em uma década, ela acabe contando na cena internacional tanto quanto uma seita qualquer.

Fonte: Fratres in Unum

domingo, 22 de agosto de 2010

Fotos da Missa Solene rezada pelo pe. Michel pelos seus 5 anos de ordenação sacerdotal - Franca-SP


ALTAR DA CATEDRAL DE FRANCA


ENTRADA DOS ACÓLITOS


ENTRADA PE. MICHEL



PRESENÇA DE DOM PEDRO LUIZ, BISPO DE FRANCA


FIÉIS


MOMENTO DA CONSAGRAÇÃO


CONSAGRAÇÃO DO VINHO


COMUNHÃO

sábado, 21 de agosto de 2010

Missa Pontifical na Paróquia São Paulo Apóstolo,

com Dom Fernando Guimarães, Bispo da Diocese de de Garanhuns – PE.


Na oportunidade, Dom Fernando crismou o jovem Pedro Zucchi, vocacionado do IBP (Instituto do Bom Pastor, Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontíficio, fundada pelo Papa Bento XVI).

Esteve presente, como cerimoniário principal desta celebração, o Padre Almir de Andrade, oficial da comissão Pontícia Ecclesia Dei. Também participaram nas funções liturgicas deste Pontifical os seminaristas do referido Instituto.









Fonte: Paróquia São Paulo Apóstolo - Belém

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Catequese do Papa Bento XVI sobre São Pio X.

Apresentamos nossa tradução do discurso do Santo Padre, o Papa Bento XVI, pronunciado às 10:30 da manhã de hoje, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
Giuseppe Melchiorre Sarto, São Pio X

Giuseppe Melchiorre Sarto, São Pio X

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje gostaria de me concentrar na figura do meu predecessor São Pio X, cuja memória litúrgica comemora-se no próximo sábado [ndr: no calendário tradicional comemora-se em 3 de setembro], destacando algumas características que podem ser úteis aos pastores e os fiéis do nosso tempo.

Giuseppe Sarto, assim se chamava, nasceu em Riese (Treviso), em 1835, de uma família de camponeses e, depois de estudar no Seminário de Pádua, foi ordenado sacerdote aos 23 anos. No começo, foi vice-pároco em Tombolo, depois pároco em Salzano, posteriormente cônego da catedral de Treviso, com o cargo de chanceler episcopal e diretor espiritual do Seminário diocesano. Naqueles anos de rica e generosa experiência pastoral, o futuro Pontífice mostrou aquele amor a Cristo e à Igreja, aquela humildade e simplicidade e aquela grande caridade para com os mais necessitados, que foram características de toda a sua vida. Em 1884, foi nomeado bispo de Mântua e, em 1893, Patriarca de Veneza. Em 04 de agosto de 1903 foi eleito Papa, ministério que aceitou com hesitação, porque não se considerava digno de um dever tão alto.

O pontificado de S. Pio X deixou uma marca indelével na história da Igreja e foi caracterizado por um notável esforço de reforma, resumido no lema Instaurare omnia in Christo, “renovar todas as coisas em Cristo”.

Suas intervenções, de fato, envolviam os diversos âmbitos eclesiais. Desde o início, dedicou-se à reorganização da Cúria Romana; em seguida, deu início aos trabalhos de redação do Código de Direito Canônico, promulgado pelo seu sucessor, Bento XV. Promoveu, posteriormente, a revisão dos estudos e do “processo” de formação dos futuros sacerdotes, fundando também vários seminários regionais, equipados com boas bibliotecas e professores preparados.

Outra área importante foi a de formação doutrinal do Povo de Deus. Ainda nos anos em que era pároco tinha redigido um catecismo e durante o episcopado em Mântua trabalhou a fim de que se alcançasse um catecismo único, se não universal, ao menos italiano.

Como autêntico pastor, havia compreendido que a situação da época, até pelo fenômeno da emigração, tornava necessária um catecismo ao qual todos os fiéis pudessem se referir, independentemente do local e das circunstâncias de vida. Como Pontífice, preparou um texto da doutrina cristã para a diocese de Roma que se difundiu por toda a Itália e mundo. Este Catecismo chamado “de Pio X” foi, para muitos, um guia seguro no aprendizado das verdades da fé em linguagem simples, clara e precisa, e pela eficácia expositiva.

Dedicou considerável atenção à reforma da liturgia, especialmente da música sacra, para conduzir os fiéis a uma vida de oração mais profunda e a participação mais plena nos sacramentos.

No Motu Proprio Tra le sollecitudini (1903, primeiro ano de seu pontificado), afirma que o verdadeiro espírito cristão tem a sua primeira e indispensável fonte na participação ativa nos santos mistérios e na oração pública e solene da Igreja (cf. ASS 36 [ 1903], 531). Por isso, recomendou a aproximação freqüentemente dos sacramentos, favorecendo a freqüência diária, bem preparada, à Sagrada Comunhão e antecipando oportunamente a primeira Comunhão das crianças em torno dos sete anos de idade, “quando a criança começa a raciocinar” (cfr. S. Congr. de Sacramentis, Decretum Quam singulari : AAS 2[1910], 582).

Fiel à missão de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, diante de algumas tendências que se manifestaram no âmbito teológico no final do século XIX e início do século XX, intervém decisivamente condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis de concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja. Em 07 de maio de 1909, com a Carta Apostólica Vinea electa, fundou o Pontifício Instituto Bíblico. Os últimos meses de sua vida foram marcados pelo fulgor da guerra. O apelo aos católicos do mundo, lançado em 02 de agosto de 1914 para expressar “a amarga dor” da hora presente, era o grito de sofrimento do pai que vê os filhos se enfileirarem uns contra os outros. Morreu pouco tempo depois, em 20 de agosto, e sua fama de santidade começou a se espalhar rapidamente entre o povo cristão.

Queridos irmãos e irmãs, São Pio X nos ensina a todos que na base da nossa atividade apostólica, nos vários campos em que atuamos, deve sempre haver uma íntima união pessoal com Cristo, a cultivar e crescer dia após dia. Este é o núcleo de todo o seu ensinamento, todo o seu empenho pastoral. Somente se estivermos apaixonados pelo Senhor seremos capazes de levar os homens a Deus e abrir a eles o Seu amor misericordioso, e, assim, abrir o mundo à misericórdia de Deus.

Saudação em língua portuguesa:

A minha saudação a todos os peregrínos víndos do Brasil, de Portugal e demais países lusófonos, com uma bênção particular pára os alúnos do Seminário do Verbo Divino, de Tortoséndo: na vossa formação, empenhái-vos em seguír o exemplo dos grándes pastores como São Pio X, sendo sempre humildes e fiéis servidores da Verdade. Que Deus vos abençóe!

Fonte: Il Magistero di Benedetto XVI

Visto em: Fratres in Unum

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cegueira plúmbea

O fascismo chauvinista alemão se estabeleceu, entrando pela porta da frente. Hitler manipulou a alma alemã, com recursos de encantamento irresistível. Seu nome estourou nas urnas. Estava tão certo da vitória que não ocultou nenhum de seus tenebrosos pensamentos. Todos conheciam suas pregações imperialistas, seu gosto pelo uso da força, sua arrogância diante dos judeus, sua presunção de superioridade da raça ariana. Um observador, colocado a certa distância, poderia prever a colisão inexorável que aconteceria entre o bem do povo alemão, e o programa foguetório do regime político, que deveria arrostar todas as conquistas civilizatórias. É a história do passarinho encantado, que fica à disposição da cobra que o engole sem escrúpulos.

Não sou daqueles que consideram a Revolução de 31 de março, como um mal absoluto. As intenções foram boas, tendo recebido o firme apoio da opinião pública. Os nobres ideais foram obumbrados, progressivamente, pelo uso abusivo do cerceamento das liberdades. Com o correr do tempo, as lideranças socialistas, em vez de se converterem, entraram na clandestinidade. Mas posteriormente retornaram, entre aplausos, e ocuparam tranquilamente quase todos os escalões da República cripto-socialista. Certíssimos do sucesso, já se tem como garantida a execução de alguns programas antiqüíssimos: a interrupção violenta da gravidez; o enfraquecimento da vida familiar, pelo apoio a outros tipos de “família”; a redução à obediência de veículos de comunicação através de prêmios e castigos; a insegurança dos direitos constitucionais; a subserviência do poder judiciário; a impossibilidade de manifestação religiosa em público; a descaracterização do país de qualquer sinal cristão, depois de termos passado ao povo, durante séculos, os ensinamentos de Cristo...Será que se avizinha o tempo em que precisamos ocultar que somos católicos? A vitória desse programa “moderno” parece ser tão evidente como o pôr do sol antes da noite escura. O nosso veículo tem freio e tem direção. Enxergamos o perigo que se avizinha? “Eis agora o dia da salvação” (2 Cor 6, 2 ). Ainda podemos evitar o grande mal.

Dom Aloísio Roque Oppermann


Fonte: CNBB

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pe. Amoth sobre o Novo Ritual de Exorcismo: "Foi desvirtuado até quase eliminar o exorcismo contra Satanás"



“O próprio Jesus tinha-nos ensinado uma oração de libertação no pai-nosso: "Livrai-nos do Maligno. Livrai-nos da pessoa de Satanás". Em vernáculo foi traduzida de forma errônea, e agora se reza dizendo: "Livrai-nos do mal". Fala-se dum mal genérico, do qual no fundo não se sabe a origem. Ao contrário, o mal contra o qual Nosso Senhor Jesus Cristo tinha-nos ensinado a combater é uma pessoa concreta: é Satanás.


“Também o Ritual do Batismo das crianças foi piorado. Foi desvirtuado até quase eliminar o exorcismo contra Satanás, que sempre teve enorme importância para a Igreja, tanto que era chamado "exorcismo menor".

Nos conta nesta impressionante entrevista, o Padre Exorcista do Vaticano, Gabriele Amorth.

Convivi por muitos anos com um padre exorcista, um falecido monsenhor que me ensinou o latim. Ele sempre deixou claro que os exorcistas deveriam ser a casta mais vigilante da Igreja, porque a todo tempo Satanás se lança contra o rebanho. Abaixo as impressionantes palavras de Pe. Gabriele Amorth, exorcista da Santa Sé Apostólica, sobre o novo ritual do exorcismo.

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Padre Amorth, está pronta finalmente a tradução italiana do novo Ritual para os exorcistas...

GABRIELE AMORTH: Sim, está pronta. No ano passado a Conferência Episcopal não quis aprová-la porque havia erros de tradução do latim. E nós, os exorcistas, que deveríamos utilizá-la, aproveitamos para indicar uma vez mais que discordávamos sobre muitos pontos do novo Ritual. O texto base em latim continua sem mudanças nesta tradução. E um Ritual tão esperado no fim transformou-se numa burla. Um incrível empecilho que ameaça impedir agirmos contra o demônio.


Uma acusação pesada. O Sr. se refere a quê?

AMORTH: Faço-lhe dois exemplos somente. Clamorosos. No ponto 15 fala-se dos malefícios e de como comportar-se nesse caso. O malefício é um mal causado a uma pessoa recorrendo ao diabo. Pode ser feito em diversas formas, como feitiços, maldições, maus-olhados, vodu, macumba. O Ritual Romano explicava como enfrentá-lo. O novo Ritual, ao contrário, afirma categoricamente que há uma proibição absoluta de fazer exorcismos nesses casos. Absurdo. Os malefícios são de longe a causa mais freqüente de possessões e males causados pelo demônio: não menos de 90 por cento. É como dizer aos exorcistas que não ajam mais. O ponto 16 então afirma que não se devem fazer exorcismos se não existe a certeza da presença diabólica. Esta é uma obra-prima de incompetência, pois se tem a certeza da presença do demônio numa pessoa só fazendo o exorcismo. Ademais, os responsáveis não perceberam que contradiziam nos dois pontos o Catecismo da Igreja Católica, que indica o exorcismo seja no caso de possessões diabólicas seja no caso de males causados pelo demônio. E diz também para ser feito tanto com pessoas quanto com coisas. E nas coisas não existe nunca a presença do demônio, existe só a sua influência. As afirmações contidas no novo Ritual são gravíssimas e muito danosas, fruto de ignorância e inexperiência.

Mas não foi elaborado por especialistas?

AMORTH: De forma alguma. Nestes dez anos trabalharam com o Ritual duas comissões: uma composta por cardeais, que cuidou dos "prenotanda", ou seja, das disposições iniciais; e outra, que cuidou das orações. Posso afirmar com certeza que nenhum dos membros das duas comissões fez exorcismos nem assistiu a exorcismos nem teve a menor idéia do que são os exorcismos. Este é o erro, o pecado original, desse Ritual. Nenhum dos que colaboraram era especialista em exorcismos.


Como é possível?

AMORTH: Não me pergunte. Durante o Concílio Vaticano II cada comissão era coadjuvada por um grupo de especialistas que apoiava os bispos. E o costume manteve-se também depois do Concílio, cada vez que se refizeram partes do Ritual Romano. Mas não neste caso. E se havia um tema no qual eram necessários especialistas, era este.

E em vez disso?

AMORTH: Em vez disso, nós, os exorcistas, nunca fomos consultados. Além do mais, as sugestões que demos foram recebidas com mal-estar pelas comissões. A história é paradoxal. Quer que eu lhe conte?


Claro.

AMORTH: À medida que, como tinha pedido o Concílio Vaticano II, as várias partes do Ritual Romano eram revisadas, os exorcistas aguardavam que viesse tratado também o título XII, isto é, o Ritual dos Exorcismos. Mas evidentemente não era considerado um tema relevante, dado que passavam-se os anos e não acontecia nada. Depois, de repente, dia 4 de junho de 1990, saiu o Ritual "ad interim", experimental. Foi uma verdadeira surpresa para nós, que nunca tínhamos sido consultados. Todavia, já fazia tempo que tínhamos preparado alguns pedidos com relação a uma revisão do Ritual; pedíamos, entre outras coisas, o retoque das orações, colocando invocações a Nossa Senhora que faltavam completamente, e o aumento de orações específicas, mas fomos completamente afastados da possibilidade de dar qualquer contribuição. Mas não desanimamos porque o texto tinha sido feito para o nosso uso. Dado que na carta de apresentação o então prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Eduardo Martínez Somalo, pedia às conferências episcopais que enviassem num prazo de dois anos "conselhos e sugestões dadas pelos sacerdotes que o terão usado", pusemo-nos a trabalhar. Reuni 18 exorcistas, escolhidos entre os mais experientes do planeta. Examinamos com grande atenção o texto. Nós o usamos. Elogiamos logo a primeira parte, na qual eram resumidos os fundamentos evangélicos do exorcismo, o aspecto bíblico-teológico, no qual naturalmente não faltava competência, uma parte nova com relação ao Ritual de 1614, composto por Paulo V. Ademais, naquela época não havia necessidade de lembrar esses princípios, por todos reconhecidos e aceitos. Hoje, porém, é indispensável. Mas quando passamos a examinar a parte prática, que requer um conhecimento específico do tema, manifestou-se a total inexperiência dos redatores. As nossas observações foram copiosas, artigo por artigo, e fizemo-las chegar a todas as partes interessadas: Congregação para o Culto Divino, Congregação para a Doutrina da Fé, conferências episcopais. Uma cópia foi entregue diretamente ao Papa em mãos.


Como foram acolhidas as suas observações?

AMORTH: Acolhida péssima, eficácia nula. Tínhamo-nos inspirado na "Lumen gentium", na qual a Igreja é descrita como "Povo de Deus". No número 28 fala-se da colaboração dos sacerdotes com os bispos, no número 37 diz-se com clareza, inclusive com relação aos leigos, que "segundo a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm a faculdade, aliás às vezes também o dever, de manifestar o seu parecer sobre coisas que concernem ao bem da Igreja". Era exatamente o nosso caso. Mas nós imaginávamos, ingenuamente, que as disposições do Vaticano II tivessem chegado às congregações romanas. Ao contrário, encontramos de frente um muro de rechaço e desprezo. O secretário da Congregação para o Culto Divino fez um relatório à comissão cardinalícia na qual dizia que os seus únicos interlocutores eram os bispos, e não os sacerdotes ou os exorcistas. E acrescentava textualmente, a propósito da nossa humilde tentativa de ajuda como peritos que exprimem o seu parecer: "Vemos o fenômeno dum grupo de exorcistas e supostos demonólogos, esses que logo se constituíram numa Associação Internacional, que orquestrava uma campanha contra o rito". Uma acusação indecente: nós jamais orquestramos campanha alguma! O Ritual era dirigido a nós, e nas comissões não tinham convocado nenhuma pessoa competente, era mais do que lógico que tentássemos dar a nossa contribuição.

Mas então quer dizer que o novo Ritual é para os senhores imprestável na luta contra o demônio?

AMORTH: Sim. Queriam entregar-nos uma arma com defeito. Foram canceladas as orações eficazes, orações que tinham doze séculos de história, e foram criadas outras, ineficazes. Mas felizmente no último momento tivemos um salva-vidas.

Qual?

AMORTH: O novo prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal Jorge Medina, anexou ao Ritual uma notificação, na qual afirma que os exorcistas não estão obrigados a usar este Ritual, mas se querem podem usar o antigo com permissão do bispo. Os bispos devem pedir autorização à Congregação, que no entanto, como escreve o cardeal, "a concede de boa vontade".


"Concede-a de boa vontade"? É uma concessão bem estranha...

AMORTH: Quer saber de onde vem? Duma tentativa feita pelo cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a doutrina da Fé, e pelo próprio cardeal Medina para introduzir no Ritual um artigo - então era o artigo 38 no qual se autorizavam os exorcistas a usar o Ritual precedente. Sem dúvida tratava-se duma manobra extrema para evitarmos os grandes erros que há nesse Ritual definitivo. Mas a tentativa dos dois cardeais foi reprovada.

Então o cardeal Medina, que tinha compreendido o que estava em jogo, decidiu dar-nos de qualquer forma este salva-vidas, acrescentando uma notificação em separado.


Como são considerados os exorcistas dentro da Igreja?

AMORTH: Somos muito mal tratados. Os irmãos sacerdotes que são encarregados dessa delicadíssima tarefa são vistos como doidos, fanáticos. Em geral quase não são tolerados nem pelos bispos que os nomeiam.

Qual o fato mais clamoroso dessa hostilidade?

AMORTH: Tivemos um convênio internacional de exorcistas perto de Roma. Pedimos para ser recebidos pelo Papa. Para não dar a ele o peso de somar outra audiência às tantas que já dá, pedimos simplesmente para ser recebidos na audiência pública das quartas-feiras na Praça de São Pedro.

Inclusive sem que fosse preciso mencionar-nos nas saudações. Fizemos o devido pedido, como lembrará perfeitamente Mons. Paolo De Nicolò, da Prefeitura da Casa Pontifícia, que acolheu de braços abertos o nosso pedido. Um dia antes da audiência porém o próprio Mons. De Nicolò disse-nos - na verdade com grande constrangimento, pelo que se viu muito bem que a decisão não dependia dele - que não viéssemos, não éramos admitidos. Incrível: 150 exorcistas provenientes dos cinco continentes, sacerdotes nomeados pelos seus bispos segundo as normas do direito canônico, que requerem padres de oração, ciência e boa fama - portanto mais ou menos a fina-flor do clero -, pedem para participar duma audiência pública do Papa e são enxotados. Mons.

De Nicolò disse-me: "Naturalmente prometo que lhe enviarei logo uma carta com os motivos". Passaram-se cinco anos, e ainda estou a esperar essa carta. Certamente não foi João Paulo II a excluir-nos. Mas que seja proibido a 150 sacerdotes participar duma audiência pública do Papa na Praça de São Pedro explica o quanto são dificultados os exorcistas pela sua Igreja, quanto são mal vistos por tantas autoridades eclesiásticas.


O Sr. combate o demônio quotidianamente. Qual é o maior sucesso de Satanás?

AMORTH: Conseguir que não creiam na sua existência. Quase conseguiu. Também dentro da Igreja. Temos um clero e um episcopado que já não crêem no demônio, nos exorcismos, nos males extraordinários que o diabo pode fazer, e tampouco no poder que Jesus concedeu de expulsar os demônios. Há três séculos que a Igreja latina - ao contrario dos orientais e de várias confissões protestantes - abandonou quase completamente o ministério dos exorcismos. Sem praticá-los, estudá-los nem vê-los, o clero já não crê. Já não crê tampouco no diabo. Temos inteiros episcopados contrários aos exorcismos. Há nações completamente carentes de exorcistas, como a Alemanha, a Áustria, a Suíça, a Espanha e Portugal. Uma carência assustadora.

Não citou a França. Lá a situação é diferente?

AMORTH: Há um livro escrito pelo mais conhecido exorcista francês, Isidoro Froc, intitulado: "Os exorcistas, quem são e que fazem". O volume, traduzido em italiano pela editora Piemme, foi escrito por encargo da Conferência Episcopal Francesa. Em todo o livro jamais se diz que os exorcistas, em certos casos, fazem exorcismos. E o autor declarou várias vezes à televisão francesa que nunca fez exorcismos e que nunca os fará.

Entre cem exorcistas franceses só cinco crê no demônio e fazem exorcismos. Todos os outros mandam quem se dirige a eles ao psiquiatra.

Os bispos são as primeiras vítimas dessa situação da Igreja Católica, da qual está desaparecendo a crença na existência do demônio. Antes de sair esse novo Ritual, o episcopado alemão escreveu uma carta ao cardeal Ratzinger em que afirmava que não era necessário um novo Ritual, porque já não se devem fazer exorcismos.


É dever dos bispos nomear exorcistas?

AMORTH: Sim. Quando um sacerdote é eleito bispo, encontra-se ante um artigo do Código de Direito Canônico que lhe dá autoridade absoluta para nomear exorcistas. A um bispo o mínimo que se pode pedir é que tenha assistido pelo menos a um exorcismo, dado que deve tomar uma decisão tão importante.

Infelizmente, não acontece quase nunca. Mas se um bispo se encontra ante uma solicitação séria de exorcismo - ou seja, feita não por um maluco - e não toma providências, comete pecado mortal. E é responsável por todos os terríveis sofrimentos daquela pessoa, que às vezes duram anos ou uma vida, e que teria podido impedir.


Está dizendo que a maior parte dos bispos da Igreja católica está em pecado mortal?

AMORTH: Quando eu era pequeno o meu velho pároco ensinava-me que os sacramentos são oito: o oitavo é a ignorância. E o oitavo sacramento salva mais que os outros sete juntos. Para cometer pecado mortal é preciso uma matéria grave mas também o pleno conhecimento e o deliberado consentimento. Essa omissão de ajuda por parte de muitos bispos é matéria grave. Mas esses bispos são ignorantes: não há portanto deliberado consentimento e pleno conhecimento.

Mas a fé permanece intacta, isto é, permanece uma fé católica, se alguém não crê na existência de Satanás?

AMORTH: Não. Conto-lhe um episódio. Quando encontrei pela primeira vez o Pe. Pellegrino Ernetti, um célebre exorcista que exerceu o ministério por quarenta anos em Veneza, disse-lhe: "Se eu pudesse falar com o Papa eu lhe diria que encontro demasiados bispos que não crêem no demônio". Na tarde seguinte o Pe. Ernetti veio até mim para me dizer que de manhã tinha sido recebido por João Paulo II. "Santidade", dissera-lhe, "há um exorcista cá em Roma, Pe. Amorth, que se o visse lhe diria que conhece demasiados bispos que não crêem no demônio". O Papa respondeu-lhe, taxativo: "Quem não crê no demônio não crê no Evangelho". Eis a resposta que ele deu e que eu repito.


Ou seja: a conseqüência é que muitos bispos e muitos padres não seriam católicos?

AMORTH: Digamos que não crêem numa verdade evangélica. Portanto, sendo o caso, eu os acusaria de propagar uma heresia. Mas fique claro que alguém é formalmente herege se é acusado de alguma coisa e permanece no erro. Hoje ninguém, pela situação que há na Igreja, acusa um bispo por não crer no diabo, nas possessões demoníacas e por não nomear exorcistas porque não crê. Contudo, eu poderia dizer-lhe muitíssimos nomes de bispos e cardeais que logo que foram nomeados para uma diocese tiraram a todos os exorcistas tal faculdade. Ou bispos que sustentam abertamente: "Eu não creio nisso. São coisas do passado". Por quê? Infelizmente porque houve a influência perniciosíssima de certos biblistas, e poderia citar-lhe muitos nomes ilustres. Nós que tocamos todos os dias o mundo sobrenatural sabemos que meteu a colher em tantas reformas litúrgicas.

Por exemplo?

AMORTH: O Concílio Vaticano II tinha comandado a revisão de alguns textos. Desobedecendo a essa ordem, o que se quis foi refazê-los completamente.

Sem pensar que se podiam piorar as coisas em vez de melhorá-las. E tantos ritos foram piorados por essa mania de querer jogar fora tudo o que havia no passado e refazer tudo desde o começo, como se a Igreja tivesse até hoje sempre tapeado e enganado, e só agora tivesse chegado o tempo dos grandes gênios, dos superteólogos, dos superbiblistas, dos superliturgistas, que sabem dar à Igreja as coisas certas. Uma mentira. O último Concílio tinha simplesmente pedido a revisão desses textos, não a sua destruição.

O Ritual dos exorcismos, por exemplo: era para ser corrigido, não refeito. Havia orações que têm doze séculos de experiência. Antes de eliminar orações tão antigas e que por séculos demonstraram a sua eficácia, seria preciso pensar longamente. Mas não. Nós, os exorcistas, experimentando o Ritual "ad interim", vimos que são absolutamente ineficazes. Também o Ritual do Batismo das crianças foi piorado. Foi desvirtuado até quase eliminar o exorcismo contra Satanás, que sempre teve enorme importância para a Igreja, tanto que era chamado "exorcismo menor". Contra esse novo rito protestou publicamente também Paulo VI. Foi piorado o novo Ritual de Bênçãos. Li minuciosamente todas as suas 1200 páginas. Pois bem, foi cuidadosamente tirada toda referência ao fato de que o Senhor nos protege de Satanás, que os anjos nos protegem do assalto do demônio.

Tiraram todas as orações que havia na bênção das casas e das escolas. Tudo tinha de ser benzido e protegido, mas hoje a proteção contra o demônio já não existe, já não existem defesas e tampouco orações contra ele. O próprio Jesus tinha-nos ensinado uma oração de libertação no pai-nosso: "Livrai-nos do Maligno. Livrai-nos da pessoa de Satanás". Em vernáculo foi traduzida de forma errônea, e agora se reza dizendo: "Livrai-nos do mal". Fala-se dum mal genérico, do qual no fundo não se sabe a origem. Ao contrário, o mal contra o qual Nosso Senhor Jesus Cristo tinha-nos ensinado a combater é uma pessoa concreta: é Satanás.


O Sr. tem um observatório privilegiado: tem a sensação de que o satanismo esteja difundindo-se?

AMORTH: Sim. Muitíssimo. Quando diminui a fé aumenta a superstição. Se uso a linguagem bíblica, digo que se abandona a Deus e se abraça a idolatria; se uso uma linguagem moderna, digo que se abandona a Deus para abraçar o ocultismo. A diminuição assustadora da fé em toda a Europa católica faz com que o povo se entregue às mãos de magos e cartomantes, enquanto as seitas satânicas prosperam. O culto do demônio é anunciado a massas inteiras através do rock satânico de personagens como Marilyn Manson, e atacam-se também as crianças quando jornais e quadrinhos ensinam a magia e o satanismo. São muito difundidas as sessões espíritas, nas quais se evocam os mortos para ter respostas. Agora aprende-se a fazer sessões espíritas com o computador, com o telefone, com a televisão, com o gravador, mas sobretudo com a escritura automática. Já não há necessidade do medium: é um espiritismo "self service". Segundo as pesquisas, 37 por cento dos estudantes fez pelo menos uma vez o jogo do cartaz ou do copo, que é uma verdadeira sessão espírita. Numa escola em que me convidaram a falar, os jovens disseram que o faziam durante a aula de religião sob olhos complacentes do professor.

E funcionam?

AMORTH: Não existe diferença entre magia branca e magia negra. Quando a magia funciona, é sempre obra do demônio. Todas as formas de ocultismo, como esta grande atração pelas religiões do Oriente, com as suas tendências esotéricas, são portas abertas para o demônio. E o diabo entra. Rápido.

Eu não hesitei a dizer imediatamente, no caso da freira assassinada em Chiavenna e no caso dos dois jovens de Novi Ligure [trata-se de delitos que chocaram a Itália recentemente, n.d.tr.], que houve uma intervenção direta do demônio porque esses jovens se dedicavam ao satanismo. Prosseguindo a investigação a polícia descobriu, em ambos os casos, que esses jovens seguiam Satanás, tinham livros satânicos.


O que aproveita o demônio para seduzir o homem?

AMORTH: Ele tem uma estratégia monótona. Disse isso a ele, e ele o reconhece... Leva a crer que o inferno não existe, que o pecado não existe sendo só uma experiência mais a fazer. Concupiscência, sucesso e poder são as três grandes paixões nas quais Satanás insiste.


Quantos casos de possessão demoníaca encontrou?

AMORTH: Depois dos primeiros cem casos desisti de contar.

Cem? Mas são muitíssimos. O Sr. diz nos seus livros que os casos de possessão são raros.

AMORTH: E de fato são. Muitos exorcistas têm encontrado somente casos de males diabólicos. Mas eu herdei a "clientela" dum exorcista famoso como o Pe. Candido, e portanto os casos que ele não tinha resolvido ainda. Ademais, os outros exorcistas mandam para mim os casos mais resistentes.


Qual o caso mais difícil que encontrou?

AMORTH: Estou tratando dele agora, e já faz dois anos. É a mesma jovem que foi abençoada - não foi um exorcismo propriamente - pelo Papa em outubro no Vaticano e que causou sensação nos jornais. É atingida 24 horas por dia, com tormentos indescritíveis. Os médicos e os psiquiatras não conseguiam entender nada. É plenamente lúcida e inteligentíssima. Um caso realmente doloroso.

Como a pessoa se torna vítima do demônio?

AMORTH: Pode-se cair nos males extraordinários enviados pelo demônio por quatro motivos. Ou porque isso consiste num bem para a pessoa (é o caso de muitos santos), ou pela persistência no pecado de modo irreversível, ou por um malefício que alguém faz por meio do demônio, ou por práticas de ocultismo.


Durante o exorcismo de possessos, que tipo de fenômenos se manifestam?
AMORTH: Lembro-me dum camponês analfabeto que durante o exorcismo me falava só em inglês, e eu precisava dum intérprete. Há quem mostra uma força sobre-humana, quem se eleva completamente da terra e várias pessoas não conseguem mantê-lo sentado. Ma é só pelo contexto em que se desenvolvem que falamos de presença demoníaca.

Ao Sr. o demônio nunca fez nada de mal?

AMORTH: Quando o cardeal Poletti me pediu para ser exorcista encomendei-me a Nossa Senhora. "Envolvei-me no vosso manto e estarei seguríssimo". O demônio fez-me tantas ameaças, mas nunca me causou dano algum.


O Sr. não tem medo do demônio?

AMORTH -. Eu, medo daquele estúpido? É ele que deve ter medo de mim: eu ajo em nome do Senhor do mundo. E ele é só o macaco de Deus.

Padre Amorth, o satanismo difunde-se cada vez mais. O novo Ritual torna difícil fazer exorcismos. Impede-se aos exorcistas a participação numa audiência papal na Praça de S. Pedro. Diga-me sinceramente: o que está acontecendo?

AMORTH: A fumaça de Satanás entra em todas as partes.


Em todas as partes!

Talvez tenhamos sido excluídos da audiência do Papa porque tinham medo de que tantos exorcistas conseguissem expulsar as legiões de demônios que se estabeleceram no Vaticano.

Está brincando, não?

AMORTH: Pode parecer um modo de dizer, mas creio que não seja. Não tenho dúvida alguma de que o demônio tenta sobretudo os postos altos da Igreja, como tenta os postos altos da política e da indústria.

Está dizendo que também aqui, como todas as guerras, Satanás quer conquistar os generais adversários?

AMORTH: É uma estratégia vencedora. Sempre se tenta efetuá-la. Sobretudo quando as defesas do adversário são fracas. E também Satanás tenta. Mas ainda bem que existe o Espírito Santo que sustém a Igreja: "As portas do inferno não prevalecerão". Apesar dos abandonos. Apesar das traições, que não devem surpreender. O primeiro traidor foi um dos apóstolos mais próximos a Jesus, Judas Iscariotes. Mas apesar disso a Igreja continua no seu caminho. Mantém-se em pé pelo Espírito Santo, portanto toda a luta de Satanás pode ter somente sucesso parcial. Claro, o demônio pode vencer algumas batalhas. Inclusive importantes. Mas jamais a guerra.

Fonte:
Tradição em Foco
Visto em: O Ultrapapista Atanasiano
Esta entevista parece datar de 2001, ela já se encontrava nos arquivo da Montfort.

Summorum Pontificum no Brasil: Seminário em Belém com Missa Pontifical de Dom Alberto Taveira.

O que pensar disso? O blog Sal e Luz divulgou o encontro de estudos sobre o Summorum Pontificum com celebração de uma Missa Solene com Dom Alberto Taveira. Ficamos felizes pela Santa Missa, mas Dom Alberto Taveira celebrando na forma extraordinária? Isso é no mínimo estranho (Deus me perdoe por meus pensamentos que me guiam por conjunturas da política presente na Igreja, estaríamos querendo ficar bem aos olhos de Sua Santidade e seus auxiliares? desejando um barrete vermelho? Esperamos que não. Que seja mesmo o início de uma nova postura). Acostumado com “enche balaio, enche balaio” da Canção Nova, como Dom Alberto se sairá com o bom e velho latim? Que esta seja mais ação do Altíssimo e que a Santa Liturgia seja restaurada em sua plenitude, que os bispos do Brasil sejam, de fato, Católicos, que suas posições sejam claras e que expressem a Verdade.

Que nesta Terra de Santa Cruz o Santo Sacrifício seja oferecido de forma digna e que os clérigos sejam realmente fiéis ao Vigário de Cristo e implementem adequadamente o Summorum Pontificum.

Contexto original_ Sal e Luz:

Estudos sobre Liturgia e a Missa

Nos dias de 18 a 21 de agosto de 2010, nosso grupo de estudo católico estará realizando, aqui em Belém, um encontro com o Padre Almir de Andrade, Seminaristas do IBP que estarão em visita a Belém e professor Alberto Zuchi, cujo o tema será o Motu ProprioSummorum Pontificum” e a Missa Antiga.

Padre Almir é o unico brasileiro membro da comissão Eclesia Dei, e virá trazendo além de seu vasto conhecimento em liturgia, novidades sobre Roma e o Papa. A palestra do Padre Almir será dia 18 de Agosto as 19 horas no Auditório da Cúria Metropolitana de Belém.

No dia 21, sábado, Dom Alberto celebrará Missa Tridentina Pontifical às 09 horas da manhã, na capela do Colégio Gentil Bittencourt.